Última atualização: 22/12/2024
O termo bradicardia refere-se a uma condição em que a frequência cardíaca (FC) é menor que 60 batimentos por minuto (bpm) em adultos, em repouso. Apesar de em alguns casos ser considerada normal (como em atletas), a bradicardia pode ser patológica e indicar um comprometimento da condução elétrica do coração ou outras condições subjacentes. O enfermeiro tem um papel essencial na identificação precoce, no monitoramento contínuo e na execução de intervenções adequadas para estabilizar o paciente e prevenir complicações potencialmente fatais.
Classificação da Bradicardia
A bradicardia pode ser classificada de acordo com sua origem e impacto clínico:
- Bradicardia sinusal:
- O ritmo cardíaco é gerado pelo nó sinoatrial (ritmo normal), mas em uma frequência reduzida.
- Pode ser fisiológica, como em atletas, ou relacionada a condições como hipotireoidismo.
- Bradicardia patológica:
- Resulta de alterações no sistema de condução cardíaco.
- Inclui bloqueios atrioventriculares (BAV), onde o impulso elétrico não é transmitido adequadamente entre os átrios e os ventrículos.
- Bradicardia induzida por medicamentos:
- Pode ocorrer como efeito colateral de drogas como betabloqueadores, digitálicos ou antagonistas de cálcio.
Causas da Bradicardia
As causas podem ser variadas, incluindo fatores fisiológicos e patológicos:
- Fisiológicas:
- Atletas treinados apresentam bradicardia devido à eficiência cardiovascular aumentada.
- Durante o sono, a frequência cardíaca naturalmente diminui.
- Patológicas:
- Distúrbios cardíacos: Doença do nó sinoatrial, bloqueios atrioventriculares.
- Condições metabólicas: Hipotireoidismo, hipotermia.
- Distúrbios eletrolíticos: Hipercalemia, hipocalcemia.
- Infecções: Endocardite ou miocardite.
- Uso de medicamentos: Betabloqueadores, digoxina, antiarrítmicos.
- Causas externas:
- Estímulos vagais intensos (ex.: vômitos, tosse, manobra de Valsalva).
- Hipóxia ou apneia em recém-nascidos.
Sinais e Sintomas
A bradicardia pode ser assintomática em casos leves, especialmente em indivíduos saudáveis. Em casos patológicos ou severos, os sintomas incluem:
- Tontura ou vertigem.
- Fadiga extrema.
- Falta de ar (dispneia).
- Palpitações ou sensação de coração lento.
- Confusão mental ou letargia.
- Síncope (desmaio), especialmente em casos de BAV grave.
Impacto Clínico
A bradicardia, dependendo de sua gravidade, pode comprometer a perfusão tecidual e levar a complicações como:
- Isquemia cerebral (redução do fluxo sanguíneo para o cérebro).
- Insuficiência cardíaca.
- Parada cardíaca em casos de bradicardia extrema.
Exemplo Prático na Enfermagem
Durante a avaliação, o enfermeiro registra:
“Paciente, sexo masculino, 65 anos, apresenta bradicardia com frequência cardíaca de 50 bpm. Refere tontura ao caminhar e episódios de confusão mental. Monitorado em eletrocardiograma contínuo, revelando bloqueio atrioventricular de segundo grau. Encaminhado para avaliação médica com indicação de marca-passo provisório.”
Nesse exemplo, o enfermeiro identifica sintomas clínicos relacionados à bradicardia e toma medidas para estabilizar o paciente.
Aplicação Prática para Enfermagem
- Monitoramento:
- Avaliar a frequência cardíaca por meio de pulso radial, carotídeo ou monitorização cardíaca.
- Observar sinais de hipoperfusão, como extremidades frias, palidez e redução do débito urinário.
- Registrar e interpretar eletrocardiogramas para identificar alterações no ritmo cardíaco.
- Intervenções de emergência:
- Administrar atropina (conforme prescrição) para aumentar a frequência cardíaca em bradicardias sintomáticas.
- Preparar para a instalação de marca-passo temporário em casos graves.
- Manter o paciente em posição supina para melhorar a perfusão cerebral.
- Educação em saúde:
- Orientar pacientes que usam medicamentos que podem causar bradicardia a reconhecer sinais de alerta, como tontura ou fadiga extrema.
- Incentivar o acompanhamento regular com um cardiologista em casos de bradicardia crônica ou associada a doenças cardíacas.
Relevância no Cuidado
A bradicardia é um sinal clínico que pode ser benigno ou indicar doenças graves. O enfermeiro tem um papel essencial na identificação precoce, no monitoramento contínuo e na execução de intervenções adequadas para estabilizar o paciente e prevenir complicações potencialmente fatais. Quais são as doenças que causam arritmia cardíaca?