Última atualização: 17/01/2025
Em um avanço significativo para a medicina pública do Rio de Janeiro, o Hospital Municipal Pedro II, localizado em Santa Cruz, realizou, nesta quinta-feira (16), o seu primeiro transplante de pele post mortem. A técnica inovadora, chamada de aloenxerto, utiliza tecido epitelial captado de corpos de doadores e foi aplicada em um paciente de 27 anos com queimaduras graves nos membros superiores e inferiores, resultantes de uma descarga elétrica de alta tensão.
O procedimento e sua relevância
O transplante foi concluído em cerca de três horas e ocorreu sem intercorrências. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), este método é indicado principalmente para pacientes com lesões extensas e profundas que não dispõem de tecido saudável suficiente para enxertos autólogos (retirados do próprio paciente). O aloenxerto serve como uma solução temporária, estabilizando o quadro clínico e criando condições para a realização de enxertos definitivos.
Além de queimaduras de terceiro grau, a técnica é útil em casos de úlceras de difícil cicatrização e cirurgias reconstrutivas complexas. Entre os principais benefícios estão a redução do risco de infecções, a preservação da função da derme, a minimização da perda de líquidos e calor e a biocompatibilidade superior em comparação com curativos sintéticos ou de origem animal.
Avanços no Hospital Pedro II
O credenciamento do Hospital Pedro II pela Central Estadual de Transplantes permitiu a realização do procedimento, que antes estava restrito a redes federais e privadas. Para Carolina Junqueira, chefe do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) da unidade, este marco representa um avanço significativo para a rede pública de saúde do estado. “A doação de pele, assim como a de órgãos, é um ato de generosidade que salva vidas. A conscientização sobre essa prática é essencial para ampliarmos o acesso a tratamentos que fazem a diferença em situações críticas”, destacou a médica.
Atualmente, o CTQ do hospital conta com 21 leitos, sendo nove de terapia intensiva, sete de enfermaria e cinco dedicados a pacientes pediátricos. Além disso, a unidade já emprega tratamentos avançados como a laserterapia para queimaduras e se prepara para implementar o uso de xenoenxertos, como a pele de tilápia, para ampliar ainda mais as opções terapêuticas.
Doação e regulação do procedimento
A captação do tecido epitelial ocorre em unidades credenciadas, seguindo rígidos protocolos de segurança e qualidade. Após a autorização da família do doador, a pele é enviada a bancos de tecidos especializados para análises microbiológicas e preservação. A distribuição é regulada por critérios que priorizam pacientes em estado mais grave, seguindo normas do Ministério da Saúde.
Este avanço, além de técnico, é também um exemplo da importância da conscientização sobre doações post mortem. Com a ampliação de serviços como este, mais vidas poderão ser salvas ou significativamente melhoradas, reforçando a relevância de uma rede pública de saúde eficiente e inovadora.
Com iniciativas como a do Hospital Pedro II, o Brasil avança na medicina regenerativa, proporcionando tratamentos que antes eram acessíveis apenas a uma parcela restrita da população. A realização desse transplante representa um marco para a saúde pública e um exemplo inspirador de inovação e solidariedade no cuidado aos pacientes. Ver também Morte Repentina do Cantor Gospel Pedro Henrique Deixa Fãs em Choque.