Caso de amputação clandestina em idosa acende alerta sobre prática ilegal

Última atualização: 29/01/2025

O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) se manifestou com veemência contra o caso chocante de uma idosa de 103 anos que teve um dos pés amputado por uma enfermeira dentro de casa, em Brasília. O órgão ressaltou que enfermeiros não têm autorização para realizar amputações, sendo sua atuação limitada à reabilitação de pacientes submetidos a cirurgias desse tipo. A execução de um procedimento cirúrgico tão delicado sem supervisão médica, em um ambiente não adequado e sem anestesia, destaca os riscos de intervenções realizadas fora das normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias.

O caso: cirurgia sem anestesia e em ambiente inadequado

O episódio, que ocorreu em um domicílio na Asa Norte, trouxe à tona preocupações sobre a prática ilegal de procedimentos invasivos por profissionais sem a devida qualificação. De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a enfermeira utilizou um bisturi inadequado para amputar o pé necrosado da idosa. O procedimento foi realizado sem anestesia e sem as mínimas condições de assepsia exigidas para uma cirurgia. Ver Idosa de 103 anos tem pé amputado por enfermeira sem anestesia; caso gera indignação nas redes sociais.

A vítima teria sentido dores intensas durante a intervenção, o que agrava ainda mais a gravidade da situação. Familiares da idosa relataram que, antes da amputação, a profissional teria dito que apenas removeria uma unha encravada.

Posicionamento do Coren-DF e investigações policiais

Diante da repercussão do caso, o Coren-DF divulgou uma nota oficial repudiando a conduta da enfermeira e esclarecendo que tais práticas são ilegais e antiéticas. “Condenamos de forma contundente qualquer ação que viole os preceitos éticos, técnicos e legais da enfermagem. Casos como esse não representam a categoria, que é composta por profissionais comprometidos com a assistência segura e de qualidade“, informou a entidade.

A PCDF está conduzindo uma investigação detalhada para apurar as circunstâncias do caso. Os investigadores buscam entender não apenas o que levou a profissional a realizar a amputação, mas também o que foi feito com o pé amputado da idosa. Além disso, outros profissionais de saúde que prestavam atendimento domiciliar à paciente estão sendo chamados para depor.

Estado de saúde da idosa e desdobramentos

Após a cirurgia clandestina, a idosa precisou ser internada em um hospital da capital para tratar complicações decorrentes do procedimento inadequado. O estado de saúde da paciente não foi divulgado em detalhes, mas foi confirmado que ela passou por nova cirurgia, desta vez realizada por profissionais qualificados, para amputar parte da perna afetada pela necrose.

Os investigadores da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual (Decrin) estão acompanhando de perto o caso. Os familiares da vítima também estão colaborando com as apurações e devem prestar depoimentos em breve.

Impacto e debate sobre a regulamentação profissional

O caso reacendeu o debate sobre os limites da atuação de enfermeiros e a necessidade de reforçar a fiscalização para coibir práticas ilegais na área da saúde. Especialistas ressaltam que, além de expor pacientes a riscos graves, procedimentos como esse podem configurar crime de exercício ilegal da medicina e lesão corporal grave.

A situação também levanta questões sobre a qualidade do atendimento home care e a capacitação dos profissionais contratados para esse tipo de serviço. O Coren-DF reforçou que seguirá acompanhando o caso e colaborando com as autoridades para que os responsáveis sejam devidamente punidos.

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