Câncer de cólon e reto

Última atualização: 01/01/2025

O câncer de cólon e reto (também chamado de câncer colorretal) pode, em alguns casos, envolver o ânus (canal anal e borda anal). Quando acomete especificamente o canal e as bordas externas do ânus, é chamado de câncer anal. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de ânus representa de 2% a 4% de todos os tumores malignos que atingem o intestino grosso. Ver Colostomia.


1. CAUSAS E FATORES DE RISCO

  • HPV (papilomavírus humano): O vírus do papiloma humano está fortemente associado ao câncer anal e pode ser transmitido sexualmente.
  • Hábitos de vida: Fatores como alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade, consumo de álcool e tabagismo elevam o risco de câncer colorretal.
  • Fatores genéticos e hereditários: Em menor proporção, alterações genéticas e histórico familiar de câncer colorretal também contribuem para o surgimento de tumores.
  • Doenças inflamatórias intestinais: Retocolite ulcerativa e doença de Crohn aumentam o risco de câncer de cólon e reto, embora sejam menos relacionadas ao câncer estritamente anal.

2. APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Os tumores podem ocorrer:

  • Na borda anal: Lesões de característica dermatológica, tratáveis muitas vezes com excisão local.
  • No canal anal ou na zona de transição: Tradicionalmente exigiam cirurgia agressiva (amputação do ânus e reto), mas hoje podem ser tratados com associação de rádio e quimioterapia, preservando o esfíncter anal em muitos casos.

2.1 Tamanho e Gravidade

  • Lesões pequenas (menos de 2 cm): chance de cura chega a 80%.
  • Lesões maiores (5 cm ou mais): chance de cura cai para menos de 50%, pois tendem a ser mais invasivas e a envolver linfonodos.

2.2 Sintomas Comuns

  • Sangramento ou secreção nas evacuações.
  • Dor, sensação de pressão ou coceira na região.
  • Caroço ou inchaço (massa) na região anal ou na virilha.
  • Alterações intestinais (prisão de ventre, diarreia ou esforço excessivo para evacuar).
  • Cerca de 20% dos pacientes podem ser assintomáticos. O sangramento e a dor associados a uma sensação de massa, entretanto, costumam ser atribuídos, de forma equivocada, a hemorroidas.

3. DIAGNÓSTICO

O coloproctologista (especialista em doenças do cólon, reto e ânus) é o profissional que realiza a avaliação diagnóstica. Podem ser empregados:

  1. Inspeção e toque retal: Observação clínica externa e palpação interna.
  2. Anuscopia: Exame visual do canal anal com auxílio de um espéculo (anuscópio).
  3. Retoscopia: Introdução de um tubo para examinar o canal anal e o reto.
  4. Ultrassonografia endoanal: Permite avaliar detalhadamente os tecidos que formam o ânus.
  5. Biópsia: Remoção de um fragmento de tecido para análise laboratorial e confirmação de câncer.

4. TRATAMENTO

4.1 Abordagem Cirúrgica

  • Excisão local: Indicada para tumores de borda anal ou lesões muito pequenas.
  • Amputação abdominoperineal (cirurgia mais radical): Remoção do ânus e do reto, com colostomia definitiva, geralmente reservada para tumores extensos ou em casos refratários aos tratamentos clínicos.

4.2 Abordagem Clínico-Oncológica

  • Radioterapia e Quimioterapia: Associadas ou isoladas, capazes de curar muitos casos de tumores do canal anal, evitando a amputação.
  • Seguimento contínuo: Mesmo após o tratamento, é fundamental manter consultas regulares, pois há risco de recidiva (retorno do tumor).

5. ESTIMATIVAS E DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

5.1 Brasil

Conforme dados do INCA (2018), para cada ano do biênio 2018-2019, estimam-se:

  • 17.380 casos novos de câncer de cólon e reto em homens
  • 18.980 casos novos em mulheres

Isso corresponde a um risco estimado de 16,83 casos novos por 100 mil homens e 17,90 por 100 mil mulheres. É o terceiro mais frequente em homens e o segundo mais frequente em mulheres no país, se excluídos os tumores de pele não melanoma.

5.2 Mundo

  • Terceira neoplasia maligna mais comumente diagnosticada.
  • Quarta principal causa de morte por câncer (cerca de 1,4 milhão de casos novos e 700 mil óbitos em 2012).
  • O índice de mortalidade em 2012 foi de 8,4 por 100 mil (ambos os sexos).
  • Há variação geográfica importante, com maiores taxas de incidência nos países desenvolvidos, mas maior taxa de mortalidade em países em desenvolvimento, onde o acesso ao diagnóstico e tratamento costuma ser limitado.

6. FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS E PREVENÇÃO

  • Dieta: Evitar consumo excessivo de carnes vermelhas e alimentos processados; aumentar a ingestão de frutas, verduras e cereais integrais.
  • Exercícios físicos: Prática regular reduz o risco.
  • Controle de peso e obesidade.
  • Redução/Abstinência de álcool e cessação do tabagismo.
  • Prevenção de DSTs: Uso de preservativo reduz a transmissão do HPV, associado ao câncer anal.
  • Exames regulares: Colonoscopia, retoscopia e avaliação proctológica permitem diagnóstico precoce e, consequentemente, maior chance de sucesso terapêutico.

Em resumo, o câncer de cólon, reto e ânus tem importância crescente devido às mudanças nos hábitos de vida e à alta incidência em várias regiões do mundo. A detecção precoce é essencial e garante maiores taxas de cura. Adotar uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e buscar avaliação médica aos primeiros sintomas são medidas fundamentais para prevenir e combater a doença. Ver Hospital das Clínicas da UFPE realiza mutirão contra o câncer.

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