O que é o Protocolo de Manchester? Manchester Triage System (MTS) 

Última atualização: 12/12/2024

O Protocolo de Manchester é um sistema de triagem estruturado e padronizado utilizado em serviços de urgência e emergência para priorizar o atendimento de pacientes com base na gravidade clínica de suas condições. Desenvolvido em 1997, na cidade de Manchester, no Reino Unido, por um grupo de profissionais de saúde especializados, o protocolo busca garantir que pacientes em situações críticas recebam atendimento prioritário, enquanto aqueles em condições menos graves aguardem um tempo mais compatível com a segurança e a eficiência do serviço.

Objetivo Principal

O objetivo do Protocolo de Manchester é estabelecer uma hierarquia de urgência no atendimento, reduzindo riscos para pacientes graves, otimizando os recursos do sistema de saúde e promovendo uma organização eficaz no fluxo do serviço de emergência.


Funcionamento do Protocolo de Manchester

1. Categorias de Prioridade

O protocolo utiliza uma escala de cores para classificar o nível de urgência dos pacientes. Cada cor corresponde a um tempo máximo de espera recomendado para o atendimento, refletindo a gravidade do quadro clínico. As categorias são:

  • Vermelho (Emergência): Atendimento imediato. Indica risco iminente de morte, como parada cardiorrespiratória, choque ou dificuldade respiratória aguda.
    • Exemplo: Parada cardíaca, hemorragias severas, ou obstrução total das vias aéreas.
  • Laranja (Muito urgente): Atendimento em até 10 minutos. O paciente apresenta sinais de condição crítica, mas não está em risco iminente de morte.
    • Exemplo: Dor torácica suspeita de infarto, convulsões ou sinais de acidente vascular cerebral (AVC) em evolução.
  • Amarelo (Urgente): Atendimento em até 60 minutos. Condição requer atenção médica, mas sem risco imediato de morte.
    • Exemplo: Febre alta em crianças pequenas, desidratação moderada ou dor intensa controlada.
  • Verde (Pouco urgente): Atendimento em até 120 minutos. Indica condições menos graves que podem ser tratadas sem pressa imediata.
    • Exemplo: Torções, pequenas feridas ou sintomas de resfriado.
  • Azul (Não urgente): Atendimento em até 240 minutos. Indica situações de mínima gravidade que podem ser resolvidas em cuidados básicos ou até fora do ambiente hospitalar.
    • Exemplo: Repetição de receitas ou problemas leves e estáveis.

2. Fluxogramas Clínicos

O Protocolo de Manchester possui cerca de 50 fluxogramas que auxiliam na classificação de risco. Cada fluxograma é baseado no principal sintoma ou queixa do paciente, levando o profissional de triagem a uma decisão objetiva e padronizada. Exemplos de fluxogramas incluem:

  • Dor no peito.
  • Dificuldade respiratória.
  • Trauma em membros.
  • Vômito e diarreia.
  • Alteração no estado de consciência.

Esses fluxogramas contêm perguntas e parâmetros para avaliação, como sinais vitais, histórico médico, e características específicas dos sintomas.


3. Critérios para Avaliação

A avaliação no Protocolo de Manchester é realizada de forma rápida e sistemática por profissionais treinados (geralmente enfermeiros). Os critérios analisados incluem:

  • Sinais vitais: Frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura e saturação de oxigênio.
  • Histórico clínico: Condições pré-existentes, medicamentos em uso e alergias.
  • Intensidade dos sintomas: Dores, dificuldades funcionais e outros sinais associados.
  • Sinais de alerta: Alterações na consciência, palidez extrema, sudorese ou incapacidade de comunicação.

Vantagens do Protocolo de Manchester

  1. Segurança para pacientes graves: Identificação rápida de condições críticas que requerem atendimento imediato.
  2. Organização no fluxo de atendimento: Minimiza conflitos e melhora a eficiência nos serviços de emergência.
  3. Padronização internacional: Amplamente utilizado em diversos países, promovendo uniformidade na triagem.
  4. Redução de riscos legais: Registros detalhados do processo de triagem oferecem respaldo para os profissionais de saúde.

Limitações do Protocolo de Manchester

  • Demanda por treinamento: Exige capacitação rigorosa e contínua dos profissionais envolvidos para evitar erros.
  • Subjetividade em alguns casos: Apesar de ser um protocolo estruturado, fatores como percepção de dor ou variação na comunicação do paciente podem influenciar a classificação.
  • Pressão sobre serviços de saúde: Em situações de alta demanda, mesmo pacientes classificados como urgentes podem enfrentar atrasos.

Aplicação no Brasil

No Brasil, o Protocolo de Manchester foi adotado em muitos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) devido à sua eficácia em organizar atendimentos e melhorar a gestão de serviços de emergência. A implementação geralmente é acompanhada de adaptações para atender às necessidades locais e à realidade do sistema público e privado de saúde.


O Protocolo de Manchester é, portanto, uma ferramenta essencial na triagem em saúde, combinando a ciência clínica com a gestão organizacional, sempre com o foco na segurança e no bem-estar do paciente.

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