Etapas do processo de triagem

Última atualização: 29/12/2024

A triagem é um processo estruturado e sistemático que envolve etapas específicas para garantir que cada paciente seja avaliado, priorizado e encaminhado para o atendimento mais adequado às suas necessidades. Esse processo é essencial para a organização do fluxo em serviços de urgência e emergência, promovendo um atendimento seguro, eficaz e humanizado. Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.

Tópico 6: Abordagens de triagem e identificação de prioridades no atendimento

6.2. Etapas do processo de triagem
6.2.1. Acolhimento e coleta de informações iniciais
6.2.2. Avaliação clínica e identificação dos sinais e sintomas relevantes
6.2.3. Classificação de risco e atribuição de prioridades
6.2.4. Encaminhamento do paciente para o atendimento apropriado


6.2.1. Acolhimento e Coleta de Informações Iniciais

  1. Acolhimento Humanizado:
    • O acolhimento é a primeira etapa da triagem e deve ser realizado com empatia e respeito.
    • O profissional de saúde deve criar um ambiente acolhedor e seguro, demonstrando interesse genuíno pelo bem-estar do paciente.
  2. Coleta de Informações Básicas:
    • Identificação do paciente (nome, idade, gênero, e histórico clínico relevante).
    • Queixa principal: O motivo que levou o paciente a buscar atendimento, relatado de forma breve e clara.
    • História breve da doença atual: Início, duração e características dos sintomas apresentados.
  3. Primeira Impressão:
    • Durante o acolhimento, o profissional observa o estado geral do paciente, incluindo postura, coloração da pele, nível de consciência e sinais de sofrimento agudo.
  4. Registro de Informações:
    • Todas as informações coletadas devem ser registradas em um sistema ou prontuário, garantindo que estejam acessíveis para os próximos passos do atendimento.

Exemplo prático:

Uma mulher de 45 anos chega ao pronto-socorro relatando dor abdominal intensa iniciada há 6 horas. Durante o acolhimento, o enfermeiro registra a queixa principal, verifica o histórico de cirurgias abdominais e observa que a paciente está pálida e suando.


6.2.2. Avaliação Clínica e Identificação dos Sinais e Sintomas Relevantes

  1. Realização de Anamnese Breve e Direcionada:
    • Perguntas específicas relacionadas à queixa principal ajudam a identificar a gravidade do caso.
    • Exemplos de perguntas:
      • Qual a intensidade da dor?
      • Houve piora recente dos sintomas?
      • Existem sintomas associados, como febre, vômitos ou desmaios?
  2. Exame Físico Inicial:
    • Avaliação objetiva e direcionada, incluindo sinais vitais:
      • Frequência cardíaca e respiratória.
      • Pressão arterial.
      • Temperatura corporal.
      • Saturação de oxigênio.
    • Inspeção de sinais visíveis, como lesões, edemas, sangramentos ou sinais de cianose.
  3. Identificação de Sinais de Gravidade:
    • Alterações no nível de consciência (confusão, letargia ou inconsciência).
    • Dificuldade respiratória ou sinais de insuficiência respiratória.
    • Dor intensa ou desconforto significativo.
    • Sangramento ativo ou sinais de choque.

Exemplo prático:

Um paciente de 60 anos relata dor torácica e apresenta pressão arterial elevada, saturação de oxigênio em 88% e sudorese intensa. Esses sinais indicam risco de infarto, sendo identificado como um caso grave.


6.2.3. Classificação de Risco e Atribuição de Prioridades

  1. Uso de Protocolos e Fluxogramas:
    • A classificação é realizada com base em critérios objetivos definidos por protocolos, como o Manchester Triage System (MTS) ou o Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (PACR).
    • Os pacientes são classificados em categorias de prioridade, como:
      • Emergente (vermelho): Atendimento imediato.
      • Muito Urgente (laranja): Atendimento em até 10 minutos.
      • Urgente (amarelo): Atendimento em até 60 minutos.
      • Pouco Urgente (verde): Atendimento pode aguardar.
      • Não Urgente (azul): Atendimento eletivo.
  2. Decisões Baseadas na Gravidade:
    • A priorização considera a gravidade clínica, a estabilidade do paciente e o risco de evolução desfavorável durante a espera.
  3. Registro da Classificação:
    • A categoria de prioridade atribuída deve ser registrada, permitindo que a equipe médica visualize rapidamente a urgência do caso.

Exemplo prático:

Um paciente com crise asmática moderada é classificado como “muito urgente” (laranja), enquanto outro com gripe leve é classificado como “não urgente” (azul).


6.2.4. Encaminhamento do Paciente para o Atendimento Apropriado

  1. Direcionamento Rápido e Eficiente:
    • Após a classificação de risco, o paciente é encaminhado para o setor adequado, como sala de emergência, observação ou consulta ambulatorial.
    • Pacientes classificados como emergentes devem ser atendidos imediatamente na sala de reanimação.
  2. Orientações ao Paciente e Familiares:
    • Durante o encaminhamento, o enfermeiro deve informar o paciente e seus familiares sobre o próximo passo do atendimento e o tempo estimado de espera, se aplicável.
  3. Reavaliação Contínua:
    • Pacientes em espera devem ser reavaliados periodicamente para identificar possíveis mudanças na condição clínica.
    • Essa etapa é essencial para garantir que nenhum caso grave seja negligenciado.
  4. Comunicação com a Equipe Multidisciplinar:
    • Informações sobre a classificação e os sinais identificados devem ser transmitidas de forma clara e objetiva para a equipe responsável pelo atendimento, garantindo continuidade e precisão no cuidado.

Exemplo prático:

Um paciente classificado como “urgente” (amarelo) com suspeita de apendicite é encaminhado para a sala de observação enquanto aguarda avaliação cirúrgica. Durante a espera, o enfermeiro monitora sinais vitais para detectar possíveis pioras.


Conclusão

As etapas do processo de triagem — acolhimento, avaliação clínica, classificação de risco e encaminhamento — são essenciais para garantir um atendimento seguro, organizado e centrado no paciente. Cada fase exige precisão técnica, empatia e comunicação eficaz, permitindo que o serviço de saúde priorize os casos mais graves e otimize seus recursos. A execução adequada dessas etapas resulta em uma experiência mais positiva para os pacientes e em melhores resultados clínicos.

Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.

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