Última atualização: 25/02/2025
O combate à leucemia ganha força no Pará, especialmente durante a campanha “Fevereiro Laranja”, que visa conscientizar a população sobre essa grave doença que se origina na medula óssea e afeta a produção das células sanguíneas. No estado, o Hospital Ophir Loyola (HOL) tem se consolidado como referência no tratamento de câncer e outras doenças hematológicas malignas, oferecendo assistência a mais de 300 pacientes de diversas idades. Um desses pacientes é Márcio Pinheiro, trabalhador autônomo de 32 anos, que há cinco meses recebeu o diagnóstico da doença após investigar sintomas persistentes de fadiga intensa e perda de peso sem explicação.
“Eu sentia um cansaço extremo que não melhorava. Além disso, perdi completamente o apetite e, em uma semana, emagreci seis quilos. Fiquei muito preocupado e resolvi buscar atendimento médico. Foi assim que descobri a leucemia. Desde então, minha vida virou de cabeça para baixo“, relata Márcio, que é pai de duas meninas, de 9 e 5 anos. Ele destaca o apoio da esposa, Rewzia, como essencial para enfrentar essa fase desafiadora.
Leucemia: números alarmantes no Brasil e no Pará
De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), até o final de 2025, o Brasil deve registrar aproximadamente 11.540 novos casos de leucemia, o que representa um risco médio de cinco casos para cada 100 mil habitantes. Os dados também apontam que a incidência entre homens é um pouco maior, com 6.250 novos casos previstos, enquanto 5.290 devem ocorrer entre mulheres. No Pará, a expectativa é de 360 novos diagnósticos até o fim de 2025, sendo 200 casos masculinos e 160 femininos.
A leucemia pode atingir qualquer pessoa, independentemente da idade, e se caracteriza pelo crescimento descontrolado de células anormais na medula óssea, comprometendo o sistema de defesa do organismo. Segundo o oncohematologista Thiago Xavier, do HOL, a doença interfere na produção de células saudáveis, impactando a funcionalidade da medula óssea e, consequentemente, a circulação sanguínea.
Tipos de leucemia e suas particularidades
A leucemia pode ser classificada de acordo com a velocidade de progressão da doença e o tipo de células afetadas. Quando o desenvolvimento das células cancerígenas acontece rapidamente, é chamada de leucemia aguda; já quando ocorre de forma mais lenta e gradual, recebe o nome de leucemia crônica.
Além disso, a doença também pode ser subdividida de acordo com o tipo de célula acometida:
- Leucemia linfóide aguda (LLA): mais frequente em crianças, apresenta um crescimento acelerado das células anormais.
- Leucemia linfóide crônica (LLC): de evolução mais lenta, geralmente atinge adultos com mais de 50 anos.
- Leucemia mielóide aguda (LMA): é o tipo mais comum entre adultos e se caracteriza pela rápida multiplicação de células doentes na medula óssea.
- Leucemia mielóide crônica (LMC): ocorre principalmente em idosos e se manifesta pela produção excessiva de glóbulos brancos alterados.
Diagnóstico precoce e desafios no tratamento
Diferente de outras doenças, a leucemia não pode ser prevenida de maneira eficaz, pois suas causas ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de sucesso no tratamento. “O ponto-chave no combate à leucemia não está na prevenção, mas sim na detecção rápida e no início imediato do tratamento adequado“, explica o especialista Thiago Xavier.
Embora a origem da maioria dos casos seja desconhecida, alguns fatores de risco foram identificados, como exposição prolongada a radiação ionizante, certos tipos de quimioterapia e substâncias químicas nocivas, como benzeno e pesticidas. Distúrbios genéticos, como a Síndrome de Down e a anemia de Fanconi, também podem aumentar a vulnerabilidade à doença.
Histórias de superação
Entre os pacientes do Hospital Ophir Loyola está Dejanira Santos, de 48 anos, moradora de Castanhal, no nordeste paraense. Ela descobriu que tinha leucemia linfóide aguda (LLA) de maneira inusitada, durante uma ação social para doação de sangue. “A enfermeira percebeu algo estranho e sugeriu que eu procurasse um médico imediatamente. Fiquei apavorada com a possibilidade de algo sério, mas foi graças a essa atitude que consegui iniciar o tratamento rapidamente“, relembra Dejanira.
Os primeiros sintomas podem ser confundidos com sinais de cansaço comum do dia a dia, o que reforça a importância de exames regulares para identificar alterações suspeitas no sangue.
Tratamento e acesso ao Hospital Ophir Loyola
O tratamento da leucemia varia conforme o tipo da doença e a condição do paciente. Em geral, inclui quimioterapia, que pode ser combinada com terapias adicionais, como transplante de medula óssea, imunoterapia e medicamentos orais específicos. “Alguns casos exigem um tratamento mais intensivo logo no início, enquanto outros permitem uma abordagem gradual e de manutenção“, esclarece o médico Thiago Carneiro.
Os pacientes que necessitam de atendimento no Hospital Ophir Loyola devem ser encaminhados por meio do Sistema de Regulação Estadual, via Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Secretaria Municipal de Saúde do município de origem.
O trabalho do hospital, aliado à dedicação dos profissionais de saúde e ao apoio da família dos pacientes, reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento especializado para proporcionar melhores perspectivas de vida a quem enfrenta a leucemia. Veja tambem Desabamento de laje em hospital em construção fere quatro trabalhadores em Palhoça.