Última atualização: 28/03/2025
A médica neurologista Claudia Soares Alves, de 42 anos, acusada de ter sequestrado uma recém-nascida da maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), foi libertada na última terça-feira (25), após oito meses detida. A soltura aconteceu em cumprimento a um alvará judicial na Unidade Prisional Regional Feminina de Orizona, no estado de Goiás, onde Claudia cumpria prisão preventiva desde julho de 2024. A informação foi confirmada pela Polícia Penal de Goiás. O caso, que chocou a população e gerou comoção nacional, ainda está sendo investigado em segredo de justiça, o que limita a divulgação de detalhes sobre a decisão que permitiu a liberdade provisória da médica.
Acusação envolve tráfico de pessoas e falsidade ideológica
Claudia foi formalmente indiciada pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas, após ser encontrada com a criança em sua residência, no município goiano de Itumbiara, a aproximadamente 135 quilômetros do local do rapto.
A bebê havia sido levada do hospital poucas horas após o nascimento, na noite do dia 23 de julho de 2024. De acordo com as investigações, a médica utilizou um disfarce meticuloso para se infiltrar na maternidade: usava jaleco, luvas, máscara cirúrgica, crachá institucional da UFU e uma touca hospitalar.
Plano elaborado com aparência de profissionalismo
Claudia, que à época ainda possuía vínculos com a Faculdade de Medicina da UFU, se apresentou ao pai da criança como pediatra responsável pelos cuidados iniciais da recém-nascida. Segundo relato do próprio pai, ela chegou a examinar a esposa, alegando que avaliaria a produção de leite materno, antes de comunicar que levaria a bebê para alimentação.
O pai relatou que, após alguns minutos sem retorno da suposta médica, percebeu que havia algo errado. A ausência prolongada da filha gerou o alerta, e rapidamente o desaparecimento foi notificado à direção do hospital e à polícia.
Câmeras flagraram a fuga com a criança
Imagens das câmeras de segurança do hospital registraram Claudia estacionando nas proximidades da unidade às 23h18, descendo do veículo com vestes médicas e uma mochila amarela. Ela foi vista retornando ao carro por volta das 23h55, carregando a bebê nos braços. A fuga, segundo as investigações, foi realizada com calma e sem levantar suspeitas dos funcionários da instituição naquele momento.
Após ser localizada em Itumbiara, Claudia afirmou à polícia que teria sofrido um surto psicótico induzido por medicamentos. Segundo seu depoimento, ela não tinha plena consciência de seus atos. Sua defesa baseia-se em laudos clínicos que, segundo os advogados, atestam a condição psicológica instável da médica no período do crime. Além disso, foi revelado que Claudia fazia parte do Cadastro Nacional de Adoção e tinha avaliação psicológica favorável, baseada em documentos apresentados por ela mesma durante o processo de habilitação.
Histórico profissional e outro caso sob investigação
A médica, que também era docente na instituição onde ocorreu o sequestro, já esteve envolvida em outro caso grave: está sendo investigada por possível participação na morte de uma farmacêutica em Uberlândia, crime ocorrido quatro anos antes do rapto. A ligação entre os dois casos ainda está sendo apurada pelas autoridades.
A equipe jurídica de Claudia Soares Alves tem evitado declarações à imprensa, alegando o caráter sigiloso do processo. O Tribunal de Justiça de Goiás também não divulgou os motivos exatos que fundamentaram a concessão da liberdade provisória.
O caso segue sendo acompanhado com atenção pela sociedade e pela imprensa, especialmente diante da gravidade dos crimes imputados. A libertação da médica reacende debates sobre segurança em maternidades, adoção legal, saúde mental e a vulnerabilidade das instituições diante de ações articuladas como a registrada em Uberlândia. Veja também Especialidade Enfermagem em Acesso Vascular e Terapia Infusional.