Hospital em Gaza é alvo de bombardeio e Médicos Sem Fronteiras denuncia colapso no sistema de saúde

Última atualização: 26/03/2025

Em meio à contínua ofensiva militar israelense sobre a Faixa de Gaza, o hospital Nasser, um dos últimos centros médicos em funcionamento no sul do território, foi atingido por bombardeios. O ataque, realizado no último domingo (23), atingiu diretamente a ala cirúrgica do hospital localizado em Khan Younis, causando mortes, feridos e danos estruturais severos. Médicos Sem Fronteiras (MSF), organização internacional humanitária que atua na região, condenou veementemente o episódio, classificando-o como mais uma grave violação do Direito Internacional Humanitário e um duro golpe para um sistema de saúde que já opera sob extrema pressão e carece de recursos básicos. O incidente reacende o alerta global sobre a crescente vulnerabilidade dos civis e da equipe médica em zonas de conflito.

Bombardeio em unidade hospitalar acende alerta internacional

De acordo com a MSF, duas pessoas perderam a vida durante o ataque, e diversas outras ficaram feridas. O hospital Nasser, que vinha sendo uma das poucas estruturas ainda operacionais para atendimento emergencial em Gaza, sofreu danos relevantes na ala cirúrgica de internação.

Além das perdas humanas, os impactos físicos no prédio dificultam ainda mais a continuidade dos atendimentos. Profissionais da MSF, presentes na unidade, relataram que uma das vítimas feridas chegou a ser atendida na unidade de trauma administrada pela organização.

Trabalho médico sob risco constante

A coordenadora de emergências da MSF na região, Claire Nicolet, expressou preocupação com a escalada da violência e o desrespeito aos espaços de atendimento médico. “A situação é insustentável. Não é possível normalizar ataques sucessivos contra hospitais quando já estamos à beira do colapso sanitário”, afirmou.

De acordo com ela, a escassez de suprimentos médicos, somada ao medo constante de bombardeios, tem causado pânico entre os profissionais e pacientes. Uma enfermeira da MSF descreveu o terror vivido no momento do ataque: “Estávamos tão próximos da explosão que acreditamos que poderíamos ser atingidos também. Todos ficaram apavorados.

Sistema de saúde em ruínas

A MSF já havia alertado anteriormente para o colapso do sistema de saúde em Gaza, situação que agora se agrava ainda mais. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, dos 36 hospitais que existiam na região, apenas 21 operam parcialmente — nenhum está plenamente funcional. A destruição de estruturas médicas, aliada à interrupção no fornecimento de suprimentos essenciais, compromete o atendimento a feridos, gestantes, bebês recém-nascidos e vítimas de queimaduras e traumas graves.

O hospital Nasser, assim como outras unidades da região, enfrenta uma crise profunda de abastecimento. A escassez de medicamentos, materiais cirúrgicos e itens básicos de higiene é agravada pelo bloqueio imposto por Israel, que já dura mais de 20 dias. A MSF afirma que seus estoques estão se esgotando em ritmo acelerado e que a entrada de antibióticos, analgésicos e anestésicos está completamente interrompida.

Evacuação de clínicas e risco iminente

No dia seguinte ao ataque ao hospital Nasser, outro episódio de violência forçou a evacuação da clínica de Al-Mawasi, também gerida pela MSF. Tiros e explosões nas proximidades obrigaram o fechamento emergencial do pronto-socorro. A organização voltou a pedir, com urgência, a reativação de um cessar-fogo imediato e o restabelecimento da entrada de ajuda humanitária em Gaza.

A MSF reforça o apelo à comunidade internacional para que se garantam a proteção de hospitais, pacientes e trabalhadores da saúde em zonas de guerra. A organização destaca que ataques a instalações médicas não podem se tornar normais e que a resposta humanitária depende da integridade dessas estruturas para salvar vidas. Em um território devastado por meses de conflito, o hospital Nasser representa mais do que um prédio: é símbolo da resistência do cuidado humano frente à barbárie. Veja também Navio Hospital Abaré inicia nova jornada de atendimento no interior do Pará.

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