Técnica de aspiração na administração de vacinas: Atualizações e recomendações

Última atualização: 17/12/2024

A administração de vacinas é uma prática fundamental na prevenção de doenças e proteção da saúde pública. Entretanto, o debate sobre técnicas específicas de aplicação, como a aspiração antes da injeção intramuscular, tem evoluído com base em evidências científicas e recomendações atualizadas de autoridades de saúde.

O que é a aspiração de vacinas?

A aspiração consiste em puxar o êmbolo da seringa após a inserção da agulha para verificar a presença de sangue. A prática foi historicamente utilizada para evitar a injeção acidental do imunizante em vasos sanguíneos, um evento raro, mas potencialmente prejudicial.

Recomendações recentes: por que não aspirar?

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, por meio do Ofício Circular nº 3/2020, a aspiração não é mais recomendada na maioria dos casos de aplicação intramuscular de vacinas, exceto na região dorsoglútea. Esta orientação considera:

  • Raridade de eventos adversos: Estudos indicam que a incidência de aplicação em vasos sanguíneos nas regiões deltoide, ventroglútea e vasto lateral da coxa é extremamente baixa.
  • Conforto e agilidade: A eliminação da aspiração torna o procedimento mais rápido e menos doloroso, reduzindo o desconforto do paciente e aumentando a adesão à vacinação.

Áreas de aplicação intramuscular e o risco de aspiração

  • Região deltoide: Amplamente utilizada para vacinas em adultos e crianças, apresenta poucos riscos de atingir grandes vasos sanguíneos.
  • Ventroglútea e vasto lateral da coxa: São áreas recomendadas para aplicação em lactentes e crianças pequenas, também com baixo risco.
  • Região dorsoglútea: Ainda considerada uma área onde a aspiração pode ser recomendada, devido à proximidade de grandes vasos, como o nervo ciático e artérias.

Alinhamento às práticas internacionais

A orientação brasileira está em consonância com diretrizes de organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que não recomendam a aspiração na aplicação de vacinas intramusculares em locais de baixo risco vascular.

Posicionamento de órgãos profissionais

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) também adota essa recomendação em seu Parecer Técnico nº 001/2021. A entidade destaca que a aspiração, além de não ser necessária, pode comprometer a eficácia do procedimento devido ao tempo adicional, aumentando o desconforto e ansiedade do paciente. Leia também A Enfermagem é uma profissão que deixará de existir no futuro?

Benefícios de eliminar a aspiração

  1. Rapidez no procedimento: Reduz o tempo de aplicação, tornando a vacinação mais eficiente.
  2. Menor dor: Evita o desconforto gerado pelo movimento da agulha durante a aspiração.
  3. Segurança: A técnica é baseada em estudos que confirmam a segurança da não aspiração na maioria das áreas de aplicação.

A atualização sobre a técnica de aspiração reflete os avanços na ciência e na prática de imunização, promovendo um cuidado mais humanizado e baseado em evidências. Profissionais de saúde devem estar atentos a essas mudanças e buscar capacitação contínua para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.

Aspiração seja realizada apenas em casos específicos

A recomendação atual é que a aspiração seja realizada apenas em casos específicos, como na aplicação de medicamentos ou vacinas que contenham conteúdos oleosos ou espessos, pois esses produtos possuem maior risco de causar reações adversas caso sejam inadvertidamente injetados em vasos sanguíneos. Essa prática é justificada devido à necessidade de maior cautela em regiões onde há proximidade de grandes vasos ou estruturas sensíveis, como na região dorsoglútea. Entretanto, para vacinas de composição aquosa e em áreas como o músculo deltoide ou vasto lateral da coxa, onde o risco vascular é baixo, a aspiração não é necessária, otimizando o procedimento e minimizando desconfortos.

Referências

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