Processamento de Materiais na Central de Material e Esterilização (CME)

Processamento de Materiais na Central de Material e Esterilização (CME)

A Central de Material e Esterilização (CME) é uma unidade especializada dentro das instituições de saúde responsável pelo processamento de materiais, desempenhando uma função crítica na prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. A importância do papel da CME tem sido cada vez mais reconhecida à medida que a complexidade dos procedimentos médicos e o uso de dispositivos reutilizáveis aumentam.

O processamento de materiais na CME envolve uma série de etapas cuidadosamente controladas, que incluem a limpeza, a desinfecção e a esterilização dos dispositivos médicos reutilizáveis. Cada uma dessas etapas é crucial para garantir a segurança do paciente e a eficácia do tratamento. O objetivo principal é garantir que todos os materiais processados estejam livres de microorganismos capazes de causar infecções, sem comprometer a funcionalidade ou a integridade do material.

Este processo deve ser rigorosamente aderido e constantemente aperfeiçoado, à medida que novos desafios e tecnologias emergem. Assim, torna-se essencial para profissionais de saúde, especialmente enfermeiros e técnicos de enfermagem que frequentemente lidam com o manejo de materiais esterilizados, entenderem profundamente o processamento de materiais na CME. Isso garante a proteção do paciente e a qualidade da assistência em saúde.

Nesse sentido, vamos explorar mais profundamente os detalhes do processamento de materiais na CME, as normas e regulamentos que o orientam, bem como as melhores práticas a serem seguidas para garantir a segurança e a eficácia do tratamento médico.

Diretrizes e regulamentos sobre os artigos médicos

A classificação dos artigos médicos é determinada por várias diretrizes e regulamentos, dependendo da jurisdição. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável pela regulação dessas práticas.

A Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 15, de 15 de março de 2012, por exemplo, dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e é uma das normativas que orientam a classificação de artigos médicos no Brasil. No entanto, essa RDC não detalha explicitamente a classificação dos artigos em críticos, semi-críticos e não-críticos, uma vez que se concentra mais nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização.

A classificação de artigos em críticos, semi-críticos e não-críticos é comumente utilizada e aceita, baseada principalmente em diretrizes internacionais, como as do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos. Essa classificação é utilizada como uma prática padrão em muitas instituições de saúde e é ensinada em programas de formação em saúde.

Entretanto, é importante frisar que cada instituição de saúde deve seguir as regulamentações e diretrizes locais, nacionais e internacionais aplicáveis, e que essas diretrizes podem mudar ao longo do tempo à medida que novas informações e tecnologias se tornam disponíveis.

Classificação de artigos médicos

A classificação de artigos médicos é uma prática importante dentro das instituições de saúde que ajuda a determinar o nível de desinfecção ou esterilização necessária para cada item. Essa classificação é baseada no potencial de risco de infecção envolvido no uso do artigo e está geralmente dividida em três categorias: críticos, semi-críticos e não-críticos.

  1. Artigos Críticos: São aqueles que entram em contato com partes estéreis do corpo humano ou com o sistema vascular. Incluem dispositivos como instrumentos cirúrgicos, cateteres cardíacos e outros dispositivos implantáveis. Esses artigos requerem esterilização, pois qualquer presença de microrganismos pode levar a infecções graves.
  2. Artigos Semi-críticos: Esses itens entram em contato com mucosas ou pele não intacta, mas não penetram tecidos ou o sistema vascular. Exemplos incluem endoscópios flexíveis, laringoscópios e alguns equipamentos de anestesia. A esterilização é preferível para esses itens, mas a desinfecção de alto nível pode ser aceitável se a esterilização não for viável.
  3. Artigos Não-críticos: Esses são itens que entram em contato apenas com a pele intacta ou não entram em contato direto com o paciente. Incluem estetoscópios, camas hospitalares, mesas de exame e outros equipamentos de suporte ao paciente. Esses itens podem ser adequadamente desinfetados com desinfetantes de baixo a intermediário nível, dependendo do risco de contaminação.

Essa classificação ajuda a orientar os profissionais de saúde na escolha do método mais adequado de limpeza, desinfecção ou esterilização, garantindo assim a segurança do paciente. É importante notar que essa classificação pode variar dependendo da política e dos protocolos específicos da instituição de saúde.

Portanto, é crucial que os profissionais de saúde estejam familiarizados com as diretrizes de sua instituição específica.

Artigos Críticos

Artigos críticos são aqueles que têm contato direto com tecidos estéreis do corpo humano ou com o sistema vascular. Esses artigos têm a capacidade de transmitir doenças se estiverem contaminados, devido à possibilidade de levar micro-organismos patogênicos diretamente para locais onde eles podem causar infecções.

Exemplos de artigos críticos incluem instrumentos cirúrgicos, implantes, cateteres, agulhas, pinças, entre outros. Todos os equipamentos que são usados em cirurgias ou em procedimentos invasivos, ou que entram em contato com a corrente sanguínea ou outros tecidos normalmente estéreis, são considerados críticos.

Devido ao alto risco de infecção associado a esses artigos, eles devem ser esterilizados antes de cada uso. A esterilização é o processo de eliminar todos os micro-organismos viáveis, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos. Isso geralmente é alcançado através de métodos que incluem calor (como autoclave), produtos químicos (como óxido de etileno), ou radiação (como raios gama ou feixe de elétrons).

Em muitos casos, os artigos críticos são de uso único, significando que são descartados após um único uso. No entanto, muitos artigos críticos são reutilizáveis e, portanto, devem passar por um processo de limpeza e esterilização entre os usos.

Os processos de limpeza, desinfecção e esterilização desses artigos são rigorosamente regulamentados por agências de saúde, como a ANVISA no Brasil, a fim de garantir a segurança do paciente. A não conformidade com essas regulamentações pode resultar em risco de infecção para o paciente, além de possíveis sanções legais para a instituição de saúde.

Artigos Semi-críticos

Artigos semi-críticos são aqueles que entram em contato com mucosas intactas ou pele não intacta do corpo humano. A mucosa é uma membrana que reveste várias cavidades do corpo e secreta muco, como a boca, o trato respiratório e o trato gastrointestinal. Apesar de serem menos suscetíveis à infecção do que tecidos estéreis, essas áreas ainda são vulneráveis à transmissão de doenças.

Exemplos comuns de artigos semi-críticos incluem equipamentos de endoscopia, termômetros orais e retais, espéculos, laringoscópios, aparelhos de anestesia e outros instrumentos que entram em contato com a mucosa ou pele não intacta.

Os artigos semi-críticos requerem um alto nível de desinfecção, o que significa que todos os microrganismos são eliminados, exceto esporos bacterianos de alta resistência. Isso é geralmente alcançado através de processos químicos, como o uso de glutaraldeido, peróxido de hidrogênio ou ácido peracético, ou processos físicos, como o calor.

Algumas vezes, dependendo do tipo de artigo semi-crítico e de sua utilização, pode ser indicado o processo de esterilização, que elimina todos os micro-organismos, incluindo esporos.

Os artigos semi-críticos também podem ser de uso único ou reutilizáveis. Se forem reutilizáveis, eles devem passar por um processo rigoroso de limpeza e desinfecção ou esterilização entre usos para evitar a transmissão de infecções.

Assim como os artigos críticos, a manipulação e processamento de artigos semi-críticos são regulamentados por agências de saúde, como a ANVISA no Brasil, a fim de garantir a segurança do paciente. As instituições de saúde são responsáveis por garantir que esses padrões sejam atendidos e podem ser responsabilizadas se não cumprir essas normas.

Artigos Não-críticos

Os artigos não-críticos são aqueles que entram em contato apenas com a pele intacta do paciente, sem penetrar em tecidos estéreis do corpo ou entrar em contato com a corrente sanguínea. A pele intacta é uma barreira eficaz contra a maioria dos microrganismos, o que significa que o risco de infecção a partir de artigos não-críticos é baixo.

Exemplos comuns de artigos não-críticos incluem estetoscópios, termômetros de axila ou de têmpora, monitores de pressão arterial, camas de hospital, mesas de exame e outros móveis ou equipamentos que o paciente pode tocar.

Os artigos não-críticos requerem apenas um nível de limpeza ou desinfecção de baixo a intermediário. A limpeza geralmente envolve a remoção de sujeira visível e a redução da quantidade de microrganismos presentes por meio de lavagem com água e detergente. A desinfecção pode envolver o uso de produtos químicos ou toalhetes desinfetantes para matar mais microrganismos. No entanto, os artigos não-críticos não precisam ser esterilizados.

Alguns artigos não-críticos são de uso único e devem ser descartados após serem usados com um paciente. Outros são reutilizáveis e devem ser limpos e desinfetados entre usos.

Como todos os equipamentos médicos, os artigos não-críticos estão sujeitos a regulamentações de segurança. Embora o risco de infecção a partir desses artigos seja baixo, ainda é importante manter boas práticas de higiene e limpeza para garantir a segurança do paciente. Isso inclui o uso adequado de equipamentos de proteção pessoal, a lavagem correta das mãos e a adesão a protocolos de limpeza e desinfecção.

Etapas do processamento: recepção, limpeza, secagem, inspeção, embalagem, esterilização e armazenamento

O processamento de materiais na Central de Material e Esterilização (CME) é um processo meticuloso e complexo que envolve várias etapas críticas. O objetivo principal é garantir que todos os instrumentos e equipamentos sejam adequadamente limpos, desinfetados ou esterilizados para evitar a propagação de infecções. As etapas principais incluem:

  1. Recepção e Limpeza: Esta é a primeira etapa do processo, onde os materiais usados são recebidos. Eles são primeiramente inspecionados e, em seguida, limpos.
  2. Desinfecção: Esta etapa é necessária para materiais que não podem ser esterilizados devido ao seu material ou design. A desinfecção é realizada usando-se desinfetantes químicos ou físicos (como calor) para matar a maioria dos microrganismos patogênicos.
  3. Preparação e Acondicionamento: Após a limpeza e desinfecção, os materiais são preparados para esterilização. Isso pode envolver a montagem de instrumentos complexos, a embalagem dos materiais em pacotes de esterilização e a verificação de que todos os itens estão prontos para a esterilização.
  4. Esterilização: Esta é a etapa mais crítica do processamento. Os materiais são expostos a agentes esterilizantes (geralmente calor, como o fornecido por autoclaves, ou gases, como o óxido de etileno) que matam todos os microrganismos, incluindo esporos bacterianos.
  5. Armazenamento: Após a esterilização, os materiais são armazenados em uma área limpa e seca, mantendo-se na embalagem de esterilização até o momento do uso para garantir que permaneçam estéreis.
  6. Distribuição: Os materiais esterilizados são então distribuídos para as várias unidades e salas de cirurgia dentro do hospital conforme necessário.
  7. Controle de Qualidade: Durante todo o processo, devem ser realizados controles de qualidade para garantir que todas as etapas sejam executadas corretamente e que os materiais estejam efetivamente estéreis. Isso pode incluir a verificação do funcionamento das máquinas, testes de indicadores biológicos e químicos para confirmar a eficácia da esterilização, e a monitoração das condições de armazenamento.

Cada etapa deste processo é crucial para garantir que os materiais processados na CME estejam livres de microrganismos patogênicos, proporcionando assim um atendimento seguro ao paciente.

Recepção e Limpeza

A recepção e a limpeza são as primeiras etapas cruciais no processamento de materiais na Central de Material e Esterilização (CME). Essas etapas estabelecem a base para a eficácia de todas as outras etapas do processo.

Recepção:

Na recepção, os instrumentos e equipamentos sujos, usados nas diversas unidades do hospital, são recebidos. Os itens são inicialmente inspecionados para determinar o grau e o tipo de contaminação. Durante essa etapa, é importante classificar e separar os instrumentos de acordo com o tipo e o nível de contaminação para evitar a contaminação cruzada.

A recepção deve ser realizada por profissionais devidamente paramentados para evitar a exposição a materiais potencialmente infecciosos. Além disso, é essencial ter um fluxo unidirecional, ou seja, os materiais devem se mover de uma área suja para uma área limpa para evitar a recontaminação de materiais limpos.

Limpeza:

Após a recepção, o próximo passo é a limpeza, que visa remover a sujeira e os detritos biológicos dos materiais. A limpeza pode ser realizada de forma manual ou mecânica.

Na limpeza manual, os instrumentos são imersos em água e detergentes ou enzimas específicas são usados para remover sujeiras. Escovas podem ser usadas para limpar os locais de difícil acesso. É importante frisar que os profissionais devem usar Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado durante todo o processo de limpeza manual para evitar lesões e exposição a patógenos.

A limpeza mecânica geralmente envolve o uso de máquinas como lavadoras ultrassônicas ou termodesinfectoras. A lavadora ultrassônica usa ondas sonoras para criar bolhas microscópicas que agitam a água e o detergente, removendo a sujeira e os detritos. Já as termodesinfectoras lavam, enxaguam, desinfetam com calor e secam os instrumentos.

A limpeza é uma etapa vital porque a presença de matéria orgânica pode interferir com o processo de esterilização. Após a limpeza, os instrumentos devem ser completamente secos para evitar a proliferação de microrganismos e a corrosão do equipamento.

Ao longo de todas essas etapas, é essencial seguir rigorosamente os protocolos estabelecidos para garantir a segurança do paciente e dos profissionais de saúde.

Desinfecção

A desinfecção é uma etapa crucial no processamento de materiais na Central de Material e Esterilização (CME). Ela se destina a reduzir a quantidade de microorganismos presentes nos materiais, mas não necessariamente elimina todas as formas de vida microbiana, como os esporos bacterianos.

Existem três níveis de desinfecção – alta, intermediária e baixa – e a escolha do nível adequado depende da classificação do instrumento (crítico, semicrítico, não crítico) e do seu uso pretendido.

Desinfecção de Alto Nível (DAN): Este é o nível mais alto de desinfecção e pode eliminar todos os microorganismos, exceto grandes quantidades de esporos bacterianos. Geralmente é usado para desinfetar instrumentos semicríticos, ou seja, aqueles que entram em contato com as mucosas ou a pele não intacta. A DAN pode ser realizada usando uma variedade de agentes químicos, como glutaraldeído, ácido peracético, peróxido de hidrogênio, entre outros.

Desinfecção de Nível Intermediário (DNI): Este nível de desinfecção é capaz de matar a maioria dos vírus, fungos, bactérias e alguns esporos. É geralmente usado para instrumentos que entram em contato com a pele, mas não com as mucosas ou a pele não intacta. Compostos como o quaternário de amônio e o hipoclorito de sódio são comumente usados para DNI.

Desinfecção de Baixo Nível (DBN): Este nível de desinfecção pode matar a maioria das bactérias, alguns vírus e fungos, mas não é eficaz contra esporos e alguns vírus. É adequado para a desinfecção de instrumentos que entram em contato apenas com a pele intacta. Alcoóis e compostos de amônio quaternário são usados para DBN.

Importante ressaltar que a desinfecção deve ser seguida por enxágue adequado para remover os resíduos químicos que podem interferir com a etapa de esterilização e podem ser prejudiciais aos pacientes e aos profissionais de saúde.

Também é crucial que as instruções do fabricante sejam seguidas para a preparação e o uso de desinfetantes, pois a eficácia dos desinfetantes pode ser afetada por fatores como concentração, tempo de contato, temperatura e pH.

A desinfecção é uma parte essencial do processamento de materiais, mas não substitui a esterilização. Para os instrumentos classificados como críticos, uma etapa de esterilização é necessária após a desinfecção para garantir a segurança do paciente.

Preparação e Acondicionamento

A etapa de preparação e acondicionamento é fundamental no processo de processamento de materiais na Central de Material e Esterilização (CME). Esta fase engloba uma série de atividades que preparam os itens para o processo de esterilização e para o armazenamento posterior.

  1. Inspeção e Preparação: Após a limpeza e desinfecção, os materiais devem ser cuidadosamente inspecionados para verificar se ainda há sujeira ou detritos presentes. Além disso, os instrumentos devem ser verificados quanto à integridade e funcionalidade. Instrumentos danificados ou quebrados não devem ser processados e devem ser descartados ou enviados para reparo. Os instrumentos devem ser preparados para esterilização de acordo com as instruções do fabricante. Por exemplo, alguns instrumentos devem ser desmontados, enquanto outros devem ser esterilizados em uma posição aberta.
  2. Acondicionamento: O acondicionamento é o processo de embalar os instrumentos em materiais apropriados antes da esterilização. O objetivo do acondicionamento é proteger os itens de contaminação após a esterilização durante o armazenamento e o manuseio. Os materiais de embalagem devem ser resistentes à penetração de microorganismos e permitir a penetração do agente esterilizante. As embalagens comuns incluem papel grau cirúrgico, tecido de algodão, bolsas e envelopes de esterilização, e containers rígidos. Além disso, cada pacote deve conter um indicador químico interno que mostrará se as condições de esterilização foram atingidas no interior do pacote.
  3. Selagem: Após a embalagem, os pacotes devem ser selados para evitar a entrada de microorganismos. A selagem pode ser realizada com fita adesiva para embalagens de papel ou tecido, ou com seladoras de calor para bolsas e envelopes de esterilização.
  4. Rotulagem: Por fim, cada pacote deve ser rotulado com informações como o conteúdo do pacote, a data de esterilização e o operador responsável. Este passo é importante para a rastreabilidade dos pacotes e para garantir que os pacotes sejam usados dentro do prazo de validade da esterilização.

A preparação e acondicionamento adequados dos materiais são cruciais para garantir que a esterilização seja eficaz e que os instrumentos permaneçam esterilizados até o momento do uso.

Esterilização

A esterilização é a etapa final crítica no processamento de materiais na Central de Material e Esterilização (CME). Trata-se de um processo que elimina ou mata todos os tipos de microorganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos bacterianos. A esterilização é essencial para prevenir a transmissão de infecções aos pacientes.

Métodos de esterilização

Existem vários métodos de esterilização utilizados em uma CME, cada um com suas próprias vantagens, desvantagens e requisitos específicos. Os principais tipos de esterilização incluem:

  1. Esterilização a vapor: Este é o método mais comumente utilizado em estabelecimentos de saúde devido à sua eficiência, eficácia e baixo custo. O vapor sob pressão é capaz de penetrar em materiais e matar microorganismos rapidamente. Entretanto, este método não é adequado para materiais sensíveis ao calor e umidade.
  2. Esterilização por gás óxido de etileno (ETO): Este método é geralmente utilizado para materiais sensíveis ao calor e à umidade, como dispositivos eletrônicos e plásticos. O ETO é um gás altamente penetrante que pode matar todos os microorganismos, mas é tóxico para humanos e requer ventilação adequada e um período de aeração após a esterilização.
  3. Esterilização por peróxido de hidrogênio: Esta é uma alternativa aos métodos a vapor e ETO, especialmente para itens sensíveis ao calor. O peróxido de hidrogênio é um agente oxidante forte que pode matar microorganismos, incluindo esporos bacterianos. Os sistemas de esterilização por peróxido de hidrogênio geralmente usam uma combinação de vapor e peróxido de hidrogênio em uma câmara sob vácuo.
  4. Esterilização por formaldeído: O formaldeído é um gás que, quando usado em uma solução aquosa, pode ser usado como esterilizante químico. Este método é comumente usado para esterilizar instrumentos de endoscopia.
  5. Esterilização por radiação: A radiação gama ou a radiação de feixe de elétrons são usadas principalmente para a esterilização de produtos para a saúde de uso único. A radiação pode penetrar nas embalagens e matar microorganismos, mas este método não é comumente usado em hospitais devido ao alto custo e aos requisitos técnicos.

Cada método de esterilização tem suas próprias especificidades e requisitos para monitoramento, controle de qualidade e segurança. Portanto, é crucial seguir as diretrizes e recomendações do fabricante e as normas e regulamentos locais e internacionais para garantir a eficácia da esterilização.

Esterilização a vapor

A esterilização a vapor é o método mais comumente usado em serviços de saúde devido à sua eficácia, eficiência e baixo custo. Esse processo utiliza vapor saturado sob pressão para eliminar todos os microorganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos.

Aqui está uma descrição detalhada do processo de esterilização a vapor:

1. Pré-condicionamento: Também conhecido como fase de aquecimento, este é o estágio inicial do ciclo de esterilização a vapor. Nessa fase, o ar é removido da câmara de esterilização e substituído por vapor. Isso é crucial para garantir que o vapor possa penetrar completamente em todos os materiais a serem esterilizados.

2. Exposição ou saturação: Durante esta fase, o vapor saturado é introduzido na câmara sob uma pressão específica e por um período específico. A temperatura e a pressão devem ser mantidas em níveis que garantam a morte de todos os microorganismos. Normalmente, as temperaturas variam de 121°C a 134°C, com tempos de exposição de 15 a 30 minutos, dependendo da temperatura escolhida e do tipo de material a ser esterilizado.

3. Exaustão ou secagem: Após o período de exposição, o vapor é removido da câmara e os materiais são secos. A secagem adequada é crucial para prevenir a recontaminação dos materiais. A umidade pode servir como meio de transporte para microorganismos, portanto, os materiais devem estar completamente secos antes de serem removidos da câmara de esterilização.

É importante mencionar que não todos os materiais podem ser esterilizados a vapor. Materiais que são sensíveis ao calor ou à umidade, como alguns plásticos e dispositivos eletrônicos, podem ser danificados por esse método de esterilização. Nesses casos, outros métodos de esterilização, como o óxido de etileno ou o peróxido de hidrogênio, podem ser mais adequados.

Além disso, o monitoramento regular e a manutenção adequada da autoclave são essenciais para garantir a eficácia da esterilização a vapor. Isso inclui a realização de testes biológicos e químicos regularmente, bem como a verificação da temperatura, pressão e tempo durante cada ciclo de esterilização.

Esterilização por gás óxido de etileno (ETO)

A esterilização por óxido de etileno (ETO) é um método químico de esterilização usado principalmente para materiais sensíveis ao calor e à umidade, que não podem ser esterilizados com segurança por vapor. O ETO é um gás altamente eficaz que pode penetrar em todos os aspectos do material, tornando-o particularmente útil para dispositivos complexos e intrincados.

Aqui está uma descrição detalhada do processo de esterilização por óxido de etileno:

1. Preparação dos materiais: Os materiais a serem esterilizados devem ser cuidadosamente limpos e secos antes de serem acondicionados para a esterilização por ETO. Isso é importante porque a presença de matéria orgânica pode inibir a ação do óxido de etileno.

2. Acondicionamento: Os materiais são embalados em materiais que permitem a penetração do gás, como papel grau cirúrgico ou envoltórios de tecido. Depois, são colocados em uma câmara de esterilização.

3. Ciclo de esterilização: O ciclo de esterilização por ETO envolve várias fases. Primeiro, a câmara é evacuada para remover o ar. Em seguida, é preenchida com uma mistura de óxido de etileno e outros gases, como dióxido de carbono ou vapor de água, para ajudar a reduzir a inflamabilidade do óxido de etileno. A câmara é então mantida a uma temperatura específica (geralmente entre 37-63°C) e pressão por um período de tempo para permitir que o gás penetre nos materiais e mate todos os microorganismos.

4. Desgaseificação: Após a esterilização, os materiais passam por um período de desgaseificação para permitir que qualquer resíduo de óxido de etileno se disperse. Isso é importante porque o óxido de etileno é um gás tóxico e potencialmente cancerígeno.

5. Quarentena e verificação de esterilização: Os materiais são então mantidos em quarentena até que testes de esterilidade sejam concluídos para confirmar que o processo foi bem-sucedido.

Embora o ETO seja um método de esterilização altamente eficaz, também tem algumas desvantagens significativas. Além de ser tóxico e potencialmente perigoso para os trabalhadores, o processo de esterilização por ETO é demorado e os materiais precisam ser ventilados por um período prolongado após a esterilização para garantir que todo o gás seja removido. Além disso, a esterilização por ETO exige equipamentos especializados e treinamento adequado para manusear e descartar o gás de maneira segura e eficaz.

Esterilização por peróxido de hidrogênio

A esterilização por peróxido de hidrogênio é um método de esterilização a baixa temperatura que utiliza vapor de peróxido de hidrogênio para eliminar microorganismos. Este método é frequentemente utilizado para esterilizar itens sensíveis ao calor e à umidade que não podem ser esterilizados com segurança através do método tradicional de esterilização a vapor.

Aqui está uma descrição detalhada do processo de esterilização por peróxido de hidrogênio:

1. Preparação dos materiais: Assim como em outros métodos de esterilização, os materiais devem ser limpos e secos antes da esterilização. A presença de matéria orgânica pode inibir a ação do peróxido de hidrogênio.

2. Acondicionamento: Os materiais são embalados em embalagens compatíveis com o vapor de peróxido de hidrogênio, como papel grau cirúrgico ou plástico. Eles são então carregados em uma câmara de esterilização.

3. Ciclo de esterilização: A câmara de esterilização é evacuada para remover o ar e, em seguida, preenchida com vapor de peróxido de hidrogênio. A câmara é mantida a uma temperatura específica (geralmente entre 20-40°C) por um período de tempo para permitir que o vapor de peróxido de hidrogênio penetre nos materiais e mate todos os microorganismos.

4. Fase de aeração: O vapor de peróxido de hidrogênio é então removido da câmara e os materiais são aerados para eliminar quaisquer resíduos de peróxido de hidrogênio. Como o peróxido de hidrogênio se decompõe em água e oxigênio, não há necessidade de um longo período de desgaseificação como no caso da esterilização por óxido de etileno.

5. Verificação de esterilização: Após a esterilização por peróxido de hidrogênio, os materiais passam por testes de esterilidade para confirmar que o processo foi bem-sucedido.

Os benefícios da esterilização por peróxido de hidrogênio incluem tempos de ciclo mais curtos em comparação com outros métodos de esterilização a baixa temperatura, a ausência de resíduos tóxicos e a capacidade de esterilizar uma ampla gama de materiais. No entanto, é importante notar que não todos os materiais são compatíveis com este método de esterilização e que o equipamento necessário para a esterilização por peróxido de hidrogênio pode ser caro.

Esterilização por formaldeído

A esterilização por formaldeído é um método de esterilização a baixa temperatura que utiliza formaldeído gasoso ou vapor de formaldeído para eliminar microorganismos. Este método é utilizado para esterilizar materiais que são sensíveis ao calor e à umidade e que não podem ser esterilizados com segurança pelo método de esterilização a vapor.

Aqui está uma descrição detalhada do processo de esterilização por formaldeído:

1. Preparação dos materiais: Como em outros métodos de esterilização, os materiais devem ser limpos e secos antes da esterilização. Qualquer matéria orgânica pode inibir a ação do formaldeído.

2. Acondicionamento: Os materiais são acondicionados em embalagens compatíveis com o formaldeído, como papel grau cirúrgico ou plástico. Em seguida, são carregados em uma câmara de esterilização.

3. Ciclo de esterilização: A câmara de esterilização é evacuada para remover o ar e, em seguida, preenchida com formaldeído gasoso ou vapor de formaldeído. A câmara é mantida a uma temperatura específica (geralmente entre 60-80°C) por um período de tempo para permitir que o formaldeído penetre nos materiais e mate todos os microorganismos.

4. Fase de aeração: O formaldeído é então removido da câmara e os materiais são aerados para eliminar quaisquer resíduos de formaldeído. A aeração é especialmente importante porque o formaldeído é tóxico e pode ser irritante para os olhos, nariz e garganta.

5. Verificação de esterilização: Após a esterilização por formaldeído, os materiais passam por testes de esterilidade para confirmar que o processo foi bem-sucedido.

Os benefícios da esterilização por formaldeído incluem a capacidade de esterilizar uma ampla gama de materiais, incluindo aqueles que são sensíveis ao calor e à umidade. No entanto, é importante notar que o formaldeído é um produto químico perigoso que requer manuseio cuidadoso e proteção adequada. Além disso, o equipamento necessário para a esterilização por formaldeído pode ser caro, e o processo de aeração pode ser demorado.

Esterilização por radiação

A esterilização por radiação é um método que utiliza radiação ionizante para destruir microorganismos e alcançar a esterilização. A radiação ionizante inclui raios gama, raios-x e feixes de elétrons. Este método é amplamente utilizado em certos setores da indústria médica para esterilizar dispositivos médicos descartáveis de uso único, como seringas, cateteres e equipamentos cirúrgicos.

Aqui está uma descrição detalhada do processo de esterilização por radiação:

1. Preparação dos materiais: Os materiais devem ser limpos e secos antes da esterilização. Todos os materiais a serem esterilizados são cuidadosamente embalados em embalagens que permitem a penetração da radiação.

2. Processo de irradiação: Os materiais embalados são então expostos à radiação ionizante em uma câmara de irradiação. A radiação causa a ionização da água dentro dos microorganismos, levando à formação de radicais livres que causam danos ao DNA dos microorganismos, impedindo sua reprodução e sobrevivência.

3. Pós-processamento: Após a irradiação, não é necessário nenhum processo de ventilação ou desgaseificação, pois a radiação não deixa resíduos tóxicos. Os materiais esterilizados podem ser usados imediatamente após a esterilização, a menos que a embalagem seja violada.

4. Verificação da esterilização: São realizados testes de esterilidade para confirmar a eficácia do processo de esterilização por radiação.

A esterilização por radiação tem várias vantagens. É um processo rápido, pode ser usado para esterilizar um grande volume de materiais de uma só vez, e é eficaz contra todos os tipos de microorganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos. Além disso, a radiação pode penetrar em embalagens e materiais densos, e não deixa resíduos tóxicos.

No entanto, também existem desvantagens. A radiação pode causar mudanças nas propriedades físicas e químicas de alguns materiais, como descoloração ou enfraquecimento. Além disso, o equipamento para esterilização por radiação é caro e requer instalações especiais e pessoal treinado para operá-lo. Além disso, a exposição à radiação é perigosa para os seres humanos, portanto, medidas rigorosas de segurança devem ser seguidas.

Armazenamento

O armazenamento adequado de materiais esterilizados na Central de Material e Esterilização (CME) é uma etapa crucial para garantir a manutenção da esterilidade até o momento do uso. Aqui estão alguns pontos importantes a serem considerados:

1. Condições de Armazenamento: O local de armazenamento deve ser limpo, seco, bem ventilado e protegido da luz direta do sol. As condições de temperatura e umidade devem ser controladas para evitar a proliferação de microrganismos.

2. Organização: Os itens devem ser organizados de maneira lógica e sistemática para facilitar a recuperação quando necessário. A organização pode ser feita com base no tipo de material, frequência de uso, tamanho ou qualquer outro critério que faça sentido para a instituição. Deve-se evitar o empilhamento excessivo de pacotes para evitar danos às embalagens.

3. Rotação de Estoque: É recomendado usar o sistema de rotação de estoque “primeiro a entrar, primeiro a sair” (PEPS). Isso significa que os itens esterilizados mais antigos devem ser usados primeiro, para garantir que nenhum item permaneça no armazenamento por tempo demais.

4. Manuseio: O manuseio de materiais esterilizados deve ser feito com cuidado para evitar danos à embalagem. As mãos devem estar limpas e secas, e não se deve tocar nas superfícies internas da embalagem.

5. Verificação de Integridade: Antes de serem usados, todos os pacotes devem ser inspecionados para garantir que a embalagem não esteja danificada e que os indicadores de esterilização mostrem que a esterilização foi bem-sucedida.

6. Validade da Esterilização: Alguns tipos de pacotes de esterilização têm uma data de validade após a qual não podem ser usados. Essas datas devem ser claramente marcadas e respeitadas.

Seguir essas diretrizes ajudará a garantir que os materiais esterilizados permaneçam estéreis até o momento do uso, minimizando o risco de infecções associadas aos cuidados de saúde.

Distribuição

A distribuição de materiais é a última etapa do processo de trabalho na Central de Material e Esterilização (CME). Envolve a entrega segura e eficiente de instrumentos e suprimentos esterilizados às áreas usuárias. Essa etapa é crucial para garantir que os materiais esterilizados estejam disponíveis quando e onde forem necessários. A seguir estão os principais aspectos desta etapa:

1. Sistema de Distribuição: A CME pode utilizar um sistema de distribuição ativa, passiva ou mista. Na distribuição ativa, os materiais são levados às unidades requisitantes pela equipe da CME. Na distribuição passiva, as unidades requisitantes vêm buscar os materiais na CME. O sistema misto combina ambos os métodos.

2. Programação: A distribuição dos materiais deve ser programada de acordo com as necessidades das áreas usuárias. Isso pode ser feito com base em uma programação regular ou conforme a necessidade.

3. Transporte: Os materiais esterilizados devem ser transportados de maneira que proteja sua integridade e esterilidade. Isso pode envolver o uso de carrinhos fechados ou embalagens protetoras. O transporte deve ser feito de maneira rápida e eficiente para evitar atrasos.

4. Entrega: Ao entregar os materiais, é importante verificar se os itens corretos estão sendo entregues ao local certo. Deve-se confirmar a recepção dos materiais e garantir que sejam armazenados corretamente após a entrega.

5. Registros: A CME deve manter registros precisos da distribuição de materiais. Isso pode incluir informações como o tipo e a quantidade de itens distribuídos, a data e a hora da distribuição, e o local de entrega.

6. Segurança: Durante todo o processo de distribuição, a segurança do pessoal e a manutenção da esterilidade dos materiais devem ser priorizadas.

A distribuição eficaz dos materiais esterilizados é crucial para o funcionamento eficiente de um estabelecimento de saúde. A CME desempenha um papel vital em garantir que os profissionais de saúde tenham acesso oportuno a instrumentos e suprimentos esterilizados de alta qualidade.

Controle de Qualidade

O controle de qualidade na Central de Material e Esterilização (CME) é um conjunto de atividades desenvolvidas para garantir que os processos de limpeza, desinfecção e esterilização sejam realizados de forma eficaz e segura. Isso é vital para assegurar a esterilidade dos materiais e prevenir a transmissão de infecções. Vejamos os principais aspectos desse processo:

1. Monitoramento dos processos de limpeza e desinfecção: Isso pode envolver a verificação visual dos itens para garantir que estão limpos, assim como a utilização de indicadores químicos ou testes de biocarga para confirmar a eficácia da desinfecção.

2. Controle de qualidade na esterilização: Este inclui o uso de indicadores químicos e biológicos para garantir que as condições adequadas de esterilização foram alcançadas. Além disso, deve-se confirmar a integridade das embalagens dos materiais esterilizados.

3. Monitoramento de equipamentos: Isso envolve a manutenção regular e inspeções de todos os equipamentos utilizados na CME, incluindo lavadoras desinfectoras, autoclaves e esterilizadores. Os registros de manutenção devem ser mantidos.

4. Treinamento e educação dos funcionários: Os profissionais da CME devem ser adequadamente treinados e educados sobre os procedimentos corretos de limpeza, desinfecção e esterilização. O treinamento deve ser continuamente atualizado para refletir as melhores práticas atuais.

5. Auditorias e inspeções: Estas devem ser realizadas regularmente para verificar a conformidade com as diretrizes e regulamentos de controle de infecções. Qualquer problema ou desvio dos padrões deve ser corrigido imediatamente.

6. Documentação e registros: Todas as atividades de controle de qualidade devem ser documentadas e registradas para permitir a rastreabilidade e a revisão dos processos.

O controle de qualidade na CME é fundamental para a segurança do paciente. Através da monitorização rigorosa e contínua dos processos de limpeza, desinfecção e esterilização, a CME pode garantir que os materiais processados estejam seguros para uso em procedimentos de saúde.

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