Autópsia - Termo técnico de enfermagem

Autópsia

Atualizado em 22/02/2023 às 08:29

Autópsias não eram permitidas no Brasil nos seus primeiros séculos de colonização portuguesa.

Uma autópsia, necropsia, necrópsia ou exame cadavérico é um procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar presente.

É geralmente realizada por um médico especializado, chamado de legista num local apropriado denominado morgue, ou necrotério.

Autópsias não eram permitidas no Brasil nos seus primeiros séculos de colonização portuguesa. Contudo, em casos excepcionais, algumas foram feitas por imposição da justiça e com o devido consentimento do Santo Ofício. Nos territórios sob dominação holandesa e portanto livre do jugo do Tribunal da Inquisição, Willem Piso, no século XVII, realizou livremente as primeiras autópsias no Brasil.

O termo autópsia deriva do grego clássico αυτοψία que significa “ver por si próprio” (e não “ver a si próprio”), composto de αυτος (autós, “si mesmo”) e ὄψις (ópsis, “visão”).

Outro termo grego equivalente e de uso mais recente é νεκροψία (necropsía), composto de νεκρÏŒς (nekrós, “morto”) e e ὄψις (ópsis, “visão”).

Como é feita uma autópsia?

Pela abertura de três cavidades do corpo: crânio, tórax e abdome. Um médico-legista analisa os órgãos de cada região para descobrir as circunstâncias e as causas da morte.

Três situações exigem esse tipo de exame:

  1. morte violenta ou suspeita, quando o corpo é levado para o Instituto Médico Legal (IML);
  2. morte natural em que faltou assistência médica ou por doença sem explicação, que fica a cargo do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO);
  3. quando a doença é rara e precisa ser estudada, mais comum em hospitais acadêmicos. Apesar de o processo ser conhecido popularmente como autópsia, o termo correto é necropsia – uma vez que “auto” indica que você faria o exame em si mesmo.

INDÍCIOS DE MORTE

Como identificar as causas do óbito pela aparência de um órgão

– Pus no pulmão indica pneumonia. A doença pode ter sido causada pelo entubamento em um paciente que ficou internado por muito tempo.

– Pulmões inchados, cheios de pintas vermelhas e face arroxeada indicam asfixia. No caso de afogamento, eles também ficam cheios de água

– Massa encefálica espalhada é um sinal de fratura no crânio, que pode ser resultado de algum tipo de golpe na cabeça,como uma machadada

– Órgãos pálidos representam grande perda de sangue devido a uma hemorragia. Pode ser a consequência de um ferimento a bala no coração, por exemplo

CORTE A CORTE

Os procedimentos e o trabalho dos legistas em uma vítima de morte violenta.

  1. Após o reconhecimento da família, o corpo é identificado com um número que remete a documentos como o RG e o Boletim de Ocorrência. Roupas e projéteis são enviados para o Instituto de Criminalística, da Polícia Científica, que faz perícias em locais e objetos. O cadáver é pesado e lavado com água e sabão.
  2. Na sala de necropsia, o exame começa com a análise externa do corpo. Médico e auxiliar procuram furos de bala, lesões e até sinais que identificam o morto, como uma tatuagem ou uma cicatriz. Todos os detalhes são anotados e farão parte de um documento emitido pelo IML.
  3. “O próximo passo é o exame interno, pela abertura das cavidades do cadáver e pelo exame minucioso de suas vísceras”, conta Roberto Souza Camargo, diretor do IML de São Paulo. Com um rasgo que vai do pescoço ao púbis e que pode ter formato de Y, de T ou de I, o legista tem acesso à caixa torácica e ao abdome.
  4. Os órgãos agredidos que podem ajudar na descoberta da causa da morte são retirados e examinados – como um coração esfaqueado ou o estômago, no caso de envenenamento. É feita tanto uma análise geral quanto microscópica e os resultados são combinados no relatório final.
  5. Depois dos órgãos do tórax, o médico corta o couro cabeludo de uma orelha a outra para remover o cérebro. A tampa do crânio é retirada com uma serra elétrica, mas o cérebro só pode ser arrancado se todos os nervos que o conectam ao corpo são cortados – entre eles, os nervos ópticos, ligados aos olhos.
  6. Ao final da análise, os órgãos são reinseridos e o corpo é fechado. Os pequenos pedaços utilizados em exames são incinerados. O legista usa uma costura contínua, que tem um ponto inicial e segue do começo ao fim dos cortes. Cabelos e roupas escondem as suturas durante o enterro.
  7. O processo inteiro, da chegada à liberação do corpo, dura de quatro a oito horas. A necropsia leva entre duas e três horas.Ao fim do exame, o IML emite uma Declaração de Óbito, com a identificação e o motivo da morte. Com esse documento, a família consegue retirar a Certidão de Óbito em um cartório.

Para ser médicolegista é preciso formar-se em medicina e prestar concurso público.

O IML não mexe só com mortos. Em São Paulo, boa parte dos atendimentos (92%) é feita com gente viva, como vítimas de agressões, acidentes de trânsito e de trabalho.

FONTES:

Roberto Souza Camargo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do IML de São Paulo; Karla Campos, perita criminal, assistente técnica do superintendente da Polícia Científica de São Paulo; Flávio de Oliveira Lima, professor da Faculdade de Medicina da Unesp e responsável pelo Serviço de Verificação de Óbitos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unesp; Ministério da Saúde; Manual de Medicina Legal, de Delton Croce.

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