Última atualização: 04/02/2025
O câncer anal, embora raro, tem apresentado números expressivos no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e 2023, mais de 38 mil internações foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS) devido a essa enfermidade. A doença, que representa entre 1% e 2% dos tumores colorretais, levou a óbito mais de seis mil brasileiros no mesmo período. Diferente de outros tipos de câncer, o câncer anal muitas vezes passa despercebido nos estágios iniciais, pois seus sintomas podem ser confundidos com condições comuns, como hemorroidas e fissuras anais, dificultando o diagnóstico precoce. Especialistas alertam para os desafios no diagnóstico precoce e a importância da prevenção.
Sintomas muitas vezes ignorados
Um dos grandes obstáculos no combate ao câncer anal é a dificuldade em identificá-lo nos estágios iniciais. Os sintomas podem ser confundidos com problemas mais comuns, como hemorroidas, fissuras anais ou infecções. Os sinais de alerta incluem sangramentos retais, coceira persistente, dor, presença de nódulos ou alterações na consistência das fezes.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), Dr. Sergio Alonso Araújo, a confusão com outras condições pode atrasar o diagnóstico. “O sangramento, por exemplo, muitas vezes é atribuído a hemorroidas, fissuras ou até infecções. É essencial que qualquer anormalidade seja investigada por um coloproctologista o quanto antes”, orienta o especialista.
HPV: o vilão silencioso
O papilomavírus humano (HPV) é um dos principais fatores de risco para o câncer anal. A infecção pelo HPV é altamente transmissível e pode permanecer silenciosa no organismo por anos. Em alguns casos, o vírus pode desencadear lesões que evoluem para o câncer, não apenas no ânus, mas também no colo do útero, pênis, vulva e orofaringe.
A coloproctologista Ana Sarah Portilho, diretora de Comunicação da SBCP, destaca que a infecção pelo HPV geralmente não apresenta sintomas e pode levar até 15 anos para evoluir para um tumor em pessoas com sistema imunológico saudável. No entanto, em pacientes imunodeprimidos, como os portadores de HIV, essa progressão pode ser mais acelerada.
Prevenção: vacinação e uso de preservativos
A prevenção contra o câncer anal passa, sobretudo, pela vacinação contra o HPV e o uso de preservativos. A vacina contra o HPV, disponível no SUS, foi recentemente ampliada e está disponível para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Além disso, pessoas entre 9 e 45 anos que se encaixam em grupos de risco, como portadores de HIV, transplantados e pacientes oncológicos, também podem ser imunizadas gratuitamente.
O preservativo, tanto masculino quanto feminino, segue como uma das formas mais eficazes de reduzir a transmissão do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Importância do diagnóstico precoce
Por se tratar de um câncer que pode passar despercebido por longos períodos, os médicos reforçam a necessidade de check-ups regulares e exames preventivos. Em casos suspeitos, exames como anuscopia e biópsia são fundamentais para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes.
Para Dr. Araújo, a conscientização é o primeiro passo para reduzir os impactos da doença. “A população precisa entender que sintomas persistentes, por menores que pareçam, devem ser investigados. O câncer anal tem tratamento e, quando diagnosticado precocemente, as chances de cura são significativamente maiores”, afirma.
O câncer anal tem tratamento
Apesar de raro, o câncer anal é uma realidade crescente no Brasil, com milhares de internações e óbitos ao longo da última década. A disseminação de informações sobre os fatores de risco, os métodos de prevenção e a importância da vacinação contra o HPV são essenciais para reduzir a incidência da doença e salvar vidas. Além disso, é imprescindível reforçar a necessidade de buscar atendimento médico diante de qualquer sintoma suspeito.
Com um olhar atento para a saúde e medidas preventivas eficazes, é possível enfrentar esse desafio de maneira mais assertiva e garantir um futuro com menos casos da doença no país. Ver Estudante de medicina relata infecção por HPV em academia.