Métodos de esterilização na CME

Métodos de esterilização na CME

Atualizado em 13/05/2023 às 06:53

Os métodos de esterilização na Central de Material Esterilizado (CME), são fundamentais para garantir que os materiais médico-cirúrgicos estejam livres de microrganismos viáveis, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos, antes de serem utilizados em procedimentos clínicos e cirúrgicos. Existem diferentes métodos de esterilização, cada um com suas características, vantagens e desvantagens.

A esterilização é o processo que elimina todos os microrganismos viáveis, incluindo esporos bacterianos, dos artigos e instrumentais. A escolha do método de esterilização depende do tipo de material, das características do agente esterilizante e das recomendações do fabricante.

Os principais métodos de esterilização utilizados na CME incluem:

  1. Vapor saturado sob pressão (autoclave): Este é o método mais comum e eficiente de esterilização para a maioria dos artigos e instrumentais. Utiliza vapor saturado sob pressão e temperatura elevada (121-134°C) para eliminar microrganismos. É adequado para materiais resistentes ao calor e à umidade, como instrumentais metálicos, tecidos e vidrarias.
  2. Esterilização com óxido de etileno (ETO): O óxido de etileno é um gás altamente eficaz na esterilização de materiais sensíveis ao calor e à umidade, como plásticos, borrachas e materiais eletrônicos. A esterilização com ETO requer um ciclo específico, com controle de temperatura, umidade e tempo de exposição. Apesar de sua eficácia, o ETO é um gás tóxico e potencialmente cancerígeno, exigindo precauções rigorosas na manipulação e ventilação adequada do ambiente.
  3. Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio: O plasma de peróxido de hidrogênio é um método de esterilização de baixa temperatura que utiliza a ação oxidativa do peróxido de hidrogênio em estado de plasma para eliminar microrganismos. É indicado para materiais sensíveis ao calor e à umidade, incluindo dispositivos eletrônicos e ópticos. O processo é rápido, seguro e não deixa resíduos tóxicos.
  4. Esterilização por formaldeído: A esterilização por formaldeído é um método menos comum, utilizado principalmente para materiais termossensíveis que não podem ser esterilizados pelos outros métodos mencionados. O formaldeído é um agente químico altamente tóxico e irritante, exigindo cuidados especiais na manipulação e ventilação adequada do ambiente.
  5. Esterilização por radiação gama: Um método que utiliza a energia ionizante da radiação gama para destruir microrganismos. É comumente utilizado para esterilizar dispositivos médicos descartáveis, como seringas e cateteres, em grandes quantidades.
  6. Esterilização por calor seco: Utiliza o calor seco (forno de esterilização) para eliminar microrganismos. Este método é indicado para materiais que podem suportar temperaturas mais elevadas, mas são sensíveis à umidade, como metais, vidros e alguns plásticos.

Os profissionais da CME devem estar familiarizados com os diferentes métodos de esterilização e seguir rigorosamente os protocolos estabelecidos para cada método, garantindo a qualidade e segurança dos processos.

A monitorização e validação dos ciclos de esterilização devem ser realizadas utilizando indicadores químicos e biológicos, assegurando a eficácia dos métodos e a manutenção da esterilidade dos artigos e instrumentais processados.

Vapor saturado sob pressão (autoclave)

O vapor saturado sob pressão é um método amplamente utilizado para esterilização de materiais na Central de Material e Esterilização (CME). Este método consiste no uso de uma autoclave, que é um equipamento fechado capaz de produzir e manter vapor de água sob alta pressão e temperatura. A autoclave permite a esterilização eficiente e segura de instrumentos cirúrgicos, materiais têxteis, vidrarias e outros objetos que suportam altas temperaturas e pressão.

O processo de esterilização com vapor saturado sob pressão envolve a exposição dos materiais ao vapor de água aquecido a uma temperatura específica, geralmente entre 121°C e 134°C, por um determinado período, que varia de acordo com a natureza dos materiais e as condições de operação da autoclave. A combinação de alta temperatura e pressão é eficaz na destruição de microrganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos.

Durante o processo de esterilização, o vapor de água penetra nos materiais, fazendo com que as proteínas e outras estruturas celulares dos microrganismos sejam desnaturadas e, consequentemente, inativadas. Uma vez concluído o ciclo de esterilização, a autoclave libera a pressão e permite que os materiais esfriem antes de serem removidos e armazenados em condições estéreis.

É importante salientar que a eficácia do processo de esterilização com vapor saturado sob pressão depende de diversos fatores, como a qualidade do vapor, a distribuição uniforme do vapor dentro da autoclave, o correto acondicionamento e embalagem dos materiais e a observância dos parâmetros de tempo e temperatura estabelecidos.

Além disso, é crucial realizar a manutenção periódica da autoclave e monitorar a eficácia do processo de esterilização por meio de indicadores biológicos e químicos para garantir a segurança e a qualidade dos materiais esterilizados.

Esterilização com óxido de etileno (ETO)

A esterilização com óxido de etileno (ETO) é outro método comumente empregado na Central de Material e Esterilização (CME) para esterilizar materiais sensíveis ao calor e à umidade, como dispositivos eletrônicos, ópticos e alguns instrumentos de plástico e borracha. O óxido de etileno é um gás altamente eficaz na eliminação de microrganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos, sem danificar os materiais.

O processo de esterilização com ETO envolve a exposição dos materiais ao gás óxido de etileno em uma câmara selada, sob condições específicas de temperatura, umidade e pressão. A esterilização ocorre quando o gás ETO penetra nos materiais e reage com as proteínas e ácidos nucleicos dos microrganismos, causando a sua inativação. O tempo de exposição ao gás ETO varia de acordo com a natureza dos materiais e as condições de esterilização, podendo durar várias horas.

Após a exposição ao gás ETO, os materiais passam por um período de desgaseificação, que permite a remoção do óxido de etileno residual antes de serem armazenados em condições estéreis. Este processo é importante para garantir a segurança dos materiais, já que o ETO é um gás tóxico e irritante, além de ser potencialmente carcinogênico.

Para garantir a eficácia e a segurança da esterilização com ETO, é crucial seguir as recomendações dos fabricantes dos materiais e dos equipamentos de esterilização, assim como monitorar o processo por meio de indicadores químicos e biológicos.

Além disso, é fundamental manter um ambiente de trabalho seguro para os profissionais que manipulam o óxido de etileno, garantindo a ventilação adequada, a proteção pessoal e a capacitação sobre os riscos e as precauções relacionadas ao uso do ETO.

Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio

A esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio é um método moderno e eficiente de esterilização utilizado na Central de Material e Esterilização (CME). Esse processo é especialmente adequado para materiais termossensíveis e sensíveis à umidade, como instrumentos médicos eletrônicos, ópticos e de plástico, que não podem ser esterilizados por métodos tradicionais, como vapor saturado sob pressão ou óxido de etileno.

O processo de esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio começa com a colocação dos materiais em uma câmara de vácuo especialmente projetada. A câmara é então preenchida com uma solução de peróxido de hidrogênio vaporizado, que se decompõe em água e oxigênio, formando um plasma altamente reativo. A ação do plasma de peróxido de hidrogênio sobre os microrganismos, como bactérias, vírus e esporos, resulta na destruição das suas estruturas celulares e na inativação dos microrganismos.

Uma das principais vantagens da esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio é a sua rapidez e eficiência, com tempos de ciclo geralmente menores do que os dos outros métodos de esterilização, como o óxido de etileno. Além disso, esse processo não gera resíduos tóxicos, uma vez que os produtos finais são água e oxigênio, o que o torna mais seguro para os profissionais de saúde e o meio ambiente.

Para garantir a eficácia da esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio, é essencial seguir as recomendações dos fabricantes dos materiais e dos equipamentos de esterilização, além de monitorar o processo por meio de indicadores químicos e biológicos. A manutenção e a verificação periódica dos equipamentos de esterilização também são importantes para garantir a qualidade e a segurança do processo.

Esterilização por formaldeído

A esterilização por formaldeído é um método de esterilização química utilizado na Central de Material e Esterilização (CME). Este processo é adequado para materiais que não podem ser esterilizados com vapor saturado sob pressão, como dispositivos eletrônicos, ópticos e termossensíveis.

O formaldeído é um composto químico altamente eficiente na eliminação de microrganismos, incluindo bactérias, esporos, vírus e fungos. Durante o processo de esterilização por formaldeído, os materiais são expostos ao gás de formaldeído, que penetra e destrói as estruturas celulares dos microrganismos, inativando-os.

Para a esterilização por formaldeído, os materiais são colocados em uma câmara hermeticamente fechada e o gás de formaldeído é introduzido. O processo de esterilização ocorre a uma temperatura e umidade controladas, geralmente em torno de 60-80°C e 60-90% de umidade relativa. Após a exposição ao gás de formaldeído por um período determinado, os materiais são retirados da câmara e submetidos a uma fase de ventilação para eliminar qualquer resíduo de formaldeído.

É importante ressaltar que o formaldeído é um agente químico tóxico e irritante, e seu manuseio e utilização devem ser realizados com cautela e conforme as normas de segurança. Para garantir a eficácia e a segurança do processo de esterilização por formaldeído, é essencial seguir as recomendações dos fabricantes dos materiais e dos equipamentos de esterilização, bem como monitorar o processo por meio de indicadores químicos e biológicos.

A manutenção e a verificação periódica dos equipamentos de esterilização também são cruciais para assegurar a qualidade e a segurança do processo.

Esterilização por radiação gama:

A esterilização por radiação gama é um método eficaz e amplamente utilizado para descontaminar materiais médicos e cirúrgicos. O processo utiliza a energia ionizante da radiação gama, geralmente emitida por fontes radioativas de cobalto-60 ou césio-137, para destruir microrganismos, incluindo bactérias, vírus e esporos.

Esse método de esterilização é particularmente útil para dispositivos médicos descartáveis, como seringas, cateteres, luvas e outros itens de uso único. A radiação gama, tem a capacidade, de penetrar em materiais densos e de grande volume, tornando-a adequada para esterilizar produtos embalados e em grandes quantidades.

Uma das principais vantagens da esterilização por radiação gama é que ela não requer calor nem umidade, o que a torna ideal para materiais termossensíveis que podem ser danificados por outros métodos de esterilização. Além disso, o processo é rápido, eficiente e não deixa resíduos tóxicos nos materiais tratados.

No entanto, há algumas desvantagens associadas à esterilização por radiação gama. A exposição à radiação pode, em alguns casos, alterar as propriedades dos materiais, como resistência e coloração. Além disso, as instalações de radiação gama exigem um alto nível de segurança e monitoramento para garantir a proteção dos trabalhadores e do meio ambiente, o que pode aumentar os custos operacionais.

Concluímos que, a esterilização por radiação gama é um método eficiente e confiável para eliminar microrganismos em materiais médicos e cirúrgicos, especialmente aqueles que são termossensíveis e descartáveis. Contudo, é fundamental considerar as precauções de segurança e os possíveis efeitos da radiação nos materiais tratados.

Esterilização por calor seco:

A esterilização por calor seco é um método de descontaminação que utiliza altas temperaturas para eliminar microrganismos em materiais e equipamentos médicos e cirúrgicos. Este processo envolve a exposição direta dos itens à temperatura elevada, geralmente em um forno ou estufa de calor seco, por um período de tempo específico.

O calor seco é eficaz na destruição de bactérias, vírus, fungos e esporos, desde que a temperatura e o tempo de exposição sejam adequados. As temperaturas típicas para esterilização por calor seco variam entre 160°C e 180°C, com tempos de exposição que podem variar de 1 a 2 horas ou mais, dependendo dos materiais e das condições específicas.

Este método de esterilização é especialmente útil para materiais que não podem ser expostos à umidade, como instrumentos de vidro, metais e alguns tipos de plásticos. No entanto, a esterilização por calor seco não é adequada para materiais termossensíveis, que podem ser danificados ou deformados devido à exposição direta ao calor.

Uma das vantagens da esterilização por calor seco é que ela não requer o uso de produtos químicos ou água, reduzindo o risco de contaminação residual e corrosão nos materiais tratados. Além disso, é um processo simples e de baixo custo, que pode ser facilmente implementado em muitas unidades de saúde.

Por outro lado, o método de esterilização por calor seco pode ser mais demorado do que outros métodos, como a autoclave, e a eficácia do processo pode ser afetada por fatores como a distribuição uniforme do calor e a densidade dos materiais.

Concluímos que, a esterilização por calor seco é um método eficiente e econômico para descontaminar materiais médicos e cirúrgicos que não podem ser expostos à umidade. No entanto, é importante considerar as limitações e precauções relacionadas ao uso de altas temperaturas e à natureza dos materiais a serem esterilizados.

O controle de qualidade dos métodos de esterilização na CME

O controle de qualidade dos métodos de esterilização em uma Central de Material Esterilizado (CME) é vital para garantir a segurança do paciente e a eficácia do procedimento cirúrgico. O processo envolve várias etapas, desde a verificação dos equipamentos de esterilização até o monitoramento da eficácia do processo de esterilização. Aqui estão algumas das principais etapas do controle de qualidade:

  1. Verificação dos equipamentos de esterilização: Antes de cada ciclo de esterilização, os equipamentos devem ser verificados para garantir que estão funcionando corretamente. Isso pode envolver a verificação da temperatura e pressão em autoclaves, ou a verificação do funcionamento adequado de esterilizadores de óxido de etileno ou radiação.
  2. Monitoramento do processo de esterilização: Durante cada ciclo de esterilização, é importante monitorar o processo para garantir que as condições corretas de esterilização estão sendo atingidas. Isso pode envolver o uso de indicadores biológicos ou químicos que mudam de cor ou forma quando as condições corretas de esterilização são atingidas.
  3. Verificação da eficácia da esterilização: Após a esterilização, é importante verificar se o processo foi eficaz. Isso pode envolver o uso de testes de esterilidade, que podem detectar a presença de qualquer microrganismo que possa ter sobrevivido ao processo de esterilização.
  4. Manutenção e calibração dos equipamentos de esterilização: Os equipamentos de esterilização devem ser regularmente mantidos e calibrados para garantir que continuem a funcionar corretamente. Isso pode envolver a verificação regular dos selos e válvulas, a lubrificação de partes móveis, e a calibração regular da temperatura e pressão.
  5. Treinamento e educação da equipe: A equipe da CME deve receber treinamento regular sobre os procedimentos de esterilização e controle de qualidade. Isso pode envolver a educação contínua sobre as melhores práticas de esterilização, bem como treinamento sobre o uso correto dos equipamentos de esterilização.
  6. Documentação e rastreabilidade: Todos os processos de esterilização devem ser documentados para garantir a rastreabilidade. Isso pode envolver a manutenção de registros dos ciclos de esterilização, incluindo a data e hora, a duração do ciclo, e os resultados dos testes de esterilidade.

O controle de qualidade é uma parte vital da operação de uma CME. Ele ajuda a garantir que todos os instrumentos médicos e cirúrgicos sejam adequadamente esterilizados, reduzindo o risco de infecções e garantindo a segurança do paciente.

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