Litíase Renal na Emergência

Última atualização: 01/01/2025

A cólica renal é um quadro doloroso e de grande impacto na qualidade de vida do paciente. O cuidado eficaz requer avaliação clínica ágil, controle adequado da dor e acompanhamento multidisciplinar para prevenir complicações renais graves. A equipe de enfermagem exerce papel essencial, tanto no atendimento imediato quanto na educação em saúde, contribuindo para a recuperação e o bem-estar do paciente. Ver Evolução de Enfermagem: Condutas de Segurança ao Paciente.

1. Incidência e Contexto

Estima-se que a incidência de cólica renal varie de 1% a 10% da população mundial ao longo da vida, com pelo menos uma recidiva em cerca de 30% dos casos. A experiência de dor para o indivíduo atendido em pronto-socorro é bastante delicada: a cólica renal, muitas vezes descrita como intolerável, costuma irradiar do flanco para o dorso, região suprapúbica e genital. Essa dor é provocada por obstrução aguda em qualquer segmento do ureter, desde a junção ureteropiélica (JUP) até o meato urinário, gerando elevação da pressão pélvica e dilatação do ureter, com consequente dor intensa.

2. Manifestações Clínicas

Além da dor aguda, que pode ser acompanhada de náuseas, vômitos, irritações vesicais e hematúria (visível ou microscópica), o quadro clínico merece atenção imediata. A intensidade da cólica renal exige abordagem eficaz para alívio da dor, pois seu impacto reflete diretamente no bem-estar do paciente e pode desencadear respostas neurovegetativas significativas, como:

  • Hipertensão arterial
  • Taquicardia
  • Aumento da frequência respiratória

3. Fatores de Risco

A nefrolitíase (ou urolitíase) pode ter diferentes causas e fatores de risco, tais como:

  • Predisposição genética
  • Clima quente (favorecendo desidratação)
  • Hábitos alimentares (alto consumo de proteína animal e sal)
  • Sedentarismo
  • Maior incidência em homens, geralmente entre 30 e 40 anos
  • Alterações anatômicas do trato urinário
  • Patologias endócrinas que interferem no metabolismo do cálcio
  • Infecções urinárias e alterações de pH
  • Uso de determinados fármacos e outras condições metabólicas

4. Formação dos Cálculos

Os cálculos renais formam-se, muitas vezes, a partir de pequenos “grãos de areia” minerais que se acumulam, chegando a grandes dimensões. Aproximadamente 75% a 80% de todos os cálculos renais são compostos de oxalato de cálcio, e seu desenvolvimento pode comprometer a função dos rins, que é essencial para a excreção de substâncias tóxicas do organismo.

5. Conduta Multidisciplinar e Prioridades

A cólica renal configura uma urgência urológica que demanda intervenção de toda a equipe de saúde. A definição da conduta ocorre após avaliação clínica e diagnóstica, com prioridade para:

  1. Minimização da dor – Controlar a dor intensa que acompanha a obstrução.
  2. Avaliação de risco – Verificar possíveis complicações, como insuficiência renal, que podem levar a diálise ou até transplante.
  3. Planejamento terapêutico – Escolher a melhor estratégia de tratamento, seja para eliminação espontânea do cálculo ou intervenção médica.

6. Cuidados de Enfermagem

A equipe de enfermagem, especialmente o técnico de enfermagem, desempenha papel fundamental no cuidado ao paciente com cólica renal. Entre os principais cuidados, destacam-se:

  • Acesso venoso de bom calibre para administração de:
    • Analgésicos potentes
    • Antiinflamatórios
    • Antiespasmódicos
    • Antieméticos (quando necessário)
  • Acompanhamento da evolução da dor e dos demais sinais e sintomas.
  • Monitoramento da hidratação: embora a ingestão adequada de líquidos ajude na eliminação dos cálculos, pode haver casos de restrição hídrica (por exemplo, em pacientes com insuficiência cardíaca ou função renal comprometida).
  • Evitar diuréticos em quadro agudo de dor, pois podem agravar o desconforto.
  • Observar resultados de exames laboratoriais (sangue e urina) e repassar informações ao médico para possível ajuste de conduta, como antibioticoterapia em casos de infecção urinária.
  • Agilidade na realização de exames de imagem (radiografia, ultrassonografia), evitando demora no diagnóstico e tratamento.

7. Possibilidades Terapêuticas

Conforme a resposta clínica do paciente e as características do cálculo (localização e tamanho), pode ser indicada internação ou acompanhamento ambulatorial. As estratégias de tratamento incluem:

  • Eliminação espontânea do cálculo com acompanhamento médico.
  • Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO):
    • Procedimento realizado em serviço especializado, com ou sem anestesia.
    • Indicado para fragmentar cálculos por meio de ondas de choque externas.
    • Contraindicado para gestantes (risco de efeitos deletérios ao feto ou deslocamento prematuro da placenta), pacientes com coagulopatias ou infecção urinária grave com repercussões hemodinâmicas.
  • Procedimentos percutâneos, endoscópicos ou laparoscópicos:
    • Recomendados para cálculos maiores que 2 cm ou que não possam ser removidos por outros métodos menos invasivos.

8. Papel do Técnico de Enfermagem

O técnico de enfermagem tem contato direto e contínuo com o paciente, sendo capaz de identificar e priorizar o alívio da dor intensa, além de:

  • Facilitar o fluxo do atendimento, comunicando rapidamente à equipe multiprofissional sobre a necessidade de intervenções.
  • Orientar o paciente sobre a importância de manter hábitos saudáveis, reduzindo a chance de formação de novos cálculos.
  • Educar o paciente e familiares quanto à ingestão de líquidos, dieta equilibrada, prática de exercícios físicos e adesão ao tratamento prescrito.

Ver Dismenorreia.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *