Avaliação da força muscular: Técnicas práticas para enfermeiros

Última atualização: 31/12/2024

A avaliação da força muscular é uma etapa importante do exame físico, especialmente em pacientes com queixas de fraqueza, alterações motoras ou condições neurológicas. Essa análise permite identificar déficits musculares, localizar lesões nervosas e monitorar a progressão ou recuperação de doenças. Utilizando técnicas específicas, o enfermeiro pode mensurar a força dos grupos musculares e contribuir para o diagnóstico e planejamento do cuidado.


Por que avaliar a força muscular?

A força muscular reflete a capacidade dos músculos de realizar contrações contra a resistência e está diretamente relacionada à integridade do sistema nervoso e musculoesquelético. Alterações na força podem ser causadas por:

  • Doenças neurológicas: AVC, esclerose múltipla, neuropatias periféricas.
  • Lesões musculares: Distrofias musculares, miopatias inflamatórias.
  • Traumas: Fraturas, lesões medulares ou nervosas.
  • Condições metabólicas: Hipocalemia, desnutrição ou intoxicações.

A avaliação da força muscular ajuda a identificar a extensão do déficit e a orientar intervenções, como fisioterapia ou cuidados especializados.


Como realizar a avaliação da força muscular

A avaliação da força muscular pode ser feita por meio de testes simples, aplicados de forma sistemática em grupos musculares específicos. A técnica mais utilizada é o teste de força manual, baseado na Escala de Força Muscular de Oxford, que atribui uma pontuação de 0 a 5:

PontuaçãoDescriçãoExemplo de força
0Ausência total de contração muscular.Paralisação completa.
1Contração visível, sem movimento.Músculo tenta se contrair.
2Movimento completo sem gravidade.Movimento no plano horizontal.
3Movimento completo contra a gravidade.Levanta o membro sem resistência.
4Movimento contra resistência leve.Fraqueza moderada.
5Força normal.Contração plena contra resistência.

Técnica para avaliação da força muscular por regiões

A força muscular deve ser avaliada em ambos os lados do corpo, permitindo a comparação entre o lado direito e o esquerdo. As áreas mais comuns avaliadas são:

  1. Membros superiores:
    • Ombros: Peça ao paciente para elevar os braços enquanto você aplica resistência para baixo.
    • Cotovelos: Instrua o paciente a flexionar e estender os cotovelos contra resistência.
    • Punhos: Avalie a força na flexão e extensão dos punhos contra sua mão.
    • Dedos: Peça ao paciente para apertar sua mão (força de preensão) e resistir à abertura dos dedos.
  2. Membros inferiores:
    • Quadris: Peça ao paciente para levantar a perna enquanto você pressiona para baixo.
    • Joelhos: Avalie a flexão e extensão dos joelhos aplicando resistência.
    • Tornozelos: Instrua o paciente a realizar dorsiflexão e flexão plantar contra sua mão.
    • Dedos dos pés: Peça para levantar os dedos contra resistência.
  3. Pescoço:
    • Avalie a força da flexão, extensão e rotação do pescoço contra resistência.
  4. Tronco:
    • Teste a força dos músculos abdominais pedindo ao paciente para levantar a cabeça e os ombros enquanto deitado.

O que observar durante a avaliação

  1. Assimetria de força:
    • Compare os dois lados do corpo; diferenças podem indicar lesões ou condições neurológicas.
  2. Presença de dor:
    • Dor durante o movimento pode indicar inflamação ou lesão muscular.
  3. Movimentos anormais:
    • Movimentos lentos, descoordenados ou tremores podem ser sinais de doenças neurológicas.
  4. Tônus muscular:
    • Avalie se os músculos estão flácidos (hipotonia) ou rígidos (hipertonia).

Exemplo prático de avaliação da força muscular

Imagine um paciente que sofreu um AVC e apresenta fraqueza no lado esquerdo do corpo:

  • Membros superiores: Pontuação 3 no braço esquerdo (movimento contra a gravidade, mas sem resistência).
  • Membros inferiores: Pontuação 2 na perna esquerda (movimento no plano horizontal, sem gravidade).

Interpretação: Déficit motor moderado a grave no lado esquerdo, indicando hemiparesia pós-AVC.


Cuidados durante a avaliação

  1. Garantir conforto: Explique o procedimento ao paciente para reduzir ansiedade e garantir cooperação.
  2. Evitar forçar movimentos: Caso o paciente sinta dor ou desconforto, interrompa o teste e registre o ocorrido.
  3. Registrar os achados: Documente a pontuação de cada grupo muscular avaliado, especificando áreas de fraqueza ou dor.

Interpretação clínica dos achados
  1. Força muscular normal (5): Indica ausência de déficit motor significativo.
  2. Fraqueza moderada (3-4): Pode indicar lesões parciais, como neuropatia ou miopatia leve.
  3. Fraqueza grave (0-2): Sugere comprometimento neurológico severo, como lesões medulares ou paralisias.

Condições comuns associadas a déficits de força muscular
  • Neuropatias periféricas: Fraqueza distal nos membros, como dificuldade para segurar objetos ou caminhar.
  • AVC: Hemiparesia ou hemiplegia em um lado do corpo.
  • Distrofias musculares: Perda progressiva de força em grupos musculares específicos.
  • Esclerose múltipla: Fraqueza associada a espasticidade e fadiga.

A avaliação da força muscular é um componente essencial do exame físico, especialmente em pacientes com suspeita de lesões neurológicas ou musculares. Realizada de forma sistemática, essa avaliação fornece informações importantes para o diagnóstico e o planejamento de intervenções terapêuticas. O domínio dessa técnica é indispensável para a prática clínica, garantindo um cuidado eficaz e seguro ao paciente.

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