Pneumonia

Última atualização: 01/01/2025

A pneumonia é um processo inflamatório do parênquima pulmonar decorrente da ação de diversos agentes etiológicos (micro-organismos ou substâncias químicas). É caracterizada pela presença de exsudato dentro dos alvéolos, interferindo na troca gasosa e causando sintomas respiratórios.


1. ETIOLOGIA

1.1 Principais Causas Infecciosas

  • Bactérias: Pneumonias bacterianas por germes gram-positivos e gram-negativos.
  • Vírus: Influenza, parainfluenza e adenovírus.
  • Fungos: Candida albicans e Aspergillus (geralmente oportunistas).
  • Protozoários: Pneumocystis carinii (pneumocistose), com maior incidência em pacientes portadores de AIDS.

Observação: Fungos e protozoários são micro-organismos oportunistas, que podem desencadear pneumonia após uso prolongado de antibióticos, corticoides, antineoplásicos ou em indivíduos com sistema imune comprometido (por exemplo, pacientes com AIDS).

1.2 Outras Causas

  • Aspiração brônquica de líquidos, alimentos ou vômitos.
  • Inalação de substâncias tóxicas (gases, fumaças, poeiras).
  • Complicações de imobilidade ou doenças crônicas.

2. CLASSIFICAÇÃO

  1. Adquirida na Comunidade: até 48h após o início dos sintomas ou da internação.
  2. Adquirida no Hospital (nosocomial): após 48h de internação.
  3. No Hospedeiro Imunocomprometido: pacientes com defesas imunes comprometidas (por exemplo, portadores de HIV/AIDS, sob quimioterapia etc.).
  4. Por Aspiração: quando há entrada de conteúdo gástrico ou orofaríngeo no trato respiratório.

3. FISIOPATOLOGIA

As vias aéreas superiores costumam filtrar e impedir a chegada de micro-organismos ao trato respiratório inferior (normalmente estéril). Porém, quando a resistência do paciente se encontra alterada, a flora orofaríngea ou micro-organismos aspirados podem atingir os pulmões. Além disso, micro-organismos podem chegar pela circulação sanguínea, alojando-se nos capilares pulmonares.

A resposta inflamatória gera exsudato nos alvéolos, dificultando a difusão de oxigênio e dióxido de carbono. Há migração de leucócitos (principalmente neutrófilos) para o interior dos alvéolos, preenchendo-os com pus e fluidos. Consequentemente, áreas do pulmão deixam de ser ventiladas adequadamente (por obstrução parcial de brônquios ou alvéolos), resultando em hipoventilação da região afetada.

O sangue que chega pouco oxigenado aos pulmões se mistura ao sangue oxigenado, gerando hipoxemia arterial. Ver Principais Sintomas da Pneumonia.


4. TIPOS DE PNEUMONIA

  1. Lobar: Acomete parte de um ou mais lobos pulmonares.
  2. Broncopneumonia: Distribuição mais difusa, iniciando em uma ou várias áreas localizadas dos brônquios e avançando para o parênquima adjacente.
  3. Nosocomial (Hospitalar): Adquirida após 48h de internação.

5. FATORES DE RISCO

  • Defesas comprometidas (imunossupressão, neutropenia).
  • Infecções virais que predispõem a pneumonia bacteriana secundária.
  • Doenças subjacentes (ICC, diabetes, DPOC, AIDS, câncer).
  • Tabagismo e alcoolismo (incluindo intoxicação alcoólica).
  • Idade avançada.
  • Diminuição do reflexo de tosse (sedação, anestésicos gerais, AVC, etc.).
  • Uso prolongado de antibióticos (flora microbiana alterada).
  • Aspiração de secreções (broncoaspiração).
  • Equipamentos de terapia respiratória sem limpeza adequada.

6. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

  • Febre alta (podendo chegar a 40 ºC).
  • Dor torácica (podendo piorar com a respiração).
  • Dispneia (falta de ar).
  • Calafrios e cianose (extremidades arroxeadas).
  • Tosse produtiva e dolorosa, muitas vezes com escarro ferruginoso ou purulento.
  • Cefaleia, náuseas, vômitos, mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular).
  • Secura de lábios e língua (desidratação).

7. COMPLICAÇÕES

  • Derrame pleural (acúmulo de líquido na pleura).
  • Abscesso pulmonar e empiema (acúmulo de pus no espaço pleural).
  • Hipotensão em casos graves.
  • Bronquite crônica ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC) como agravantes.

8. CUIDADOS DE ENFERMAGEM

  1. Ingestão de líquidos: Oferecer e encorajar 6 a 8 copos/dia para fluidificar secreções.
  2. Mobilidade e Mudança de Decúbito:
    • Reposicionar o paciente a cada 2 horas (se consciente e em condições).
    • Incentivar a mobilização no leito ou a deambulação, conforme tolerância.
  3. Técnicas de Tosse e Fisioterapia Respiratória:
    • Orientar ou apoiar o tórax do paciente para tosse eficaz.
    • Incentivar exercícios de respiração profunda e expansão pulmonar.
    • Aspirar naso e orofaringe em intervalos curtos, se necessário.
  4. Observação e Monitoramento:
    • Verificar sinais vitais (FR, FC, PA, temperatura) regularmente.
    • Avaliar dispneia, palidez, cianose, frequência e ritmos cardíaco/respiratório durante as atividades.
    • Checar nível de tolerância a atividades, ajustando a rotina conforme a resposta do paciente.
  5. Repouso e Conforto:
    • Orientar repouso, evitando esforços desnecessários.
    • Manter ambiente tranquilo, arejado, mas livre de correntes de ar.
    • Realizar higiene oral e corporal frequentemente.
  6. Nutrição:
    • Oferecer dieta hipercalórica e hiperproteica, respeitando prescrição e tolerância do paciente.
    • Estimular a ingestão hídrica para manter hidratação adequada.

Considerações Finais

O manejo adequado da pneumonia envolve diagnóstico precoce, tratamento antibiótico ou antiviral (conforme etiologia) e cuidados de enfermagem dirigidos à melhora do padrão respiratório, conforto e segurança do paciente. A prevenção passa por medidas como higiene adequada das mãos e do ambiente, vacinação (contra influenza, pneumococo) e controle dos fatores de risco, especialmente em pessoas idosas ou imunocomprometidas. Ver Exame físico em pacientes com alterações respiratórias.

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