Última atualização: 01/01/2025
GASTRITE: CONCEITO, CAUSAS, CLASSIFICAÇÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM. A gastrite consiste em uma inflamação do revestimento mucoso do estômago, que normalmente é resistente à irritação e ao conteúdo ácido presente no estômago. No entanto, pode inflamar-se por diversos motivos, variando desde hábitos alimentares inadequados até doenças sistêmicas ou uso de substâncias corrosivas. Ver Resolução Cofen Nº 619/2019.
1. ETIOLOGIA (CAUSAS)
- Hábitos dietéticos:
- Ingestão excessiva de alimentos;
- Mastigação rápida;
- Consumo de alimentos muito condimentados, ácidos, corrosivos, contaminados ou muito quentes/frios;
- Consumo de álcool em excesso.
- Refluxo biliar: Exposição da mucosa gástrica a bile.
- Uso de determinados fármacos:
- Aspirina;
- AINEs (anti-inflamatórios não esteroides);
- Digitálicos;
- Quimioterápicos.
- Distúrbios sistêmicos:
- Uremia;
- Choque;
- Lesões do SNC;
- Cirrose hepática;
- Hipertensão portal;
- Tensão emocional prolongada.
- Agentes corrosivos (produtos de limpeza) ou exposição à radiação (radioterapia).
2. CLASSIFICAÇÃO
2.1 Gastrite Bacteriana
- Causada por infecção, mais comumente pelo Helicobacter pylori, bactéria que se desenvolve em ambiente ácido, afetando a mucosa do estômago.
- Pode ser transitória ou persistente.
2.2 Gastrite Aguda por Estresse
- Forma grave, decorrente de doença ou lesão súbita (queimaduras extensas, hemorragias maciças etc.).
- A lesão pode não ter origem diretamente no estômago, mas repercute nele.
2.3 Gastrite Erosiva Crônica
- Secundária a substâncias irritantes, como medicamentos (ex.: AINEs).
2.4 Gastrite Viral ou por Fungos
- Mais frequente em pacientes imunodeprimidos ou crônicos.
2.5 Gastrite Eosinofílica
- Possível reação alérgica a infestação por vermes (nematódeos).
2.6 Gastrite Atrófica
- Processo autoimune em que anticorpos agridem a mucosa gástrica, levando a atrofia e perda de células produtoras de ácido e enzimas.
2.7 Doença de Ménétrier
- De causa desconhecida. Provoca a formação de pregas gástricas volumosas, cistos cheios de líquido e glândulas grandes. Cerca de 10% dos afetados desenvolvem câncer gástrico.
2.8 Gastrite de Células Plasmáticas
- Acúmulo de células plasmáticas (tipo de glóbulo branco) no estômago e em outros órgãos. Etiologia também não estabelecida.
3. SINTOMAS
Variam conforme o tipo de gastrite, podendo incluir:
- Desconforto epigástrico (dor ou sensação de queimação na parte superior do abdômen);
- Hipersensibilidade abdominal;
- Eructação (arrotos), náuseas e vômitos;
- Cólicas e diarreia (especialmente após ingestão de alimentos contaminados, cerca de 5h depois);
- Hematêmese (vômito com sangue) em alguns casos.
4. DIAGNÓSTICO
- Análise clínica: Avaliação de sintomas (dor abdominal alta, náuseas, vômitos, desconforto).
- Investigação de causas: Verificação de hábitos alimentares, uso de medicamentos, consumo de álcool, possível infecção bacteriana (H. pylori).
- Endoscopia com biópsia: Pode confirmar a presença de H. pylori e avaliar a extensão da lesão na mucosa gástrica.
- Exames laboratoriais: Dependendo da suspeita clínica (teste de urease, sorologia etc.).
5. TRATAMENTO
5.1 Farmacológico
- Antiácidos (reduzem acidez, aliviando sintomas);
- Antieméticos (controle de náuseas e vômitos);
- Bloqueadores de receptores H2 (ranitidina, famotidina) ou inibidores de bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol);
- Antibióticos (quando há infecção por H. pylori).
5.2 Regime Dietético
- Alimentação fracionada em pequenas refeições ao dia;
- Evitar alimentos irritantes (condimentados, ácidos, muito quentes, gelados etc.);
- Limitar ou suspender o uso de álcool, café e outras bebidas irritantes.
5.3 Medidas Adicionais
- Erradicação do Helicobacter pylori: Pode exigir combinação de antibióticos e inibidores de bomba de prótons por algumas semanas;
- Controle do estresse e tratamento de doenças de base (cirrose, insuficiência renal, etc.) se relacionadas à gastrite.
6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM
- Proporcionar conforto e segurança
- Ambiente repousante, calmo e tranquilo;
- Ventilação adequada no local.
- Apoio psicológico
- Escuta ativa das queixas;
- Orientar familiares para manter uma atmosfera favorável, livre de conversas que perturbem o paciente.
- Dieta
- Dividir as refeições em pequenas porções várias vezes ao dia, evitando sobrecarga gástrica;
- Promover dieta branda, conforme prescrição;
- Verificar tolerância a alimentos e líquidos.
- Higiene Oral
- Três vezes ao dia com solução antisséptica, auxiliando na redução do desconforto e mal-estar.
- Monitoramento dos Sinais Vitais
- A cada 4 horas ou conforme prescrição (T, FC, FR, PA), observando mudanças súbitas.
- Administração de Medicamentos
- Seguir a prescrição médica rigorosamente (antiácidos, antieméticos, antibióticos etc.);
- Registrar horários e possíveis reações adversas.
A gastrite pode apresentar-se de forma aguda ou crônica, tendo etiologias diversas (bacteriana, inflamatória, química, autoimune). A assistência de enfermagem concentra-se em assegurar o conforto, promover dieta adequada, orientar o paciente e familiares quanto a hábitos que favoreçam a recuperação e garantir a correta administração de fármacos. O cuidado multiprofissional, incluindo acompanhamento médico, nutricional e psicológico, melhora significantemente o prognóstico e a qualidade de vida do paciente. Ver Sondagem Gastrointestinal.
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