Abdome Agudo

Abdome agudo

O Abdome Agudo é uma condição clínica que exige atenção e tratamento urgente. Ele pode ser causado por uma infecção, inflamação, oclusão vascular ou obstrução. O paciente geralmente apresenta início súbito de dor abdominal com náuseas ou vômitos associados.

A maioria dos pacientes com queixa de abdome agudo, tem alguma doença. A abordagem de um paciente com abdome agudo, deve incluir uma história completa e exame físico, para determinar a gravidade e os cuidados de saúde.

Local da dor

A localização da dor é um fator determinante, pois pode sinalizar um processo localizado. Entretanto, em pacientes com respiração espontânea, pode apresentar dor abdominal difusa. A ausculta pode revelar ruídos intestinais ausentes e a palpação pode revelar dor de rebote e defesa, sugestiva de peritonite.

As causas de abdome agudo incluem:

  • apendicite
  • úlcera péptica perfurada
  • pancreatite aguda
  • ruptura do divertículo sigmóide
  • torção ovariana
  • vólvulo
  • ruptura do aneurisma da aorta
  • laceração do baço ou fígado
  • isquemia intestinal.

Causas comuns de abdome agudo incluem:

  • apendicite aguda
  • colecistite
  • pancreatite e diverticulite.

Características importantes

A peritonite aguda é uma causa de abdome agudo e pode resultar da ruptura de uma víscera ou como uma complicação de doença inflamatória intestinal ou malignidade.

Os eventos vasculares que causam um abdome agudo incluem a isquemia mesentérica e ruptura de aneurisma da aorta abdominal.

As causas obstétricas e ginecológicas incluem gravidez ectópica rompida e torção ovariana.

Condições urológicas, incluindo cólica ureteral e pielonefrite, também podem se apresentar como dor abdominal aguda. Muitos autores incluem a obstrução do intestino delgado como causa de abdome agudo.

Recém-nascidos podem apresentar enterocolite necrosante. O volvo do intestino médio ocorre em 40% das vezes na primeira semana de vida do recém-nascido, 50% no primeiro mês e 75% no primeiro ano. A intussuscepção geralmente ocorre entre nove e 24 meses de idade. A causa mais comum de abdome pediátrico agudo é a apendicite.

Fisiopatologia

A fisiopatologia de cada entidade da doença está além do escopo desta revisão. As causas incluem infecção (apendicite, diverticulite) e obstrução (apendicite, colecistite). Anormalidades anatômicas incluem má rotação do intestino. A idade está associada a algumas doenças: pacientes mais velhos têm maior probabilidade de apresentar diverticulite, colecistite e emergências vasculares.

As apresentações clássicas de apendicite, colecistite, pancreatite e diverticulite são, em grande parte, resultado da dupla inervação do abdome, tanto visceral quanto somática. Os nervos viscerais fazem parte do sistema nervoso autônomo e inervam as vísceras. Esses nervos são sensíveis à distensão mecânica, inflamação, isquemia e à intensa contração do músculo liso observada na cólica. A dor geralmente é mediana, mal localizada, profunda e incômoda. A dor das estruturas embrionárias do intestino anterior, como estômago, fígado, pâncreas e vesícula biliar, irradia para o epigástrio. Estruturas do intestino médio, intestino delgado e apêndice, para a área periumbilical e intestino posterior, intestino grosso e reto, para a parte inferior do abdome. Os nervos sensoriais somáticos fornecem sensação ao peritônio parietal. A dor somática é mais aguda e melhor localizada. Dor somática sugere irritação peritoneal.

Histórico e Físico

A história e o exame físico servem para eliminar alguns diagnósticos e sugerir outros. Os profissionais da saúde em situações de emergência, estão bem cientes dos modos de apresentação dessas entidades de doença. O início imediato da dor sugere um evento vascular, como isquemia mesentérica. Síncope sugere perda de sangue a partir de um aneurisma da aorta abdominal ectópico rompido ou com vazamento.

Várias causas de abdome agudo têm apresentações clássicas. Supõe-se que a apendicite comece com uma dor periumbilical incômoda que migra com o tempo para o quadrante inferior direito.

Supõe-se que a torção ovariana comece com dor súbita, unilateral, na parte inferior do abdome, que aumenta e diminui e está associada a vômitos.

Infelizmente, a maioria das doenças não se apresenta de forma clássica. Um aneurisma da aorta abdominal com vazamento pode se apresentar exatamente como uma cólica renal ou como uma dor lombar aparentemente benigna. O clínico simplesmente tem que considerar diagnósticos graves em pacientes de risco.

A dor em vários quadrantes sugere diagnósticos variados.

A diverticulite aguda geralmente vive no quadrante inferior esquerdo, enquanto a colecistite geralmente é sentida no epigástrio ou no quadrante superior direito. Diagnosticar um paciente com abdome agudo desenvolvido é fácil. É incrivelmente difícil diagnosticar uma catástrofe abdominal incipiente em um paciente que apresenta sintomas iniciais inespecíficos.

A história médica passada pode ser importante. A hipertensão é um fator de risco para aneurisma da aorta abdominal. A história social em relação ao uso de álcool e possível pancreatite também ajuda.

O exame físico deve ser focado e concluído em tempo hábil. Sinais vitais anormais ou a aparência geral do paciente, incluindo expressão facial, cor e temperatura da pele e alteração mental, devem alertar o clínico de que um paciente pode estar em estado extremis. Um exame abdominal completo é essencial. Os ruídos intestinais devem ser avaliados. A palpação de massas, dor, proteção e rebote é importante. O ensino clássico exige um retal em todos os pacientes com dor abdominal. A literatura sugere que o toque retal, pelo menos na apendicite, não acrescenta nenhuma informação útil. Certamente, um exame retal é importante quando há suspeita de sangramento gastrointestinal (GI) ou problemas de próstata. Um exame pélvico deve ser realizado quando há suspeita de uma fonte ginecológica de dor. Um homem jovem com dor abdominal precisa de um exame testicular para descartar torção testicular. O exame de hérnias deve ser rotina.

Avaliação

O diagnóstico inicial rápido e o tratamento do abdome agudo são cruciais. Avaliação e tratamento devem ser simultâneos. As intervenções diagnósticas incluem exames de sangue e exames de imagem. Em adultos com mais de 40 anos, um ECG de 12 derivações pode ajudar a excluir o infarto do miocárdio como causa da aparente dor abdominal intensa.

É importante saber se um paciente com isquemia mesentérica está em fibrilação atrial. Geralmente, um hemograma completo (CBC), perfil metabólico abrangente e lipase são obtidos. Para sepse ou isquemia mesentérica, um lactato deve ser solicitado.

Um teste de gravidez de urina ou soro é necessário na investigação de gravidez ectópica. O diagnóstico por imagem avançou rapidamente nas últimas três décadas. Uma ultrassonografia à beira do leito no Departamento de Emergência pode diagnosticar colecistite, hidronefrose, hemoperitônio e a presença de aneurisma de aorta abdominal em menos de 5 minutos.

A ultrassonografia diagnóstica é a modalidade preferida para colecistite, apendicite pediátrica, ruptura ectópica e torção ovariana. A tomografia computadorizada helicoidal multislice tornou o diagnóstico de abdome agudo muito mais direto. Na maioria dos casos, o contraste intravenoso (IV) é suficiente. O contraste oral é demorado e geralmente não é necessário. A ressonância magnética geralmente não é utilizada simplesmente por causa do tempo necessário em um paciente potencialmente instável.

Tratamento / Gestão

Hipotensão e taquicardia sugerem perda de sangue, hipovolemia ou sepse e requerem ressuscitação volêmica agressiva imediata com acesso IV adequado de grande diâmetro. Antibióticos de amplo espectro abrangendo organismos entéricos gram-negativos devem ser administrados em tempo hábil quando infecção, sujidade peritoneal ou sepse estiver no diferencial. Pacientes doentes devem ser monitorados com ressuscitação contínua dos sinais vitais. O alívio adequado da dor com opioides é um padrão de tratamento. O uso de antieméticos também é importante. Se houver suspeita de uma emergência cirúrgica com base na apresentação ou achados físicos, um cirurgião deve ser consultado de forma emergencial. O cirurgião deve ser contatado antes que testes potencialmente demorados sejam realizados.

Em resumo, o abdome agudo consiste em vários processos intrabdominais que requerem intervenção rápida tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Um abdome agudo pode se apresentar de forma óbvia ou sutil, mas sempre deve ser reconhecido. Testes rápidos e apropriados e terapia de ressuscitação concomitante são obrigatórios. Se a condição for possivelmente cirúrgica, a consulta precoce com um cirurgião também é obrigatória.

Diagnóstico diferencial

Saber fazer o diagnóstico diferencial é de suma importância para determinar o tipo de tratamento que o paciente deve receber. Veja algumas situações que merecem destaque:

  • Aneurisma da aorta abdominal
  • Apendicite aguda
  • Colecistite aguda
  • diverticulite aguda
  • Isquemia Intestinal Aguda
  • úlcera péptica aguda
  • Pancreatite aguda
  • úlcera péptica aguda
  • peritonite aguda
  • Pielonefrite aguda
  • Cólica ureteral aguda
  • crise adrenal
  • Cólica biliar
  • Obstrução intestinal
  • volvo intestinal
  • Carcinóide
  • Gravidez ectópica com ruptura tubária
  • Febre mediterrânea familiar
  • hemoperitônio
  • Pedra no rim
  • torção ovariana
  • Ruptura do baço
  • Anemia Siclecular

Prognóstico

Em geral, o achado de abdome agudo é indicativo de problema cirúrgico e, antigamente, o paciente era levado diretamente para o centro cirúrgico. Infelizmente, também existem alguns distúrbios médicos que podem apresentar dor abdominal aguda que requer terapia médica. Essas condições incluem pancreatite aguda, anemia falciforme, cetoacidose diabética, crise adrenal e pielonefrite. Hoje, a ultrassonografia e/ou a tomografia computadorizada são amplamente utilizadas para determinar a causa do abdome agudo, para que o cirurgião saiba de antemão o que esperar durante a cirurgia. Também evita cirurgias desnecessárias em pacientes com causas médicas de abdome agudo.

Todos os pacientes com abdome agudo precisam ser vistos por um cirurgião. Se o paciente estiver estável, estudos de imagem podem ser obtidos. Se o paciente estiver instável, pode ser necessária intervenção cirúrgica imediata. O prognóstico dos pacientes depende da causa

Complicações

Se não for tratado, um abdome agudo pode resultar no seguinte:

  • Sepse
  • Necrose e/ou gangrena do intestino
  • Fístula
  • Morte

Cuidados pós-operatórios e de reabilitação

Como a maioria dos pacientes com abdome agudo são idosos, eles são mais bem tratados em UTI. Muitas vezes são necessários hidratação intravenosa, descompressão nasogástrica e controle da dor. O papel dos antibióticos depende da causa. Monitoramento rigoroso é necessário, pois os pacientes podem desenvolver complicações como atelectasia, íleo, infecções de feridas, TVP e pneumonia.

Cuidado de Enfermagem

O cuidado enfermagem diante de um paciente com quadro de abdome agudo envolve uma avaliação clínica detalhada pelo Enfermeiro com o auxílio do Técnico de Enfermagem.

Os cuidados de Enfermagem fazem parte do tratamento adequado ao paciente e incluem a verificação dos sinais vitais (SSVV), sinais de choque, hipotensão, sudorese, pele fria e pegajosa, febre, taquicardia, palidez e avaliação do nível de dor.

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