Avaliação da Qualidade Técnica do Traçado

Avaliação da Qualidade Técnica do Traçado no ECG

Atualizado em 15/03/2023 às 09:37

Para que o exame de Eletrocardiograma (ECG), possa ser avaliado corretamente, são necessários fazer uma avaliação da qualidade técnica do traçado expresso no ECG.

A Enfermagem em cardiologia

Os profissionais da enfermagem (enfermeiros técnicos de enfermagem), podem trabalhar em cardiologia. Eles são extremamente importantes nas atividades referentes aos cuidados em cardiologia.

O Enfermeiro também pode realizar Enfermagem em Cardiologia, uma Especialização regulamentada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), através da Resolução Cofen n.º 581/2018.

A seguir, descreveremos de forma mais detalhada sobre “Avaliação da Qualidade Técnica do Traçado no ECG”, segundo a última Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), publicada em 2022.

Critérios de Avaliação Técnica dos Traçados

Calibração do Eletrocardiógrafo

Nos aparelhos analógicos a verificação da calibração se faz sempre necessária. O padrão normal deve ter 1 mV (10 mm). Nos aparelhos mais modernos (computadorizados com traçados digitalizados), a verificação do padrão do calibrador é realizada automaticamente.

Os filtros devem seguir as normas internacionalmente aceitas, principalmente da AHA (American Heart Association). Para os filtros de alta frequência de, no mínimo, 150 Hz para os grupos de adultos e adolescentes. Para crianças, até 250 Hz.

Filtros com essas frequências mais baixas podem interferir na captação das espículas de marcapassos. Filtro de baixa frequência utiliza-se 0,05Hz. Alguns aparelhos usam filtros de fase bidirecional.

Troca de Eletrodos

A figura abaixo, mostra a posição correta dos eletrodos periféricos (braço direito (RA), braço esquerdo (LA), perna direita (RL) e perna esquerda (LL)) com suas respectivas cores.

É sempre importante verificar o manual do equipamento, pois, as cores podem mudar de acordo com o fabricante.

Posição correta dos eletrodos na realização do Eletrocardiograma (ECG)

Posicionamento Trocado dos Eletrodos

  1. Eletrodos dos MMSS Trocados entre Si. Apresentam derivações D1 com ondas negativas e aVR com ondas positivas.
  2. Eletrodo dos MMII trocado por um eletrodo de um dos MMSS. Linha isoelétrica ou amplitude de ondas muito pequenas em D2 (braço direito) ou D3 (braço esquerdo). A troca dos eletrodos dos membros superiores com os dos inferiores mostra esse padrão em D1, pois produz uma diferença de potencial desprezível nos membros superiores.
  3. Troca de Eletrodos entre Braço Esquerdo e Perna Esquerda. É a troca de mais difícil identificação. O SÂQRS tende a desviar-se para a esquerda. Pode parecer um ECG normal, mas produz as seguintes alterações:
    a) onda P invertida em D3;
    b) D1 e D2 trocam de posição. D1 tem voltagem de QRS mais ampla e menor em D2;
    c) em D3 invertem-se P, QRS e T. Também são trocadas as posições de aVL com aVF. A derivação aVR não se altera.
  4. Troca de Eletrodos Precordiais. Alteração da progressão normal da onda R de V1 a V6.
  5. Eletrodos V1 e V2 Mal Posicionados. Eletrodos V1 e V2 posicionados incorretamente acima do segundo espaço intercostal podem produzir padrão rSr’ simulando atraso final de condução, ou morfologia rS de V1 a V3 e onda P negativa em V1, simulando SAE.
  6. Tremores Musculares. Tremores musculares podem interferir na linha de base, mimetizando alterações eletrocardiográficas como flutter atrial e fibrilação ventricular no paciente parkinsoniano.
  7. Neuroestimulação. Portadores de afecções do SNC que necessitam do uso de dispositivos de estimulação elétrica artificial podem apresentar artefatos que mimetizam a espícula de marcapasso cardíaco.
  8. Frio, Febre, Soluços, Agitação Psicomotora. São outras condições que produzem artefatos na linha de base e podem mimetizar arritmias como fibrilação atrial e flutter atrial.
  9. “Grande Eletrodo” Precordial. A utilização de gel condutor em faixa contínua no precórdio, resultando num traçado igual de V1-V6, correspondente à média dos potenciais elétricos nestas derivações.
  10. Oscilação da Linha de Base. Pode ser provocada por qualquer eletrodo mal fixado, movimentação dos membros, pela respiração ou em exames realizados com o paciente em cadeira de rodas. Nesse último caso outros artefatos também podem ser registrados.

Outras Interferências Elétricas e Eletromagnéticas

Esta resulta de interferências de linhas elétricas, equipamentos elétricos e telefonia celular. Para a realização
do ECG deve-se solicitar ao paciente que retire todos os objetos metálicos e o telefone celular guardado na vestimenta.

Os marca-passos transcutâneos podem produzir espícula, que pode ser confundida como falsa captura. O filtro utilizado também é de grande importância porque, às vezes, cria uma falsa falha de comando criando uma pausa representada por uma linha isoelétrica entre dois batimentos.

Alterações Decorrentes de Funcionamento Inadequado de Softwares e Sistemas de Aquisição de Sinais Eletrocardiográficos Computadorizados

A aquisição de dados por sistemas computadorizados, em alguns aparelhos eletrocardiográficos mais antigos, pode apresentar, raramente, problemas específicos e ainda não totalmente conhecidos. Como exemplo, na ausência de sinal eletrocardiográfico em um dos eletrodos, o sistema pode contrabalançar os outros sinais adquiridos e criar complexos QRS bizarros.

Aparelhos eletrocardiográficos de 12 derivações simultâneas que possuem aferições automáticas de durações das ondas P e QRS podem apresentar medidas superestimadas das mesmas. Isso ocorre pois o software utiliza a onda mais precoce e a mais tardia dentre as 12 derivações para gerar tal medida.

Referência: 

Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos — 2022. Brazilian Society of Cardiology Guidelines on the Analysis and Issuance of Electrocardiographic Reports — 2022 (Baixar Diretriz da SBC 2022)

Apresentação e Introdução da Diretriz SBC 2022

  1. Normatização para Análise e Emissão do Laudo Eletrocardiográfico
  2. Avaliação da Qualidade Técnica do Traçado
  3. A Análise do Ritmo Cardíaco
  4. Condução Atrioventricular
  5. Análise da Ativação Ventricular
  6. Sobrecarga das Câmaras Cardíacas
  7. Análise dos Bloqueios (Retardo, Atraso de Condução) Intraventriculares
  8. Análise do ECG nas Coronariopatias
  9. Análise da Repolarização Ventricular
  10. O ECG nas Canalopatias e Demais Alterações Genéticas
  11. Caracterização das Alterações Eletrocardiográficas em Situações Clínicas Específicas
  12. O ECG em Atletas
  13. O ECG em Crianças
  14. O ECG durante Estimulação Cardíaca Artificial
  15. Tele-eletrocardiografia
Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *