A boca faz parte do sistema digestivo como abertura anterior do tubo digestivo dos animais e onde inicia-se o processo da digestão no homem.
Geralmente localiza-se na parte frontal da cabeça do animal. A boca é formada pelos dentes,língua, gengiva, palato – céu da boca –, bochecha e lábios. Esse grupo é responsável pelo início da digestão. Um adulto tem 32 dentes. A função dos quatro incisivos, que ficam na parte da frente da arcada, é cortar a comida.
Características gerais
Nos animais com sistema digestivo completo, a boca forma a abertura de entrada do referido sistema, e o ânus forma a outra abertura. No desenvolvimentoembrionário, tanto o ânus como a boca podem se formar a partir do blastóporo — a abertura inicial da blástula. Caso a boca se forme primeiro e a partir do blastóporo e o ânus se desenvolva mais tarde, temos o grupo de animais protóstomos. Caso o ânus se desenvolva a partir da blástula temos os animaisdeuteróstomos.
Em muitos animais de sistema digestivo incompleto, como os cnidários, a boca atua tanto como orifício de entrada de alimentos como orifício de saída de excreções.
A boca humana é constituída pelos dentes e pela língua, que misturam e transformam os alimentos em bolo alimentar, ao envolvê-los em saliva. Os dentes não são todos iguais. Conforme a sua função cada dente tem uma forma diferente. Podemos distinguir os incisivos, cuja missão é cortar os alimentos; os caninos, encarregados de rasgar os alimentos, e os pré-molares e molares, que servem a trituração dos mesmos. Os dentes encontram-se situados nos dois maxilares, constando a dentição permanente de 4 incisivos. 2 caninos. 4 pré-molares e 6 molares em cada maxilar. Vale observar que evolucionariamente esses números vem diminuindo. Ex: A falta cada vez mais freqüente do terceiro molar na dentição do homem moderno.
A língua é o órgão que recebe os estímulos responsáveis pela sensação do sabor dos alimentos. É na língua que se situam a maioria das papilas gustativas.
Ao redor da boca humana (e também em seu interior) existem as glândulas salivares que produzem a saliva. Uma de suas principais funções é a de transformar oamido em produtos mais simples. Depois de formado, o bolo alimentar passa para a faringe (deglutição).
A mucosa da boca ou oral possui algumas funções:
- Protege devidamente contra forças abrasivas.
- Oferece uma barreira contra microorganismos, toxinas e antígenos através da saliva. As menores glândulas da mucosa oral oferecem lubrificação e seleção de alguns anticorpos.
- A mucosa é ricamente enervada fornecendo sensação de tato, dor, e paladar.
A mucosa bucal pode ser mastigatória, de revestimento ou mucosa especializada. A mucosa da boca é dividida em três tipos de mucosa: a mucosa envolvida no processo de mastigação, a mucosa que reveste a boca e uma mucosa especializada.
A mucosa mastigatória é composta por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, ou paraqueratinizado, umidificado e tecido conjuntivo subjacente.
As partes da cavidade oral expostas a forças de fricção e cisalhamento (gengiva, superfície dorsal da língua e palato duro) são cobertas pela mucosa mastigatória que é constituída de epitélio pavimentoso estratificado geralmente queratinizado e por tecido conjuntivo denso na modelado subjacente.
A mucosa de revestimento é composta por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado superposto a tecido conjuntivo denso não modelado, porém mais frouxo do que o da mucosa mastigatória.
Há ainda uma mucosa especializada para a percepção do gosto, que cobre as regiões da mucosa oral que possuem corpúsculos gustativos (superfície dorsal da língua e áreas do palato mole e da faringe).
A mucosa bem perto da gengiva que recobre o dente é diferente da mucosa da região da bochecha. Quando o indivíduo se alimenta, o material sólido está constantemente batendo na gengiva ou no palato duro, enquanto na bochecha ou na região entre o lábio e o dente não há tanta agressão. Por isso, a mucosa do palato e da gengiva vão precisar de maior resistência, que se reflete num epitélio com mais queratina.
O pirarucu raspa a pedra para se alimentar. Nós utilizamos a língua para trabalhar o alimento. Qual a língua que vai ter mais queratina, a do pirarucu ou a humana. A do pirarucu, pois precisa de mais dureza e resistência para entrar em atrito com as pedras. A língua do pirarucu tem tanta queratina que no Pará é utilizada para raspar coco, pois está adaptada a essa função.
Se dois animais da mesma espécie forem tratados com tipos de alimentação diferentes; uma muito sólida e outra bem pastosa, durante boa parte da vida, o primeiro terá a língua com muito mais queratina.
A submucosa bem desenvolvida ou pouco desenvolvida, lâmina própria rica em colágeno ou pobre em colágeno, epitélio rico em queratina ou pobre em queratina são características das regiões conforme a função da região.
O epitélio está preso à lâmina própria, então essa lâmina própria tem que ser rica em fibras colágenas para prender o epitélio.
Algumas regiões da boca vão ter tecido adiposo na submucosa. Não é o caso do palato, pois ao lançar o alimento o palato se movimentaria para frente e para trás, o que prejudicaria o rendimento da atividade desse palato. Já na bochecha, tem tecido adiposo na submucosa. Em alguns lugares, não tem submucosa, só tem o córion da mucosa. Em alguns lugares a mucosa se continua pelo osso: é o caso da gengiva, onde há epitélio e a lâmina própria se amarra ao periósteo.
Sobre o epitélio está a camada queratinizada. A camada queratinizada varia entre os diversos animais e nós humanos. Alguns animais possuem essa camada muito mais espessa.
Nenhum de nós tem queratina na bochecha, ou no lábio por dentro. Mais há vários animais que tem queratina na bochecha: o boi corta com a língua o capim, mastiga aquilo, e trabalha e joga o alimento no estômago. O alimento é associado ao ácido clorídrico e o estômago joga de volta esse bolo alimentar ácido à boca. Se a mucosa oral da bochecha do boi não tivesse queratina, estaria danificada. O ruminante tem queratina na bochecha.
O epitélio da mucosa oral possui as seguintes camadas: a camada basal, camada de células espinhosas, camada granular ou intermediária e camada superficial, que pode ou não ser queratinizada.
As células que estão na base, ou a camada germinativa, do epitélio da mucosa oral originam as demais camadas até a última, que é uma camada que descama. A mucosa bucal é descamativa. Em alguns lugares, acima da camada que descama, tem queratina.
Na camada germinativa, se formam muitas mitoses. A camada que sofre multiplicação ou mitose é a camada basal, também chamada germinativa.
A camada espinhosa tem esse nome porque no início do século, cientistas viam essa camada ao microscópio e achavam que passavam espinhos de uma célula para outra . Depois descobriram que na verdade, esses espinhos eram desmossomos. A camada espinhosa é então rica em desmossomos. O desmossomo segura uma célula à outra, temos então que estas células da camada espinhosa estejam muito juntas umas das outras. A riqueza de desmossomos então confere resistência a esse epitélio. Se não houvesse tanto desmossoma portanto, essa mucosa seria facilmente arrancada. Porém graças aos desmossomos não é possível com uma agressão simples na boca arrebentar as células espinhosas, porque a riqueza desmossômica é tão grande que elas ficam presas umas as outras.
A camada granulosa tem esse nome porque é cheia de grânulos que correspondem querato-hialina. A célula vai se enchendo de grânulos de querato-hialina e esses grânulos vão substituindo a célula. No lugar de ribossomos, mitocôndrias,etc, vão aparecer grânulos de querato-hialina. Vai chegar um momento em que essa célula está tão cheia de grânulo de querato-hialinaque essa célula baixa sua qualidade funcional e descama. Em alguns lugares, a quantidade de querato-hialina é tanta, que a célula mesmo morta apresenta-se cheia de querato-hialina. Querato-hialina compactada dá queratina.
Em alguns setores a camada granulosa tem muito mais grânulos. Em outros setores, tem menos. Em alguns lugares, a camada granulosa se continua pela camada queratinizada. Em outros, essa granulosa é a última camada.
Estruturação dinâmica
A cavidade oral está constituída por elementos funcionais extraordinariamente dinâmicos que lhe conferem a sua identidade fisiológica. Daí, torna-se indispensável entender bem quais são esses elementos constitutivos, como funcionam e, especialmente como eles se inter-relacionam com o intuito de estruturar uma entidadesui generis: a boca, propriamente dita.
Dentro desses elementos estruturais, devem ser diferenciados dois grandes grupos:
Elementos ativos
Quando se especifica elementos da boca, se está referindo àqueles que, de algum modo na sua função, gastam energia: isto é, precisam formar ATP e logo, que será utilizada na efetuação de uma atividade específica da boca.
Os elementos orais de caráter ativo são:
- os nervos,
- os músculos esqueléticos da boca
- glândulas de secreção exócrina, fundamentalmente,
- e também, de acordo com achados mais recentes, de natura hormonal.
Deve-se destacar que os elementos ativos, em particular músculos e nervos, exibem a propriedades da excitabilidade, gerando potenciais de ação que podem ser propagados para outras estruturas.
Elementos passivos
Os elementos orais de caráter passivo, não requerem a liberação de energia para a realização imediata da sua função: contudo estas estruturas como qualquer orgânica, precisam de metabolismo energético para manter suas características biológicas. Entre os elementos passivos devem ser considerados:
- os dentes,
- os ossos maxilo-mandíbulares e faciais,
- os tendões e
- ligamentos, a articulação têmporo-mandibular,
- a mucosa ou epitélio de revestimento da cavidade bucal, como também
- os vasos sanguíneos que irrigam os elementos bucais.
Deve-se agregar aos elementos mencionados, as estruturas correspondentes ao sistema imune.
Não há diferença quanto à relevância, porque um grupo pode ser tão importante quanto o outro, porque eles trabalham de forma conjunta e estruturais.