Litíase Renal

Última atualização: 01/01/2025

A litíase renal, popularmente conhecida como “pedras nos rins“, é uma condição comum que afeta uma parcela significativa da população. Esta patologia é caracterizada pela formação de cálculos no trato urinário, que podem variar em tamanho, composição e localização, causando sintomas que vão desde o desconforto leve até dores intensas. Ver Exame físico em pacientes com alterações renais: Avaliação e monitoramento.


O que é Litíase Renal?

A litíase renal ocorre quando cristais se formam na urina devido à supersaturação de substâncias como cálcio, oxalatos, ácido úrico e cistina. Esses cristais podem crescer e formar cálculos que, dependendo de sua localização e tamanho, podem obstruir o fluxo urinário, causando dor e outros sintomas.


Classificação das Litíases Urinárias

As litíases podem ser classificadas de acordo com sua composição química:

  1. Cálculos de Cálcio (70-90%)
    • São os mais comuns, geralmente compostos por oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio.
    • Associados a condições como hipercalciúria, hiperparatireoidismo e consumo excessivo de alimentos ricos em oxalato.
  2. Cálculos de Infecção ou Estruvita (10-20%)
    • Relacionados a infecções urinárias recorrentes.
    • Formam-se em ambiente alcalino e são compostos por magnésio, amônio e fosfato.
  3. Cálculos de Ácido Úrico (5-10%)
    • Resultam de altos níveis de ácido úrico na urina, associados a gota ou dietas ricas em proteínas.
    • Comuns em pacientes com pH urinário persistentemente ácido.
  4. Cálculos de Cistina (2-3%)
    • Decorrem de um distúrbio genético chamado cistinúria.
    • Esses cálculos são raros e frequentemente recorrentes.

Causas da Litíase Renal

A formação de cálculos renais está associada a múltiplos fatores, como:

  1. Histórico Familiar: A predisposição genética é um fator importante.
  2. Dieta: Consumo elevado de proteínas, sal e alimentos ricos em oxalato.
  3. Baixa Ingestão de Líquidos: A desidratação aumenta a concentração de substâncias na urina.
  4. Distúrbios Metabólicos: Hipercalciúria, hiperuricosúria, cistinúria, entre outros.
  5. Infecções Urinárias: Facilitam a formação de cálculos de infecção.
  6. Imobilidade Prolongada: Reduz a reabsorção de cálcio pelos ossos, aumentando os níveis no sangue.
  7. Medicamentos: Diuréticos e algumas drogas podem aumentar o risco.

Quadro Clínico

Os sintomas variam dependendo do tamanho, localização e grau de obstrução causado pelo cálculo:

  • Dor Intensa e Súbita: A cólica renal, descrita como uma das dores mais intensas, ocorre nos flancos e pode irradiar para a virilha ou órgãos genitais.
  • Náuseas e Vômitos: Geralmente associados à dor severa.
  • Hematúria: Presença de sangue na urina devido ao trauma na mucosa urinária causado pela migração do cálculo.
  • Aumento da Frequência Urinária: Quando o cálculo está próximo à bexiga.
  • Urgência Miccional: Sensação de necessidade urgente de urinar.
  • Infecção Secundária: Febre, calafrios e sinais de infecção urinária em casos avançados.

Diagnóstico

O diagnóstico da litíase renal é feito com base na história clínica, exame físico e exames complementares:

Exames de Imagem

  1. Ultrassonografia: Identifica cálculos no trato urinário e sinais de hidronefrose.
  2. Tomografia Computadorizada: Método de escolha, detecta cálculos com alta precisão.
  3. Radiografia Abdominal: Útil para cálculos radiopacos, como os de cálcio.

Exames Laboratoriais

  • Urina de 24 Horas: Avalia a excreção de cálcio, oxalato, ácido úrico e cistina.
  • Análise do Cálculo: Determina sua composição química.
  • Hemograma e Urina Simples: Identificam sinais de infecção ou alterações metabólicas.

Tratamento

O tratamento depende do tipo, tamanho e localização do cálculo, bem como dos sintomas apresentados pelo paciente.

1. Manejo Clínico

  • Hidratação: Ingestão abundante de líquidos para diluir a urina e facilitar a eliminação espontânea.
  • Analgésicos e Antiespasmódicos: Controlam a dor e reduzem os espasmos ureterais.
  • Alcalinização da Urina: Com citrato de potássio para cálculos de ácido úrico ou cistina.

2. Intervenções Minimamente Invasivas

  • Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO): Fragmenta os cálculos para eliminação espontânea.
  • Ureteroscopia: Procedimento endoscópico para remoção de cálculos no ureter.

3. Cirurgias Avançadas

  • Nefrolitotomia Percutânea (NLP): Indicada para cálculos grandes ou complexos.
  • Cirurgia Aberta: Raramente necessária, reservada para casos extremos.

Prevenção

A prevenção é fundamental, especialmente devido à alta taxa de recidiva da litíase renal:

  1. Hidratação Adequada: Beber pelo menos 2 a 3 litros de água por dia.
  2. Dieta Balanceada: Reduzir o consumo de sal, proteínas animais e alimentos ricos em oxalato.
  3. Monitoramento Médico Regular: Exames periódicos para avaliar a saúde dos rins.
  4. Controle de Doenças Subjacentes: Como gota, diabetes e hipertensão.
  5. Evitar Sedentarismo: Atividade física regular ajuda a prevenir desequilíbrios metabólicos.

Condição desafiadora que requer abordagem multidisciplinar para diagnóstico

A litíase renal é uma condição desafiadora que requer abordagem multidisciplinar para diagnóstico, tratamento e prevenção. Com medidas adequadas, é possível reduzir os sintomas, evitar complicações graves e minimizar as chances de recidiva. A conscientização sobre a importância de hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular é essencial para manter a saúde renal em longo prazo.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *