A importância do Enfermeiro no Centro de Material e Esterilização (CME)

Atualizado em 22/01/2022 às 05:59

O que é o Centro de Material e Esterilização (CME)?

Centro de Material e Esterilização (CME) destaca-se no contexto da organização de saúde de uma forma bastante peculiar por caracterizar-se como uma unidade de apoio a todos os serviços assistenciais e de diagnóstico que necessitem de artigos odonto-médico-hospitalares para a prestação de assistência aos seus usuários. 

O desenvolvimento do CME está relacionado com a transformação do hospital como local de intervenções no corpo biológico, principalmente as cirurgias, a partir da emergência do capitalismo. E a compreensão do enfermeiro como responsável pelo CME pode ser buscada no papel que a enfermagem representou nesta transformação, dado pela organização do ambiente terapêutico. 

O trabalho do enfermeiro no CME deve ser considerado um cuidado legítimo, por instrumentalizar o cuidado direto, na medida em que ocorre um reconhecimento de que o preparo de materiais é essencial para o cotidiano da prática assistencial da enfermagem. A respeito das funções nesta unidade, do enfermeiro são exigidas competências pertinentes à administração do setor, ao desenvolvimento de atividades técnico-assistenciais e à gestão do capital humano, necessitando de um conjunto de saberes estruturados que possibilite o alcance das finalidades propostas para seu trabalho numa unidade que requer tanta responsabilidade.

Considerando que o enfermeiro, mostra-se o profissional responsável na administração das atividades realizadas no CME e que sua atuação é de grande relevância para que as atividades sejam desenvolvidas de maneira satisfatória, o estudo levantou a seguinte questão norteadora: Qual a relação do papel do enfermeiro que atua no CME para o bom funcionamento das atividades prestadas nesse setor? . 

Objetivos: Identificar a importância do enfermeiro no CME, observando se a sua presença é efetiva nesse setor, suas atribuições e competências nas atividades de rotina realizadas, assim como o perfil dos profissionais que atuam no CME. 

Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo revisão integrativa de literatura. O levantamento bibliográfico ocorreu durante o mês de novembro de 2015, nas bases de dados eletrônicos: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline),Banco de Dados em Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library On Line (SciELO). 

Foram utilizados os descritores: Centro de Material de Esterilização, esterilização,enfermagem. 

Para a elaboração deste estudo foram realizados os seguintes passos: definição do tema de estudo e dos objetivos; levantamento bibliográfico; formação de um banco de dados prévio; estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão: seleção da amostra; definição das informações que seriam analisadas dentro dos artigos e construção análise dos resultados e discussão. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados somente em português, artigo original que retratassem a temática referente à revisão integrativa e artigos publicados e indexados nas referidas bases de dados nos últimos 5 anos. Como critérios de exclusão: publicações repetidas e as que não respondiam à questão de pesquisa. Foram identificados 69 artigos, dos quais selecionou-se 14 e ao final a amostra totalizou 10 artigos. 

Resultados e Discussão: O CME é uma unidade destinada a oferecer apoio técnico, articulando-se com praticamente todos os setores do hospital, cujas funções estão baseadas no recebimento de produtos sujos e contaminados, descontaminação, preparação, esterilização e distribuição dos artigos às chamadas unidades consumidoras, que compreendem não só o centro cirúrgico, mas também as unidades de internação, o ambulatório, a emergência, entre outras. A responsabilidade pela manutenção do CME, validação da mesma e pelo controle de rotina dos métodos esterilizantes deve ser designada a uma pessoa devidamente qualificada. 

Para exercer tão função é indispensável à presença do enfermeiro exclusivo no CME. Como essa unidade é essencialmente composta por trabalhadores de enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem na Resolução nº 424/2012 no seu art. 2º afirma que a supervisão dessa equipe deve ser realizada por um enfermeiro. Traçar o perfil dos profissionais que atuam nesse setor tem sido abordado por vários estudos, pois possibilita identificar que tipo de profissional prevalece no campo, de modo a utilizar as informações obtidas na melhoria da qualidade do serviço, nos artigos selecionados os profissionais em sua maioria eram do sexo feminino, sem uma predominância de faixa etária e que possuíam em média 5 anos de experiência. 

A motivação e o conhecimento da dinâmica do CME são elementos cruciais que facilitam o trabalho harmônico e interligado pelos membros da equipe de enfermagem, principalmente, quando estes têm mais clareza do seu papel e da responsabilidade que envolve suas ações para qualidade do serviço, assim como da importância da sua capacitação profissional para alcance das metas. É fundamental que este setor esteja em funcionamento adequado, com todas as etapas sendo desempenhadas com qualidade e segurança. É importante ressaltar que a prática operacional do enfermeiro está diretamente atrelada ao processo de controle de infecção, uma vez que o uso de produtos para a saúde processados sem o embasamento de conhecimentos científicos, certamente acarretará em prejuízos à saúde do paciente, aumentando o seu tempo de permanência no hospital. 

Outro ponto importante é que o CME é conhecido erroneamente por muitas pessoas como o local onde se “lava roupa e material sujo”, todavia, esta unidade é responsável por operar atividades complexas, exercendo uma função primordial: dar o suporte para o cuidado. Tal cuidado é considerado indireto devido à disponibilização de artigos seguros que auxiliam no cuidado direto prestado pelas unidades consumidoras. No entanto, é possível afirmar que o serviço realizado por esse setor é tão significativo quanto dos outros setores, devendo ser respeitado às particularidades de cada um. 

Conclusão: O desenvolvimento desta pesquisa permitiu identificar a relevância do enfermeiro no CME, mostrando que o mesmo realiza diferentes atividades devendo para isso mostrar competência e conhecimentos no que diz respeito às práticas de modernização do processo produtivo para que haja o bom desenvolvimento das atividades realizadas nesse setor. Este, portanto precisa se atualizar, por meio de uma educação continuada e eficaz, visto a complexidade das ações do CME. A ausência de um enfermeiro exclusivo para CME,citado na maioria dos artigos estudados, compromete a qualidade dos processos realizados, visto que o controle de rotina dos métodos esterilizantes deve ser designado a uma pessoa devidamente qualificada, sendo esse o enfermeiro. 

Além disso, o perfil desses profissionais se mostrou em grande maioria ser do sexo feminino e sendo estas com vasta experiência e tempo de serviço no setor, fato esse que reflete para as futuras gerações de enfermeiros de CME que deverão estar capacitados para realizar suas atividades, assim como saber gerenciar e supervisionar sua equipe para o bom funcionamento do CME. 

Esse estudo possibilitou identificar às necessidades de pesquisa na área de CME, assim como ampliar os conhecimentos na área de gerenciamento de enfermagem haja vista a sua importância para o bom desempenho do setor, portanto sugerindo a continuidade de novas pesquisas que possam expor o quanto é essencial o trabalho do enfermeiro que atua no CME.

Referências:
1. BARTOLOMEI, S.R.T.; LACERDA, R.A. O enfermeiro da Central de Material e Esterilização e a percepção do seu papel social. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS), V. 27, n. 2, p. 258-65, jun. 2006.
2. BOTELHO, L.L.R; CUNHA, C.C.A. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Rev Gestão e sociedade. Belo Horizonte, V.5, n.11, p. 121-136, agosto. 2011.
3. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Normatiza as atribuições dos profissionais de enfermagem em Centro de Material e Esterilização (CME) e em empresas processadoras de produtos para saúde. Resolução nº 424, de 19 de abril de 2012. Lex: COFEN, Brasília, abri./mai., 2012.

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