Última atualização: 08/01/2025
A triagem nos serviços de urgência e emergência é um momento crucial para determinar a gravidade do quadro clínico de um paciente e definir a prioridade de atendimento. Porém, a precisão dessa avaliação muitas vezes depende das informações fornecidas pelo próprio paciente – e aqui reside um problema recorrente: a omissão ou a distorção de sintomas. Seja por medo, vergonha ou até mesmo pela intenção de manipular a ordem de atendimento, muitos pacientes não relatam seus sintomas de forma precisa, colocando em risco sua própria saúde.
Com o advento da inteligência artificial (IA) e das tecnologias avançadas de monitoramento, essa realidade está prestes a mudar. No futuro, mentir ou omitir informações na triagem será praticamente impossível.
A Era da Triagem Automatizada
Imagine um paciente chegando à emergência de um hospital. Antes mesmo de ser questionado por um profissional, sensores instalados no local começam a coletar seus sinais vitais. A frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal e nível de oxigênio no sangue são registrados em segundos. Câmeras discretas capturam detalhes sutis, como o padrão respiratório e a postura do paciente, enquanto algoritmos analisam possíveis sinais de dor ou desconforto.
Esses dados objetivos, combinados com o histórico médico do paciente, são imediatamente processados por um sistema de IA. Qualquer tentativa de omitir informações ou exagerar sintomas é rapidamente identificada, já que os dados fisiológicos não mentem. Por exemplo, um paciente que diz estar sentindo dor aguda pode ser avaliado quanto à veracidade do relato com base na ausência de sinais típicos de dor, como aumento da frequência cardíaca ou mudanças na expressão facial.
Tecnologia contra a subjetividade
Atualmente, a triagem depende amplamente do relato subjetivo dos pacientes, o que pode levar a erros na classificação de risco. No futuro, a subjetividade será substituída por dados concretos. A inteligência artificial será capaz de:
- Captar sinais invisíveis: Algoritmos avançados poderão detectar mudanças mínimas na expressão facial, no tom de voz e na postura que indiquem desconforto ou estresse, mesmo que o paciente tente ocultá-los.
- Analisar inconsistências: Se um paciente relatar dores intensas, mas seus sinais vitais indicarem normalidade, o sistema poderá sinalizar a discrepância para o enfermeiro responsável.
- Priorizar com base em evidências: Informações objetivas permitirão uma triagem mais precisa, reduzindo erros causados por informações erradas ou incompletas.
O fim das omissões e exageros
Um exemplo prático dessa revolução tecnológica seria o caso de um paciente que omite sintomas por medo de ser hospitalizado. Ele chega à emergência com queixas leves de cansaço, mas seus sinais vitais mostram um padrão respiratório acelerado e uma leve queda na oxigenação. A IA cruza essas informações com o histórico médico e identifica um risco de insuficiência cardíaca. Graças à tecnologia, o paciente é priorizado, evitando um desfecho potencialmente fatal.
Por outro lado, a tecnologia também será eficaz contra exageros. Um paciente que afirma estar em dor extrema, mas apresenta sinais vitais estáveis, poderá ser reclassificado com base nos dados coletados, evitando que casos mais graves sejam atrasados.
A importância da humanização no futuro da Triagem
Embora a IA e a automação tragam avanços significativos, o papel do profissional de saúde continuará sendo indispensável. O enfermeiro, por exemplo, será fundamental para interpretar os dados fornecidos pela tecnologia e oferecer um acolhimento humanizado. A empatia e a comunicação direta com o paciente ainda serão essenciais para garantir uma experiência de cuidado que vá além dos números.
Além disso, o enfermeiro terá um papel educativo importante. Ao explicar ao paciente que seus sinais estão sendo monitorados em tempo real, ele pode incentivar a honestidade no relato, reforçando a relação de confiança entre o paciente e a equipe de saúde.
Desafios e Ética no uso da Tecnologia
Apesar dos benefícios, o uso de IA na triagem traz desafios éticos. Garantir a privacidade dos dados dos pacientes será uma prioridade, já que a coleta de informações tão detalhadas exige sistemas altamente seguros. Além disso, é essencial que os algoritmos sejam treinados com dados diversos para evitar preconceitos que possam prejudicar populações específicas.
Outro ponto de atenção é evitar que a tecnologia desumanize o atendimento. Mesmo com dados objetivos, a presença do enfermeiro será essencial para interpretar situações complexas que envolvam fatores emocionais ou sociais.
Uma nova Era de transparência e segurança
Com a integração da inteligência artificial e das tecnologias avançadas de monitoramento, a triagem hospitalar entrará em uma nova era. O fim das omissões e mentiras permitirá uma classificação de risco mais precisa, garantindo que os pacientes recebam o cuidado adequado no momento certo. A combinação de dados objetivos com o julgamento clínico dos profissionais de saúde resultará em um sistema mais seguro, eficiente e justo.
Mentir na triagem será coisa do passado, e o futuro será marcado por um atendimento baseado em evidências, empatia e inovação tecnológica. A saúde do amanhã estará mais preparada para lidar com as complexidades humanas, sem deixar espaço para erros evitáveis. Ver A profissão de enfermagem corre o risco pelo avanço da Inteligência Artificial (IA)?.