Última atualização: 07/03/2025
O setor de clínicas populares no Brasil registrou uma expansão notável nas últimas décadas, refletindo a crescente busca da população por serviços médicos acessíveis. Entre 2010 e 2022, o crescimento dessas unidades chegou a impressionantes 200%, conforme levantamento do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps). Esse ritmo acelerado supera em quatro vezes a taxa de expansão de outros estabelecimentos de saúde no país, evidenciando uma tendência de mudança no comportamento dos brasileiros diante das dificuldades enfrentadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e das barreiras de entrada impostas pelos planos de saúde tradicionais.
A demanda por alternativas ao SUS e aos planos de saúde
O crescimento expressivo das clínicas populares pode ser explicado, em parte, pela dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva apontou que 72% dos brasileiros pertencentes à Classe C recorreram a consultas particulares devido às longas filas e à demora para agendamentos no SUS.
Diante desse cenário, as clínicas populares emergem como uma alternativa viável para aqueles que não possuem um plano de saúde, mas que ainda assim desejam atendimento médico de qualidade e com valores acessíveis.
Novos modelos de planos de saúde em discussão
Para atender às necessidades desse público, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estuda a implementação de planos de saúde com cobertura reduzida, excluindo internações e atendimentos de emergência, por um custo inferior a R$ 100.
A proposta está aberta para consulta pública até o dia 4 de abril e pode representar um novo capítulo na regulamentação do setor, proporcionando mais opções para aqueles que buscam alternativas ao SUS sem arcar com os altos valores dos planos tradicionais.
Diferentes modelos de negócios dentro do setor
Outro aspecto relevante do estudo realizado pelo Ieps é a diversidade dos modelos de negócios adotados pelas clínicas populares. Algumas dessas unidades operam de forma semelhante a hospitais-dia, oferecendo atendimentos mais completos, enquanto outras funcionam como consultórios tradicionais, focados em consultas e exames de rotina.
A presença dessas clínicas em diferentes regiões do país também reforça sua importância como substitutas de parte dos serviços públicos de saúde, especialmente em locais onde o SUS enfrenta dificuldades de infraestrutura.
Apoio popular para planos acessíveis
A ideia de um plano de saúde privado mais acessível é amplamente apoiada pela população. Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva, 92% dos entrevistados em um estudo realizado em novembro de 2024 declararam ser favoráveis à criação de planos privados que cubram apenas consultas e exames. Esse apoio pode impulsionar a regulamentação de novos modelos de saúde suplementar e consolidar ainda mais o crescimento das clínicas populares no Brasil.
Diante desse panorama, fica evidente que a tendência é de continuidade no crescimento das clínicas populares, impulsionado tanto pela demanda reprimida do SUS quanto pelo alto custo dos planos tradicionais. As discussões sobre novos formatos de assistência à saúde demonstram a necessidade de soluções inovadoras para garantir atendimento de qualidade a uma parcela cada vez maior da população brasileira. Veja também Profissionais do Hospital Gemelli realizam peregrinação de esperança e oração pelo Papa Francisco.
