Última atualização: 01/01/2025
O câncer de testículo, quando descoberto em estágios iniciais, apresenta altas taxas de cura. A seguir, respondem-se às dúvidas mais frequentes sobre esse tipo de tumor, visando complementar a conversa entre o paciente e o médico. O urologista pode solicitar uma ultrassonografia, um procedimento radiológico simples e não invasivo, para qualquer nódulo testicular suspeito. Ver Tiago Toguro e o alerta para a saúde Testicular.
1. ENTENDENDO O QUE É NORMAL
Os testículos são órgãos ovais, de consistência firme, ligeiramente compressíveis e com tamanho semelhante entre si. Na parte superior e na borda externa de cada testículo encontra-se o epidídimo, uma estrutura com consistência elástica, onde os espermatozoides amadurecem antes de serem ejaculados.
A textura do testículo deve ser homogênea e isenta de nódulos ou áreas mais duras. Alterações nessa uniformidade podem indicar um problema que requer avaliação médica.
2. SINAIS DE ALERTA
Qualquer nódulo ou endurecimento no testículo deve ser considerado suspeito até que se prove o contrário. Em cerca de 50% dos homens diagnosticados com câncer de testículo, o principal sintoma é o aumento indolor do testículo. Entre 25% e 50% podem relatar dor testicular e, em alguns casos, uma dor surda acompanhada de nódulo ou área endurecida.
2.1 Cuidado com a demora
É comum que homens levem, em média, cinco meses para buscar auxílio médico, o que pode permitir a disseminação do tumor. Portanto, se notar qualquer alteração, procure um urologista imediatamente.
3. DIAGNÓSTICO
Em caso de suspeita, o urologista pode solicitar:
- Ultrassonografia: exame simples e não invasivo para avaliar nódulos testiculares.
- Exames de sangue: investigação de marcadores tumorais, proteínas produzidas pela maioria dos tumores de testículo (por exemplo, alfafetoproteína – AFP, beta-hCG, LDH).
4. ESTADIAMENTO (CLASSIFICAÇÃO EM ESTÁGIOS)
- Estágio 1: câncer limitado ao testículo.
- Estágio 2: câncer que se espalhou para linfonodos (gânglios) abdominais.
- Estágio 3: câncer disseminado para além dos linfonodos abdominais (pode envolver pulmões, fígado ou outros órgãos).
5. TRATAMENTO
5.1 Cirurgia inicial
A primeira etapa, de modo geral, consiste na remoção do testículo afetado por meio de uma incisão na virilha (região inguinal). Nesse momento, pode-se implantar uma prótese testicular por razões estéticas, se o paciente desejar.
5.2 Tratamentos subsequentes
O tipo de tratamento varia conforme o tipo celular do tumor e o seu estágio:
- Seminomas
Respondem bem tanto à radioterapia quanto à quimioterapia. Em geral, a radioterapia é bastante utilizada nos estágios iniciais. - Não seminomas
Incluem diversos tipos celulares (carcinoma embrionário, teratoma, coriocarcinoma, etc.). As opções variam entre observação, cirurgia adicional (por exemplo, remoção de linfonodos abdominais) e/ou quimioterapia, de acordo com o estadiamento e a agressividade do tumor.
5.2.1 Quimioterapia
Indicada em casos mais avançados, costuma-se usar um “coquetel” de duas ou três drogas (por exemplo, cisplatina, bleomicina, etoposídeo), organizadas em ciclos de três ou quatro semanas. Após a quimioterapia, pode ser necessária a remoção cirúrgica de eventuais tumores residuais.
6. O QUE ESPERAR APÓS O TRATAMENTO
- Remoção de um testículo: não costuma diminuir a “potência” sexual ou a fertilidade de forma significativa, pois o outro testículo geralmente produz quantidade adequada de testosterona.
- Cirurgia de linfonodos: em alguns casos, pode ocorrer prejuízo à ejaculação, embora as técnicas modernas de preservação de nervos reduzam esse risco. Existem ainda medicações que ajudam a reverter problemas de ejaculação, e a maioria dos pacientes mantém ereções normais.
- Alterações temporárias: quimioterapia pode reduzir a contagem de espermatozoides, mas costuma ser um efeito passageiro. Recomenda-se considerar o congelamento de sêmen em bancos especializados antes do início do tratamento.
6.1 Acompanhamento e risco de novo tumor
- Após o término do tratamento, o paciente deve ser acompanhado por pelo menos cinco anos, com exames de imagem e de sangue periódicos.
- Há risco de até 2% de desenvolver um segundo tumor no testículo remanescente, o que torna fundamental manter o autoexame testicular mensal.
7. PERGUNTAS FREQUENTES
7.1 Os tumores de testículo são comuns?
São relativamente raros, ocorrendo em cerca de 3 a cada 100.000 homens ao ano. No entanto, é o tipo mais frequente de câncer em homens jovens (20 a 34 anos). Atletas conhecidos, como Lance Armstrong (ciclista) e Nenê Hilário (basquetebolista), foram diagnosticados e obtiveram cura.
7.2 Fatores de risco
O principal fator de risco é a criptorquidia (testículo retido), quando o testículo não desce adequadamente para a bolsa escrotal ao nascer. Entre 5% e 10% dos pacientes que tiveram criptorquidia corrigida por cirurgia podem vir a desenvolver câncer de testículo no futuro.
7.3 Qual a taxa de cura?
As estratégias de cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isoladas ou em combinação) proporcionam taxas de cura próximas de 100% em estágios iniciais e mais de 85% nos casos avançados.
7.4 Como realizar o autoexame testicular?
- Realize mensalmente, após banho quente, quando a bolsa escrotal está relaxada.
- Observe alterações na aparência, forma ou tamanho.
- Examine cada testículo cuidadosamente, deslizando-o entre os dedos, verificando se há nódulos ou áreas endurecidas.
- Se houver qualquer suspeita, procure imediatamente um urologista.
O diagnóstico precoce e o tratamento apropriado são cruciais para o sucesso contra o câncer de testículo. Homens jovens devem ficar atentos aos sinais de alerta, manter uma rotina de autoexames e buscar avaliação médica rapidamente se perceberem qualquer alteração. Ver Cuidado de Enfermagem em Câncer de Mama 30h.