Estudo revela que Ômega-3 pode retardar o envelhecimento biológico em humanos

Última atualização: 04/02/2025

Uma nova pesquisa publicada na revista Nature Aging revelou que a suplementação diária de 1 grama de ômega-3 pode contribuir significativamente para retardar o envelhecimento biológico em humanos. O estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Zurique, analisou o impacto do composto em um grupo de 777 idosos suíços ao longo de três anos, trazendo evidências robustas sobre seu efeito na modulação da idade biológica. A descoberta reforça a importância de abordagens integradas para promover a longevidade saudável e reacende o debate sobre o papel dos ácidos graxos essenciais na preservação da saúde celular.

O papel do Ômega-3 no envelhecimento

O ômega-3 é um tipo de ácido graxo poli-insaturado encontrado principalmente em peixes de águas frias, como salmão, sardinha e arenque, além de suplementos específicos. Ele já era conhecido por seus benefícios cardiovasculares e anti-inflamatórios, mas até então, sua influência no ritmo do envelhecimento celular em humanos ainda não estava completamente esclarecida.

Os pesquisadores utilizaram uma tecnologia conhecida como relógios epigenéticos para medir a taxa de envelhecimento biológico dos participantes. Essas ferramentas analisam alterações químicas no DNA, chamadas metilações, que indicam se o organismo está envelhecendo acima, abaixo ou dentro da média esperada para determinada faixa etária.

Resultados surpreendentes

A pesquisa revelou que a ingestão diária de 1 grama de ômega-3 desacelerou o envelhecimento biológico dos voluntários em até quatro meses, independentemente de fatores como idade, sexo ou índice de massa corporal. Além disso, o estudo avaliou o impacto da suplementação em combinação com outros hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos e a ingestão de vitamina D. Os resultados mostraram que essa associação potencializou ainda mais os efeitos positivos, reduzindo não apenas o envelhecimento celular, mas também o risco de câncer e fragilidade física.

Ômega-3 e a longevidade: um novo caminho?

A principal autora do estudo, Heike Bischoff-Ferrari, doutora em Saúde Pública pela Universidade de Zurique, destacou a relevância da descoberta para a medicina do envelhecimento:

“Uma das grandes questões no campo do rejuvenescimento é se existe um tratamento eficaz para desacelerar o envelhecimento humano e não apenas em modelos experimentais, como ratos. Nossa pesquisa sugere que o ômega-3 pode ser um dos fatores-chave para essa estratégia.”

Contudo, a cientista ressalta que ainda não existe um padrão universal para medir o envelhecimento biológico e que mais estudos são necessários para validar os achados em populações diferentes. O estudo foi realizado exclusivamente com idosos suíços, o que pode limitar sua aplicabilidade global devido a diferenças genéticas, nutricionais e de acesso à saúde entre países.

A nutricionista funcional Gisele Haiek, que não participou do estudo, aponta que a dieta ocidental moderna tem baixos níveis de ingestão de ômega-3, o que pode impactar negativamente a saúde a longo prazo.

“Entre as razões para essa deficiência, estão a redução do consumo de peixes ricos em ômega-3 e a prevalência de peixes de cativeiro, que possuem menor valor nutricional devido à alimentação artificial”, explica Haiek.

O futuro da pesquisa: novas fronteiras para a medicina da longevidade

Os pesquisadores agora planejam expandir o estudo para incluir voluntários da Alemanha, França, Áustria e Portugal, buscando maior diversidade genética e de hábitos de vida. Além disso, está em desenvolvimento uma plataforma tecnológica que permitirá medir o envelhecimento dos órgãos e detectar precocemente marcadores de declínio celular. Essa nova abordagem poderá impulsionar a medicina preventiva, possibilitando que intervenções nutricionais e comportamentais sejam adotadas antes que doenças relacionadas à idade avancem.

Suplementação como aliada do envelhecimento saudável?

Os resultados da pesquisa indicam que a suplementação com ômega-3 pode ser uma ferramenta promissora para modular positivamente o envelhecimento biológico. No entanto, os cientistas alertam que a substância deve ser associada a um estilo de vida saudável, incluindo dieta equilibrada, atividade física e cuidados médicos regulares.

Com os avanços da ciência, entender como retardar o envelhecimento biológico se torna um dos grandes desafios do século XXI. Estudos como esse abrem novas perspectivas para que o envelhecimento saudável seja uma realidade acessível a um número maior de pessoas.

Enquanto mais pesquisas são conduzidas, fica o recado: a prevenção e os hábitos saudáveis continuam sendo as melhores estratégias para uma vida longa e com qualidade. Veja também Saúde cardiovascular: alimentos que ajudam a cuidar do coração.

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