Tele-eletrocardiografia

Tele-eletrocardiografia

Atualizado em 15/03/2023 às 09:35

A tele-eletrocardiografia (tele-ECG) é uma técnica que permite a aquisição e transmissão remota do ECG (eletrocardiograma) para avaliação médica à distância. Essa técnica é amplamente utilizada na telemedicina, permitindo que pacientes em áreas remotas ou com dificuldades de acesso a um médico especialista possam receber atendimento em tempo hábil.

A tele-eletrocardiografia é feita por meio de dispositivos portáteis que registram o ECG do paciente e o transmitem para um centro de diagnóstico remoto, onde um médico especialista pode interpretar o ECG e fornecer um diagnóstico ou recomendações de tratamento.

Existem diferentes tipos de dispositivos portáteis de tele-eletrocardiografia, desde dispositivos de mão com um único canal até dispositivos vestíveis que podem registrar um ECG contínuo por um período prolongado de tempo. Alguns dispositivos também permitem a transmissão de imagens ou vídeos adicionais para ajudar na avaliação do paciente.

A tele-eletrocardiografia pode ser usada para avaliar uma variedade de condições cardíacas, incluindo arritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e outras condições. A técnica é particularmente útil para monitorar pacientes em áreas remotas ou em casos de emergência, onde o atendimento médico rápido é essencial.

No entanto, é importante lembrar que ”a tele-eletrocardiografia é uma ferramenta de triagem e diagnóstico”, e que o diagnóstico final deve ser feito por um médico especialista em cardiologia, com base em uma avaliação completa do paciente, incluindo o histórico médico, exame físico e outros testes de diagnóstico, se necessário.

Profissionais de enfermagem podem atuar em cardiologia?

Sim, profissionais de enfermagem podem atuar em cardiologia. Eles desempenham um papel fundamental na assistência aos pacientes com doenças cardiovasculares, incluindo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dessas doenças.

Os enfermeiros e técnicos de enfermagem, podem atuar em diversas áreas da cardiologia, como unidades de cuidados intensivos cardíacos, salas de emergência, clínicas especializadas em doenças cardiovasculares, unidades de reabilitação cardíaca, entre outras.

Entre as responsabilidades dos enfermeiros e dos técnicos de enfermagem na cardiologia estão a monitorização dos sinais vitais, administração de medicamentos, avaliação do estado cardiovascular do paciente, cuidados com dispositivos de suporte à vida, como ventilação mecânica, e realização de exames, como eletrocardiograma.

Além disso, os enfermeiros também desempenham um papel importante na educação dos pacientes e seus familiares sobre as doenças cardiovasculares, os tratamentos e a importância do autocuidado para prevenir complicações e promover a saúde cardiovascular.

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), através da Resolução Cofen n.º 581/2018, regulamentou a Especialização em Enfermagem em Cardiológica.

A seguir, descreveremos de forma mais detalhada sobre “Tele-eletrocardiografia”, segundo a última Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), publicada em 2022.

Definição de telemedicina

A telemedicina é definida como a prestação de serviços de saúde através do uso de informação e tecnologias de comunicação, em situações nas quais um profissional de saúde e um paciente (ou dois profissionais de saúde) não se encontram no mesmo local.

Sistemas de tele-eletrocardiografia (TeleECG)

Os sistemas de tele-eletrocardiografia (TeleECG) registram o traçado eletrocardiográfico feito a distância,
por diferentes meios e tecnologias de transferência de dados, com a análise e interpretação do traçado eletrocardiográfico por um médico distante do paciente, e retorno do laudo por meios eletrônicos. A tele-ECG está ligada ao próprio desenvolvimento da eletrocardiografia — já em 1905, Einthoven descreveu a transmissão transtelefônica do ECG do hospital acadêmico até o laboratório de fisiologia na Universidade de Leiden, a 1,5 km de distância.

Com o desenvolvimento do ECG (ECG) computadorizado associado a sistemas capazes de transmitir os traçados eletrocardiográficos pela internet, tornou-se possível a disponibilização do ECG, bem como seu laudo realizado por um especialista em tempo real, para localidades distantes dos grandes centros. Serviços de tele-ECG começaram a ser implementados no Brasil na primeira década do século XXI, com efeitos sobre a melhoria do acesso da população ao diagnóstico eletrocardiográfico e reconhecimento precoce de alterações
eletrocardiográficas relevantes e potencialmente fatais.

Para a implementação e o funcionamento de um serviço de tele-ECG, uma infraestrutura específica é necessária. A central de leitura dos ECG deve contar com uma equipe de cardiologistas, de especialistas em tecnologia da informação (TI) e de suporte administrativo. Uma estrutura completa de TI com computadores, hardwares, softwares, sistema de proteção e armazenamento de dados é imprescindível para o funcionamento do serviço.

As unidades remotas de saúde que realizarão o ECG devem ser preparadas com eletrocardiógrafo digital aprovado pelos órgãos federais responsáveis, conexão com a internet, aparelhos e serviços para comunicação por áudio ou vídeo com a central, além de treinamento operacional para todos os profissionais envolvidos.

Recomenda-se a transmissão do sinal eletrocardiográfico original ou de imagens geradas pelo próprio eletrocardiógrafo ou por escâneres profissionais, evitando-se a digitalização com distorções ou baixa qualidade, que podem dificultar ou impedir a análise do traçado.

A tele-eletrocardiografia tem se mostrado uma estratégia eficaz para racionalização do acesso à propedêutica complementar, diagnóstico precoce, priorização de encaminhamentos e organização de listas de espera
nos sistemas de saúde, com melhora na relação custo benefício, bem como na assistência à saúde.

Tabela 15.1 – Características técnicas para implementação da tele-eletrocardiologia

NORMAS TÉCNICAS
Registro ANVISA

  • ABNT NBR IEC 60601-1 (norma geral de segurança)
  • ABNT NBR IEC 60601-1-1 (segurança de sistemas eletromédicos)
  • ABNT NBR IEC 60601-1-2 (compatibilidade eletromagnética)
  • ABNT NBR IEC 60601-1-4 (sistemas eletromédicos programáveis)
  • ABNT NBR IEC 60601-2-25 (segurança de eletrocardiógrafos)
  • ABNT NBR IEC 60601-2-251 (norma de segurança, incluindo desempenho essencial de eletrocardiógrafos, gravador e analisador monocanal e multicanal)

PRÉ-REQUISITOS MÍNIMOS GERAIS DA MÁQUINA
Desktop ou notebook
1 entrada USB 2.0 ou 3.0 (ao menos)
Leitor de CD/DVD
Memória de 4GB
Processador Intel Pentium
Windows 7, 8 ou 10
HD de 250GB ou superior

RECOMENDAÇÕES
Possuir 12 derivações
Realizar traçado com qualidade alta
(1.200 amostra/segundo/canal)

Tabela 15.2 — Benefícios da tele-eletrocardiografia

  • Diagnóstico eletrocardiográfico rápido permitindo identificações de casos normais e diferentes do normal
  • Atendimento (pré) ao paciente em seu local de origem.
  • Acesso a especialistas em acidentes e emergências.
  • Redução do tempo e custo dispendido pelo paciente Agilização da triagem por especialistas.
  • Auxílio e orientação a não especialistas.
  • Facilita gerenciamento dos recursos de saúde.
  • Na reabilitação, aumenta a segurança do paciente pós-cirúrgico.
  • Cooperação e integração de pesquisadores para compartilhamento de registros clínicos.
  • Acesso a programas educacionais de formação e qualificação.
  • Segunda opinião

Referência: 

Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos — 2022. Brazilian Society of Cardiology Guidelines on the Analysis and Issuance of Electrocardiographic Reports — 2022 (Baixar Diretriz da SBC 2022)

  1. Normatização para Análise e Emissão do Laudo Eletrocardiográfico
  2. Avaliação da Qualidade Técnica do Traçado
  3. A Análise do Ritmo Cardíaco
  4. Condução Atrioventricular
  5. Análise da Ativação Ventricular
  6. Sobrecarga das Câmaras Cardíacas
  7. Análise dos Bloqueios (Retardo, Atraso de Condução) Intraventriculares
  8. Análise do ECG nas Coronariopatias
  9. Análise da Repolarização Ventricular
  10. O ECG nas Canalopatias e Demais Alterações Genéticas
  11. Caracterização das Alterações Eletrocardiográficas em Situações Clínicas Específicas
  12. O ECG em Atletas
  13. O ECG em Crianças
  14. O ECG durante Estimulação Cardíaca Artificial
  15. Tele-eletrocardiografia
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