O que é o câncer de orofaringe e como o HPV está relacionado?

Última atualização: 02/01/2025

O câncer de orofaringe é uma neoplasia maligna que afeta regiões como as amígdalas, a base da língua e a garganta. Tradicionalmente, a doença era associada a fatores como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. No entanto, um novo paradigma está emergindo na epidemiologia desse câncer: a relação com o papilomavírus humano (HPV).

Nos últimos anos, o HPV, especialmente o subtipo 16, tornou-se um fator de risco predominante em pacientes diagnosticados com câncer de orofaringe, alterando significativamente o perfil dos casos e suas implicações para o tratamento e a prevenção. Ver Vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV).


O impacto do HPV no perfil epidemiológico do câncer de orofaringe

Estudos recentes indicam que a infecção pelo HPV tem modificado o perfil dos pacientes com câncer de orofaringe. Segundo pesquisadores, essa transição epidemiológica é mais pronunciada em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Reino Unido, mas também começa a ser observada no Brasil.

Fatores por trás dessa mudança:

  1. Diminuição do tabagismo: Nas décadas de 1980, aproximadamente 35% da população brasileira fumava; hoje, esse índice está abaixo de 15%. Essa redução levou a uma queda nos casos de cânceres relacionados ao cigarro, enquanto os casos associados ao HPV começaram a se destacar.
  2. Comportamentos sexuais: O sexo oral, particularmente em pessoas com múltiplos parceiros, é apontado como uma das principais vias de transmissão do HPV na orofaringe.
  3. Idade dos pacientes: Ao contrário dos tumores relacionados ao tabaco, que afetam principalmente indivíduos acima de 60 anos, os cânceres relacionados ao HPV têm maior prevalência em pessoas mais jovens.

Características e tratamento do câncer de orofaringe relacionado ao HPV

Prognóstico:

O câncer de orofaringe causado pelo HPV apresenta um prognóstico mais favorável em comparação aos tumores relacionados ao tabagismo. Isso ocorre porque o HPV não provoca mutações genéticas nas células, mas compromete as defesas naturais do organismo, permitindo que o câncer se desenvolva.

  • Taxa de sobrevida: Estudos mostram que a taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com câncer de orofaringe associado ao HPV pode chegar a 80%, contra índices muito inferiores em pacientes com tumores relacionados ao cigarro.

Tratamentos menos agressivos:

Pesquisas destacam a possibilidade de “desescalonamento” do tratamento para pacientes com tumores HPV-positivos. Isso significa terapias menos intensas, reduzindo efeitos colaterais e sequelas, sem comprometer a eficácia.


Prevenção e conscientização: como reduzir os riscos?

Vacinação contra o HPV:

As vacinas contra o HPV são altamente eficazes na prevenção de infecções pelos subtipos mais perigosos do vírus, incluindo o HPV-16. No Brasil, a vacinação é oferecida gratuitamente para crianças e adolescentes, mas sua cobertura ainda pode melhorar.

Uso de preservativos:

O uso de preservativos durante o sexo oral pode reduzir significativamente a transmissão do HPV. No entanto, existe uma resistência cultural associada ao uso de camisinha, principalmente nessa prática, o que aumenta o risco de contágio.

Educação sexual:

Investir em campanhas de conscientização que expliquem a relação entre o HPV e o câncer de orofaringe é essencial. Muitas pessoas ainda desconhecem essa associação, o que dificulta a adoção de medidas preventivas.


O que mais precisamos saber sobre o HPV e o câncer de orofaringe?

  • Latência do HPV: O vírus pode permanecer em estado de latência por anos antes de se manifestar. Em alguns casos, a lesão nunca se desenvolve.
  • Formas de transmissão: Além do sexo oral, estudos sugerem a possibilidade de transmissão por compartilhamento de cigarros, caso existam lesões ativas.
  • Diagnóstico precoce: Novas tecnologias permitem identificar o HPV em estágios iniciais, o que facilita o tratamento e melhora os resultados.

O câncer de orofaringe associado ao HPV é um exemplo claro de como mudanças comportamentais e avanços científicos podem alterar o perfil de uma doença. Embora a diminuição do tabagismo seja uma notícia positiva, o aumento de casos relacionados ao HPV exige atenção especial, especialmente em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce.

Mensagem final

A vacinação contra o HPV, o uso de preservativos e a disseminação de informações confiáveis são as melhores ferramentas para combater essa nova face do câncer de orofaringe. Com estratégias eficazes, é possível reduzir os riscos e oferecer melhores perspectivas para os pacientes. Ver Existem mais de 100 tipos de Papilomavírus Humano.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *