Estima-se que a incidência da cólica renal atinja de 1% a 10% da população mundial ao longo da vida, com cerca de, pelo menos, uma recidiva em 30% dos casos.
A experiência vivida no pronto-socorro por um indivíduo apresentando cólica renal é bastante delicada devido à dor intensa, muitas vezes referida como uma sensação intolerável que se manifesta de maneira inespecífica, atingindo o flanco com irradiação para o dorso, região suprapúbica e genital. Essa dor, proveniente do trato urinário superior, é consequência de obstrução aguda em qualquer porção do ureter, desde a junção ureteropiélica (JUP) até o meato urinário.
Devido a essa obstrução, a drenagem ureteral fica comprometida provoca a elevação da pressão pélvica com possibilidade de dilatação do ureter e dor aguda.
A dor pode ser acompanhada de náuseas, vômitos, irritações vesicais e hematúria ou presença microscópica de sangue.
Diversos são os fatores de risco para a nefrolitíase ou urolitíase.
Dentre eles, destacam-se a predisposição genética, fatores epidemiológicos como clima quente, maior consumo de proteína animal e sal, e sedentarismo. A maior incidência é no sexo masculino e, principalmente, em pessoas que se encontram entre 30 e 40 anos de idade. Alguns fatores contribuem para o aparecimento da litíase renal como as alterações anatômicas do trato urinário, patologias endócrinas que interferem no metabolismo do cálcio, infecções urinárias, modificações do pH urinário, alguns fármacos por meio de seus metabólitos ou alterações metabólicas.
Você pode se perguntar como esses cálculos se formam. A princípio, são como grãos de areia de depósitos minerais que se acumulam até a formação do cálculo propriamente dito. Cerca de 75% a 80% de todos os cálculos renais são formados de oxalato de cálcio.
Como urgência urológica, requer intervenção de toda a equipe multidisciplinar. A conduta será direcionada após a avaliação clínica e diagnóstica, com prioridade para a minimização da dor.
São cuidados de enfermagem indispensáveis o acesso venoso de bom calibre para administração de analgésicos potentes, antiinflamatórios, antiespasmódicos e o acompanhamento da evolução da dor. Na vigência de quadros álgicos, os diuréticos não são recomendados e, eventualmente, quando o paciente apresenta náuseas e vômitos, há necessidade do uso de antieméticos. A hidratação auxilia na eliminação do cálculo,
mas é preciso certificar-se da conduta, pois há casos em que é indicada restrição hídrica devido a agravos pré-existentes como insuficiência cardíaca ou função renal comprometida.
Os resultados de exames laboratoriais de sangue e urina podem indicar a necessidade de associar outras condutas médicas como, por exemplo, a antibioticoterapia, caso constate infecção urinária.
É importante que o profissional de enfermagem esteja atento às mudanças terapêuticas que vão ocorrendo durante a permanência do paciente no serviço de urgência, cuidando para que ele receba o tratamento sem perda desnecessária de tempo. A realização de exames de imagem, radiografia e ultrassonografia contribuem para diagnóstico.
A persistência das crises álgicas pode levar à internação, porém, havendo melhora, há possibilidade de o paciente dar continuidade ao tratamento em ambulatório. Essas condutas dependem da condição clínica do paciente, da localização e do tamanho do cálculo. Considera-se também o conforto do paciente e o tempo de sua recuperação. As possibilidades terapêuticas incluem a saída de maneira espontânea do cálculo com acompanhamento médico bem como medidas intervencionistas.
Entre os procedimentos utilizados para eliminação de cálculos renais, ureterais ou ainda localizados na bexiga, citamos a litotripsia extracorpórea por ondas de choque (leco).
A leco, realizada em serviço especializado, com ou sem anestesia, tem como finalidade a fragmentação do cálculo por meio da aplicação externa de ondas de choque, facilitando a eliminação pela urina dos fragmentos arenosos.
Há restrições quanto à utilização desse procedimento em grávidas por se desconhecer os efeitos deletérios ao feto e a possibilidade de ocasionar descolamento prematuro da placenta. Pacientes com quadro de coagulopatias ou de infecção urinária com repercussão hemodinâmica também estão impedidos de realizar esse procedimento.
Os cálculos maiores que 2 cm podem ser removidos por meio de procedimentos percutâneos, por via endoscópica ou laparoscópica.
Não resta dúvida que todo o conteúdo que apresentamos é importante para o cuidado do paciente que apresenta litíase urinária, mas devemos ressaltar o aspecto da dor. Essa dor, que se manifesta de forma aguda e de grande intensidade, pode causar, além dos efeitos deletérios relacionados às atividades diárias, alterações de parâmetros vitais como hipertensão arterial, taquicardia e aumento da frequência respiratória.
O técnico de enfermagem, por ter maior contato com os pacientes que aguardam atendimento, identifica esse quadro de dor tão característico. Você pode agilizar o atendimento de maneira que o paciente possa receber o medicamento o mais rápido possível para aliviar sua dor. Considerando que uma das principais funções dos rins é eliminar substâncias tóxicas do organismo pela urina, a litíase renal pode comprometer esse funcionamento e causar complicações como a insuficiência renal, a necessidade de diálise e até mesmo de transplante renal, modificando o ritmo e a qualidade de vida desse paciente.
Como técnico de enfermagem, você tem um papel fundamental nas ações educativas em saúde, promovendo a reeducação de hábitos alimentares que evitem a formação de novos cálculos.