Cuidado pós-operatório

O paciente psicologicamente bem adaptado, cujos sistemas orgânicos principais funcionam segundo suas necessidades, com nutrição, balanços hidreletrolítico e ácido-básico normais, geralmente tolera uma intervenção cirúrgica.

As ordens médicas no pós-operatório seguem linhas gerais. Verificam-se rotineiramente: o estado de consciência, as condições de hidratação e balanço hídrico, o estado das condições de ventilação e oxigenação, das condições hemodinâmicas, observam-se o estado das cicatrizes cirúrgicas e o funcionamento de drenos, sondas e cateteres. Durante a recuperação anestésica é dedicado cuidado especial ao estado hemodinâmico
e às condições ventilatórias.

O reinício da movimentação deve ser precoce, contudo depende do tipo e da extensão da cirurgia. Recomenda-se a mudança de decúbito várias vezes ao dia no sentido de prevenir o acúmulo de secreções e a atelectasia pulmonar.

Controle da dor pós-operatória

A presença da dor no pós-operatório dificulta a mobilização ativa, restringe o esforço para a tosse produtiva, leva à hipoventilação e compromete o estado geral do paciente operado. Geralmente é mais intensa nas primeiras 24 a 36 horas, sendo que na maioria dos casos já se observa melhora nas primeiras 48 horas. 

Fatores que favorecem a infecção

Nas primeiras 48 horas de pós-operatório podese observar elevação da temperatura até 38ºC conseqüente à elevação do metabolismo e ao trauma cirúrgico. A atelectasia e a pneumonite são as causas mais freqüentes de febre nos três primeiros dias pós-operatórios; crise tireotóxica também pode associar-se precocemente com febre pós-operatória. Do terceiro ao sexto da cirurgia deve-se pensar em infecção de cateteres
vasculares, infecção urinária ou incisional, peritonite localizada ou generalizada, além de tromboflebite de membros inferiores.

Do sexto ao décimo dia surgem como complicações sépticas, causadoras de febre,
os abscessos incisionais e as coleções purulentas. Os fatores sistêmicos que favorecem o surgimento de infecção cirúrgica são: desnutrição, obesidade, presença de infecção concomitante em outro local do corpo, depressão da imunidade, uso de corticoesteróides
e citotóxicos, diabete melito, hospitalização prolongada, doenças debilitantes e consumptivas como neoplasias.

Aparelho respiratório

As complicações pulmonares são as mais comumente observadas no período pós-operatório. Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica constituem grupo de especial vulnerabilidade devido ao fato de freqüentemente apresentarem aumento de volume da secreção brônquica, diminuição da atividade ciliar do epitélio e tendência a acúmulo de secreções.

Atelectasia

A atelectasia é a complicação pulmonar mais comum no pós-operatório. Surge habitualmente nas primeiras 48 horas, sua ocorrência deve ser suspeitada pela verificação de febre, taquipnéia e taquicardia neste período.

Pneumonia

A pneumonia é complicação mais freqüente das atelectasias persistentes ou da aspiração de secreções. O diagnóstico clínico de pneumonia é sugerido pelo encontro de calafrios, febre elevada, dor pleurítica e tosse com expectoração. Os dados do exame físico freqüentemente não se correlacionam bem com os achados radiológicos na fase inicial do processo; sendo assim, suspeitando-se da ocorrência da complicação, deve-se submeter o paciente a estudo radiológico do tórax.

Embolia Pulmonar

A embolia pulmonar é complicação mais freqüente no pós-operatório de indivíduos imobilizados por longo período de tempo, nos idosos, nas cirurgias pélvicas e do colo do fêmur, nos cardiopatas, nos obesos, em pacientes com história de acidentes tromboembólicos e naqueles apresentando insuficiência venosa periférica ou em uso de anovulatórios. O principal fator na fisiopatogenia é o estado de hipercoagulabilidade
sangüínea no pós-operatório. Na maioria das vezes a embolia pulmonar ocorre sem prévia manifestação de sinais de trombose venosa. Apenas cerca de 10% dos casos de embolização venosa produzem infarto pulmonar com manifestações clínicas características. 

Aparelho Cardiovascular

A causa mais comum de deterioração cardiocirculatória em pacientes cardiopatas submetidos a um procedimento cirúrgico de vulto é a hipovolemia. Devese avaliar com especial atenção as perdas hidreletrolíticas e sangüíneas ocorridas durante o ato cirúrgico, assim como as necessidades e a qualidade da reposição pós-operatória. Em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte a reincidência de infarto é tanto mais elevada quanto mais recente tenha sido o evento antecedente.

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