Cuidados de enfermagem com o corpo do paciente após o óbito

Cuidados de enfermagem com o corpo do paciente após o óbito

Atualizado em 18/03/2023 às 06:51

O cuidado de enfermagem no preparo do óbito é uma etapa importante para garantir um fim de vida digno e respeitoso para o paciente e sua família.

Veremos os cuidados de enfermagem dispensados ao corpo, após a constatação médica do óbito.

É importante observar sempre a prescrição médica pra iniciar os cuidados de enfermagem.

Responsável pela prescrição de cuidados com o óbito: Enfermeiro faz a prescrição de enfermagem após prescrito pelo médico o óbito no prontuário do paciente.

Finalidades: Remover os dispositivos; Limpar, tamponar e identificar o corpo; Colocar o corpo em posição anatômica para o sepultamento.

Responsáveis pela execução: Enfermeiro, Auxiliar e Técnico de Enfermagem e Acadêmicos de enfermagem sob a supervisão do professor e/ou responsável

Indicação: Corpo após a constatação do óbito pelo médico

Contraindicações/Restrições: É necessário ver a necessidade do corpo ser encaminhado ao InstitutoMédico Legal (IML), Serviço de Verificação de Óbito(SVO) ou Necropsia. Esses não necessitarão ser tamponados.

Materiais necessários para limpeza e preparo do corpo

  1. Equipamentos de Proteção Individual – EPI – (máscara cirúrgica, óculos protetor, avental e luvas de procedimento)
  2. Biombo
  3. Bandeja
  4. Sistema de aspiração montado (cateter de aspiração de 10 a 14 french, extensões de silicone, frascos redutor depressão e de coletor intermediário e rede de vácuo), se necessário
  5. Pinça longa (Cheron)
  6. Tesoura ou bisturi, se necessário
  7. Algodão e/ou gaze não esterilizada
  8. Atadura crepe (3)
  9. Fita adesiva/esparadrapo com os dados de identificação do cliente (nome completo, registro geral, data de nascimento,data e horário do óbito, setor e número do leito, nome do responsável pelos cuidados)
  10. Compressa de banho, se necessário
  11. Bacia com água, se necessário
  12. Papel-toalha (2), se necessário
  13. Sabonete líquido, se necessário
  14. Recipiente para o descarte dos materiais
  15. Lençol (2)
  16. Hamper
  17. Prótese dentária, se houver
  18. Maca sem colchão

Materiais para desinfecção terminal do leito, conforme Procedimento Operacional Padrão (POP) “Limpeza e desinfecção terminal de unidade”

Descrição dos Procedimentos

  1. Desligar todos os equipamentos, após a constatação escrita do óbito pelo médico responsável para liberar o corpo para a execução do procedimento.
  2. Higienizar as mãos para reduzir a transmissão de micro-organismos.
  3. Reunir os materiais necessários e encaminhá-los à unidade para economizar tempo.
  4. Colocar a bandeja com os materiais sobre a mesa de cabeceira para facilitar a execução do procedimento.
  5. Colocar o biombo, se necessário para proteger da curiosidade e diminuir o mal-estar dos outros clientes da enfermaria.
  6. Posicionar a cama na horizontal com a cabeceira levemente elevada para facilitar a execução do procedimento e minimizar os refluxos gastroesofágico e sanguíneo.
  7. Forrar a escadinha com o papel-toalha e colocar a bacia com água sobre a mesma, quando for necessário para facilitar a execução do procedimento.
  8. Paramentar-se com os EPI para promover proteção individual.
  9. Soltar os lençóis da cama e retirar o travesseiro para facilitar a execução do procedimento.
  10. Fechar os olhos do cliente, pressionando as pálpebras. Caso não seja possível, fixá-las com tiras de fitas adesivas para evitar que os olhos fiquem abertos, quando ocorrer o enrijecimento cadavérico, e manter a aparência natural.
  11. Retirar os cateteres, as cânulas e os drenos com auxílio de tesoura ou bisturi, se necessário, colocando-os em um recipiente de descarte para permitir a execução do procedimento.
  12. Fazer curativo oclusivo nos sítios de inserção de dispositivos que estiverem drenando secreções, utilizando gazes e fita adesiva para evitar saída de secreções e/ou sangue.
  13. Aspirar secreções da naso e orofaringe, se necessário para evitar saída de secreções e/ou sangue pela boca e nariz.
  14. Colocar ou reposicionar a prótese dentária, se houver para manter a aparência natural, antes do enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
  15. Tamponar os orifícios naturais do corpo (narinas, ouvidos e regiões orofaríngea, vaginal e anal) com algodão seco, por meio de uma pinça longa, de tal maneira que não apareça o algodão para evitar a saída de flatos, secreções e odor fétido.
  16. Remover os curativos e refazê-los, quando for necessário para proporcionar limpeza corporal.
  17. Fazer a higiene do corpo com compressa úmida com água e sabonete líquido na presença de sangue, secreções e outras sujidades para remover sujidades para melhorar a aparência.
  18. Remover os lençóis sujos e molhados, desprezando-os no hamper para manter o corpo limpo.
  19. Sustentar a mandíbula com atadura crepe ou com esparadrapo,amarrando-o no alto da cabeça para manter em posição anatômica, antes do enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
  20. Unir as mãos sobre a região epigástrica e fixá-las com atadura crepe ou esparadrapo para manter em posição adequada, antes do enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
  21. Juntar os pés e fixá-los com atadura crepe ou fita adesiva para manter em posição adequada, antes do enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
  22. Fixar a fita adesiva com os dados de identificação na testa do cliente em posição invertida. Não retirar a pulseira de identificação para identificar o corpo e facilitar a leitura dos dados de identificação.
  23. Colocar um lençol limpo sob o corpo, utilizando-o para passar o corpo da cama para maca, e outro sobre para facilitar a passagem do corpo da cama para maca.
  24. Dobrar o lençol sobre o corpo, fixando com fita adesiva para evitar a exposição do corpo.
  25. Retirar os EPI para evitar a transmissão de micro-organismos.
  26. Higienizar as mãos para promover proteção individual e evitar a transmissão de micro-organismos.
  27. Encaminhar o corpo ao local de destino ( Serviço de Patologia/Necropsia), após comunicação prévia para fazer a tramitação correta e evitar o trabalho desnecessário.
  28. Retornar com a maca ao setor e realizar a sua limpeza e desinfecção terminal para garantir a devolução do mobiliário da unidade e mantê-la limpa para o próximo uso.
  29. Reunir e empacotar os pertences do cliente, para entregá-los à família, posteriormente para garantir a devolução correta dos pertences.
  30. Providenciar a limpeza e desinfecção terminal do leito,conforme POP para preparar o leito para receber outro cliente.
  31. Recolher os materiais e dar destino adequado, encaminhando os descartáveis ao expurgo para promover ambiente favorável e dar destino adequado aos materiais.
  32. Proceder às anotações de enfermagem, constando: data e horário do óbito, nome do médico que constatou o óbito, descrição dos cuidados realizados; horário da transferência ao Serviço de Patologia/Necropsia, identificação da pessoa que recebeu os pertences, intercorrências e outros achados importantes para promover qualidade à documentação e atender  à legislação.

Intervenções de Enfermagem e observações

Evitar comentários desnecessários e manter atitude de respeito durante o cuidado com o corpo. Respeitar as crenças dos familiares ao preparar o corpo. Não realizar os procedimentos de higienização e tamponamento para o corpo que será encaminhado ao IML ou SVO e que esteve hospitalizado por um período inferior a 24 horas.

Nesses casos, deve ser feita somente a identificação, e os cuidados com o corpo passam a ser do local onde o corpo será encaminhado. Desprezar os materiais descartáveis utilizados nos cuidados com o corpo no expurgo, em recipientes de descarte específicos para o tipo de resíduo. Permitir que a família veja o corpo antes de ser encaminhado ao Serviço de Patologia/Necropsia, quando solicitado.

Leia também:

Referências

1.NURSING INTERVENTIONS CLASSIFICATION (NIC) Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC).6° ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
2.NURSING OUTCOMES CLASSIFICATION (NOC). Classificação dos Resultados de Enfermagem. 5° ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
3.NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION (NANDA). Diagnóstico de enfermagem:definições e classificação 2015-2017/ NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. – Porto Alegre:Artmed, 2015.
4.TRINDADE, V., SALMON, V.R.R. Sistematização de enfermagem: morte e morrer. Curitiba: Revista dasFaculdades Santa Cruz, v. 9, n. 2, p. 115-137, 2013.
5.CHEREGATTI, A. L. et al. Técnicas de enfermagem. São Paulo: Rideel, 2009. 246p.
6.POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2009. 1480p.
7.SILVA, S. C.; SIQUEIRA, I. L. C. P.; SANTOS, A. E. Procedimentos básicos. Hospital Sírio Libanês. São Paulo:Atheneu, 2008. 170p.
8.TAYLOR, C.; LILLIS, C.; LEMONE, P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem.5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 1592p.
9.LECH, J. Manual de procedimentos de enfermagem. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. São Paulo: Martinari, 2006.238p.
10.MORITZ, R. A. Os profissionais de saúde diante da morte e do morrer. Bioética, v.13, n. 2, p. 51-63, 2005.
11.ARCHER, E. et al. Procedimentos e protocolos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
12.SCHULL, P. D. Enfermagem básica: teoria e prática. São Paulo: Rideel, 2005. 501p.
13.BUENO, E. Porque falar na morte? Rev. Espaço Acadêmico, 2003.
14.RIBEIRO, M. C.; BARALDI, S.; SILVA, M. J. P. A percepção da equipe de enfermagem em situação de morte:ritual do preparo do corpo “pós-morte”. Rev. Esc. Enfermagem., v. 32, n. 2, p. 117-23, 1998.

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