Sistema imunológico - imunidade

Sistema imunológico

O sistema imunológico é um complexo conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas que trabalham em conjunto para proteger o organismo contra agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, bem como contra células anormais, como células cancerosas. Esse sistema, defende o organismo humano contra agentes patógenos, através da imunidade inata e adaptativa.

A principal função do sistema imunológico é identificar e neutralizar agentes patogênicos e impedir sua proliferação, mantendo a homeostase e a integridade do corpo.

Marcos importantes na história do Sistema imunológico

A descoberta e o estudo do sistema imunológico são resultados de séculos de investigação e avanços científicos. Embora seja impossível detalhar completamente todas as descobertas e avanços, é possível destacar alguns marcos importantes na história da imunologia.

  1. Vacinação e a observação de Edward Jenner (1796): Jenner observou que as ordenhadoras de vacas que haviam sido expostas ao cowpox (varíola bovina) não contraíam varíola humana. Ele então realizou um experimento inoculando um menino com material retirado das lesões de cowpox e, posteriormente, expôs o menino à varíola humana. O menino não adoeceu, demonstrando a eficácia da vacinação.
  2. Teoria dos germes e Louis Pasteur (1860–1880): Pasteur conduziu experimentos que demonstravam a relação entre microrganismos e doenças infecciosas. Ele também desenvolveu a vacina contra a raiva e cunhou o termo “vacina” em homenagem a Jenner.
  3. Anticorpos e a descoberta de Emil von Behring e Shibasaburo Kitasato (1890): Eles descobriram que o soro de animais imunizados com toxinas bacterianas poderia neutralizar as toxinas e proteger outros animais das infecções. Essa substância neutralizante foi chamada de antitoxina, uma descoberta que levaria ao desenvolvimento dos conceitos de anticorpos e soro antitóxico.
  4. Teoria do fagocitismo e Elie Metchnikoff (1880-1900): Metchnikoff observou que algumas células brancas do sangue (leucócitos) podiam englobar e digerir partículas estranhas, incluindo microrganismos. Ele chamou esse processo de fagocitose e propôs que fosse uma parte importante da resposta imune.
  5. Descoberta dos linfócitos e a imunidade celular (1960): Pesquisadores como James Gowans e Jacques Miller identificaram os linfócitos e suas funções na resposta imune. Essa descoberta levou ao entendimento de que a imunidade humoral (baseada em anticorpos) e a imunidade celular (baseada em linfócitos T) são componentes distintos da resposta imune adaptativa.
  6. Imunologia do transplante e Peter Medawar (1950-1960): Medawar e colaboradores demonstraram que a rejeição de tecidos transplantados ocorria devido à resposta imunológica, levando ao desenvolvimento de medicamentos imunossupressores para permitir transplantes bem-sucedidos.
  7. Avanços na vacinologia (século XX e XXI): O desenvolvimento de várias vacinas, incluindo as vacinas conjugadas, recombinantes e, mais recentemente, as vacinas de RNA mensageiro (mRNA), como as desenvolvidas para a COVID-19, demonstram avanços significativos na imunologia aplicada.
  8. Imunoterapia do câncer (século XXI): A compreensão da interação entre células imunológicas e células cancerosas tem levado

Classificação do sistema imunológico

O sistema imunológico pode ser classificado em duas categorias principais: a imunidade inata e a imunidade adaptativa. Ambas trabalham em conjunto para proteger o organismo contra infecções e outros perigos, e a interação entre elas é crucial para o funcionamento adequado de todo o sistema imunológico.

Imunidade Inata

Também conhecida como imunidade natural ou inespecífica, é a primeira linha de defesa do organismo. Ela é rápida, presente desde o nascimento e não possui especificidade para agentes infecciosos específicos.

Alguns exemplos de componentes da imunidade inata incluem:

  1. Barreiras físicas:
    a. Pele: atua como uma barreira mecânica, impedindo a entrada de microrganismos no corpo.
    b. Mucosas: revestem as superfícies internas do corpo e ajudam a capturar e eliminar patógenos através do muco.
  2. Barreiras químicas:
    a. Suco gástrico: produzido pelo estômago, possui ácido clorídrico e enzimas que destroem microrganismos ingeridos.
    b. Saliva: contém enzimas como a lisozima, que degrada a parede celular de bactérias, e imunoglobulina A (IgA), que neutraliza patógenos.
    c. Lágrimas: além da lisozima, ajudam a remover partículas e microrganismos da superfície dos olhos.
  3. Células especializadas:
    a. Macrófagos: células que fagocitam e destroem patógenos e detritos celulares.
    b. Neutrófilos: células que combatem infecções, principalmente bacterianas, por meio da fagocitose e liberação de substâncias antimicrobianas.
    c. Células Natural Killer (NK): células que reconhecem e eliminam células infectadas por vírus e células tumorais.
  4. Proteínas do sistema complemento: uma série de proteínas que se ativam em cascata, amplificando a resposta imune, estimulando a fagocitose e promovendo a lise de células patogênicas.
  5. Interferons: proteínas produzidas por células infectadas por vírus que atuam como mensageiros químicos, alertando outras células para se prepararem para a infecção viral e estimulando a resposta imune.
  6. Reação inflamatória: processo que aumenta a circulação sanguínea e a permeabilidade dos vasos sanguíneos no local da infecção ou lesão, permitindo que células e moléculas do sistema imunológico cheguem mais facilmente ao local afetado.

Esses são apenas alguns exemplos de componentes da imunidade inata que trabalham em conjunto para proteger o organismo contra infecções e outros perigos.

Imunidade Adaptativa

Também conhecida como imunidade adquirida ou específica, essa forma de defesa é mais lenta para responder, mas possui uma alta especificidade e memória imunológica, permitindo uma resposta mais eficaz em infecções subsequentes pelo mesmo patógeno.

Essas classificações descrevem diferentes maneiras pelas quais a imunidade adaptativa pode ser adquirida, seja pelo próprio corpo gerando uma resposta imune (ativa) ou pela transferência de componentes imunológicos de outra fonte (passiva).

Imunidade Ativa

A imunidade ativa ocorre quando o próprio corpo entra em contato com um antígeno e responde a ele, gerando uma resposta imune específica e memória imunológica.
Isso pode ocorrer de duas maneiras:
a. Infecção natural: Quando uma pessoa é exposta a um patógeno na vida cotidiana e desenvolve uma resposta imune contra ele.
Por exemplo, uma pessoa que se recupera do sarampo desenvolve imunidade ativa contra o vírus do sarampo.
b. Vacinação (artificial): Quando uma pessoa é exposta a um antígeno atenuado, inativado ou sintético por uma vacina, estimulando o sistema imunológico a desenvolver uma resposta imune e memória imunológica.
Por exemplo, a vacinação contra a gripe fornece imunidade ativa contra as cepas específicas do vírus influenza contida na vacina.

Imunidade Passiva

A imunidade passiva ocorre quando uma pessoa recebe anticorpos ou células imunes específicas de outra fonte, sem que o próprio corpo tenha que gerar a resposta imune. Isso fornece proteção imediata, mas temporária, e não resulta em memória imunológica.
A imunidade passiva pode ser adquirida de maneiras diferentes:
a. Transferência materna (natural): Os anticorpos da mãe são transferidos para o feto através da placenta durante a gestação e também para o recém-nascido através do colostro e do leite materno. Isso fornece proteção temporária para o bebê contra infecções nas primeiras semanas ou meses de vida.
b. Imunoglobulina ou soro terapêutico (artifical): A administração de anticorpos específicos obtidos de doadores humanos ou animais para tratar ou prevenir doenças em pessoas que não têm imunidade.
Por exemplo, a imunoglobulina antirrábica pode ser administrada após a exposição ao vírus da raiva em pessoas não vacinadas.

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