Amniorrexe Prematura

Atualizado em 08/04/2023 às 10:45

Conceitua-se amniorrexe prematura, quando a rotura da bolsa se dá antes de instalado o trabalho de parto. Constitui causa importante de partos prematuros (cerca de 1/3 dos casos), contribuindo para o aumento da morbidade perinatal. A morbidade materna também é agravada pelos riscos de infecção. O diagnóstico é basicamente clínico. A anamnese informa sobre perda líquida, em quantidade grande (molha roupas), súbita e habitualmente indolor.

O exame físico está nos padrões de normalidade e o exame obstétrico mostra volume uterino adequado para a idade gestacional referida, útero normotônico, partes fetais mais facilmente palpáveis e batimentos cardíacos fetais presentes.

A presença de líquido em fundo de saco vaginal, as paredes vaginais limpas e a visualização de saída de líquido amniótico pelo orifício do colo, espontaneamente ou após esforço materno, indicam a confirmação diagnóstica. Estas informações podem ser facilmente obtidas por meio de exame vaginal com espéculo.

Toque vaginal na amniorrexe prematura

Atenção: Os casos suspeitos ou confirmados de amniorrexe prematura não devem ser submetidos ao exame de toque vaginal, porque isso aumenta o risco de infecções amnióticas, perinatais e puerperais.

Como, entretanto, nem sempre estes dados são obtidos, utilizam-se também outros métodos para diagnóstico, por exemplo:

• Prova de cristalização: consiste em colher material do fundo de saco vaginal e próximo do orifício do colo sobre uma lâmina. Após a secagem do material coletado, a observação ao microscópio permite confirmar a presença de líquido amniótico no conteúdo vaginal se ocorrer cristalização na forma de samambaia.

Entretanto, são comuns os resultados falso negativos, sobretudo quando decorrido maior tempo entre a rotura de membranas e o exame;

• Verificação de pH do conteúdo vaginal: a indicação direta ou indireta de valores mais elevados de pH (> 6) sugere o diagnóstico de amniorrexe, embora várias situações estejam relacionadas com resultados falso-positivos e negativos;

• Exame de ultra-sonografia com a medida do índice de líquido amniótico (ILA): a estimativa de medida de ILA abaixo do limite inferior para a respectiva idade gestacional em uma curva de valores normais é útil na confirmação diagnóstica.

Conduta

O elemento fundamental para a conduta em cada caso diagnosticado, como de amniorrexe prematura, é a idade gestacional.

Nas gestações de termo, o profissional de saúde da unidade básica deverá encaminhar a gestante para o hospital ou maternidade já designados para o atendimento ao parto.

Se houver maior risco de complicações maternas e perinatais, as mulheres de gestação pré-termo, devem ser imediatamente referidas para o hospital incumbido do atendimento às gestações de risco daquela unidade, onde procedimentos propedêuticos e terapêuticos adicionais serão providenciados.

Mulheres portadoras de HIV

Existem evidências de que a prematuridade e o tempo de rotura de membranas estão associados a maior risco de transmissão vertical do HIV.

A taxa de transmissão aumenta progressivamente após quatro horas de bolsa rota durante o trabalho de parto (cerca de 2% a cada hora até 24 horas).

No entanto, não existem dados que possam definir, com segurança, a melhor conduta a ser tomada quando a gestante HIV apresenta rotura de membranas antes da 34ª semana de gestação.

Assim sendo, a conduta deverá ser instituída conforme as rotinas previstas para amniorrexe prematura nas mulheres em geral, buscando promover a maturidade fetal, a redução dos riscos de transmissão perinatal do HIV e da morbimortalidade materna.

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