Idosa tem retorno médico adiado após colapso na Santa Casa de Campo Grande

Última atualização: 26/03/2025

O drama vivido pela dona de casa Naile Santana, de 53 anos, escancara uma realidade alarmante no sistema de saúde de Mato Grosso do Sul. Nesta terça-feira (25), Naile foi surpreendida com a notícia de que a consulta de retorno de sua mãe, de 73 anos, havia sido cancelada. A idosa sofreu uma queda no quintal há cerca de um mês, fraturou o braço e passou por uma cirurgia complexa para implantar pinos e um fixador. Ainda em recuperação, com o braço engessado, ela aguardava avaliação médica para verificar a evolução do tratamento. No entanto, a paralisação geral dos profissionais da Santa Casa, aliada à superlotação da unidade, impediu a continuidade do atendimento.

Consulta suspensa e incertezas

Segundo Naile, a família já havia conseguido realizar um raio-x para acompanhar a situação dos implantes ortopédicos, e a consulta marcada para esta quarta-feira (26) seria fundamental para a análise dos exames.

“Assim que recebi a mensagem informando o cancelamento, liguei no hospital. Fui informada que, por causa da paralisação dos médicos, o atendimento havia sido suspenso. Estamos preocupados, porque precisamos saber se os pinos estão posicionados corretamente”, lamenta.

Colapso no maior hospital do Estado

A suspensão do atendimento da idosa não é um caso isolado. A Santa Casa de Campo Grande, o maior hospital de Mato Grosso do Sul, divulgou um comunicado solicitando que unidades de saúde não encaminhem mais pacientes regulados, principalmente à área de pronto-socorro, que está operando muito além da capacidade prevista. O setor, que deveria receber até 13 pessoas, atualmente acolhe cerca de 80, segundo o hospital.

De acordo com a direção técnica da Santa Casa, 114 pacientes estão internados aguardando atendimento ortopédico. Destes, 56 ainda esperam pela primeira cirurgia. O cenário no pronto-socorro também é preocupante: além dos adultos, há 15 crianças esperando por cuidados médicos em condições precárias.

Crise financeira agrava cenário

Em nota oficial, a instituição reforça que a crise financeira profunda está diretamente ligada à queda na qualidade da assistência prestada. A escassez de recursos compromete não apenas o funcionamento adequado das unidades, mas também a segurança dos pacientes internados. “O bloqueio dos encaminhamentos ortopédicos continuará valendo, com exceção de casos urgentes ou de referência obrigatória. A aceitação de novos pacientes dependerá exclusivamente da capacidade de atendimento do hospital”, diz o comunicado.

Na tentativa de amenizar o caos, a Santa Casa recorreu à Justiça para garantir o repasse de R$ 46,3 milhões da Prefeitura de Campo Grande. O pedido de tutela de urgência foi aceito, obrigando o Executivo a efetuar o depósito no prazo de 48 horas, sob pena de bloqueio judicial das contas públicas. Até o fechamento desta reportagem, a prefeitura não havia se manifestado sobre a decisão. Veja também Anvisa retira shampoo amplamente consumido das prateleiras brasileiras por risco à saúde.

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