A Unidade de Terapia Intensiva Dentro do Contexto

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) surgiram antes dos Centros de Terapia Intensiva (CTI), sendo criadas para atender a uma necessidade emergencial.

Estas unidades passam a existir a partir das necessidades de aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos como recuperáveis, e da necessidade de observação constante e de assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando-os em um único núcleo centralizado.

O surgimento das UTIs teve origem nos anos 1960, durante a Guerra do Vietnã, quando os soldados feridos necessitavam de um local específico para que pudessem ter acesso a um atendimento, rápido e eficiente, por uma equipe de médicos e enfermeiros. Foram acrescentadas inovações terapêuticas que contribuíram para o crescimento da terapia intensiva, como a terapia intravenosa para o choque, a transfusão sanguínea, a anestesia, além da remoção de pacientes para meios que estavam melhores equipados.

No Brasil, as UTIs foram implantadas na década de 1970, contribuindo para que a enfermagem em um curto período de tempo adquirisse bases teóricas para sua prática neste novo campo de atuação (GOMES, 1988). Também foi nessa década que surgiram os primeiros cursos de especialização de enfermagem em terapia intensiva, e expandiram por todo o país.

A evolução tecnológica seguinte, que causou um grande impacto na baixa mortalidade, foi constituída pela ventilação mecânica e monitorização do paciente, que realizadas por uma equipe habilitada, tiveram maior potencial para melhorar as expectativas dos pacientes. A partir daí, as UTIs desenvolveram-se como serviços especializados (BARBOSA, 1999).

Ao necessitar da hospitalização em uma unidade de terapia intensiva (UTI), o paciente necessita de cuidados complexos e dinâmicos, equipamentos tecnológicos e profissionais especializados para diagnosticar e tratar de algum desequilíbrio orgânico. Esta Unidade é definida pelo Ministério da Saúde como “um conjunto de elementos funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes graves ou de risco, que exijam assistência médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamento e recursos humanos especializados” (BRASIL, 1998, p.2).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na RDC número 7 de 24 de fevereiro de 2010, reforça que Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), é constituída de um conjunto de elementos funcionalmente agrupados, destinada ao atendimento de pacientes graves ou de risco, potencialmente recuperáveis, que exijam assistência médica ininterrupta, com apoio de equipe de saúde multiprofissional, e demais recursos humanos especializados, além de equipamentos. Os serviços de tratamento intensivo dividem-se de acordo com a faixa etária dos pacientes atendidos, nas seguintes modalidades (BRASIL, 2010):

a) Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia;
b) Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI destinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição;
c) Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI destinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre outras;
d) Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI destinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre zero e 28 dias; 

e) Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI destinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição;
f) Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTI-Pm): UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.

As Unidades de Terapia Intensiva, agrupadas, formam um CTI ou Centro de Terapia Intensiva. Os CTIs acompanham as evoluções científicas e tecnológicas e se tornam altamente especializados no que concerne aos recursos materiais e humanos, compostos por equipe multidisciplinar cuja função principal é restabelecer a saúde do cliente em estado crítico.

Para Figueiredo (2006, p.3), a necessidade de oferecer um atendimento especial faz com que o CTI reúna, em seu núcleo, uma equipe altamente qualificada e com características peculiares. Trata-se de um ambiente cujo acesso é restrito e com recursos tecnológicos de ponta capazes de proporcionar maiores condições de sobrevida a clientes em risco de morte. Biagi e Sebastiani (2001) relatam que no início do intensivismo os pacientes evoluíam a óbito em 24horas, o que veio a contribuir para um estigma da UTI com uma imagem relacionada diretamente com a dor, a morte e o desespero.

Com o passar dos anos e das evoluções tecnológicas conseguiu-se afastar a idéia negativa de que a UTI causava morte iminente, passando a ser associada a uma idéia ligada aos pacientes com perspectivas de recuperação, sob cuidados ininterruptos e individualizados por uma equipe qualificada e com características peculiares.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), a UTI é um local de grande especialização e tecnologia, identificado como espaço laboral destinado a profissionais da saúde, principalmente médicos e enfermeiros, possuidores de grande aporte de conhecimento, habilidades e destreza para a realização de procedimentos. Nesse sentido, subentende-se que os profissionais que atuam nessas Unidades, necessitam de muito preparo, pois invariavelmente, podem se defrontar com situações cujas decisões definem o limite entre a vida ou a morte das pessoas.

O potencial humano é o fator mais importante para o bom desempenho da equipe na UTI. O profissional que trabalha nesse setor deve ser capaz de se destacar, também, nos seguintes aspectos: competência, habilidade e destreza na execução das tarefas, além de disponibilidade para ficar confinado no ambiente hospitalar, disposição para cuidar de clientes críticos, preparo para lidar com o ruído dos aparelhos, preparo para a luta diária com a vida e a morte, busca de conhecimento técnico-científico e permanente atualização, inclusive no manejo do instrumental tecnológico, fator essencial nestas unidades (FIGUEIREDO, 2006).

Autoria: YONARA CRISTIANE RIBEIRO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Área de Concentração: Prática Profissional de Enfermagem, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientador: Prof° Dr Adriano Furtado Holanda.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *