Última atualização: 28/12/2024
A palpação abdominal é uma etapa crucial do exame físico, permitindo ao enfermeiro avaliar estruturas internas, identificar massas, áreas de dor, alterações na textura e outras condições que podem indicar doenças abdominais. Realizada após a inspeção e a ausculta, essa técnica fornece informações importantes para o diagnóstico e o planejamento do cuidado.
Objetivos da palpação abdominal
A palpação tem como principal objetivo avaliar as condições dos órgãos abdominais e estruturas circundantes. Entre os achados que podem ser detectados estão:
- Massas ou nódulos: Indicativos de tumores, cistos ou linfonodos aumentados.
- Dor localizada: Sinal de inflamação ou infecção, como apendicite ou colecistite.
- Rigidez abdominal: Pode indicar peritonite.
- Alterações em órgãos específicos: Aumento do fígado (hepatomegalia) ou do baço (esplenomegalia).
Técnicas de palpação abdominal
A palpação é dividida em dois tipos: superficial e profunda, realizadas de maneira sistemática e cuidadosa para evitar desconforto ao paciente.
- Preparação do paciente:
- Coloque o paciente em posição supina, com as pernas levemente dobradas para relaxar a musculatura abdominal.
- Garanta que o paciente esteja confortável e explique cada etapa do procedimento.
- Certifique-se de que suas mãos estejam aquecidas para evitar reflexos involuntários causados pelo frio.
- Palpação superficial:
- Objetivo: Avaliar sensibilidade, dor, rigidez ou massas superficiais.
- Como fazer:
- Use a ponta dos dedos para pressionar levemente (1-2 cm) sobre o abdome, movendo-se em sentido horário.
- Observe a expressão facial do paciente para identificar áreas dolorosas.
- Avalie a consistência da parede abdominal (mole, rígida ou contraída).
- Palpação profunda:
- Objetivo: Avaliar órgãos internos e detectar massas profundas ou áreas de dor significativa.
- Como fazer:
- Pressione de forma mais firme (4-5 cm), utilizando as duas mãos se necessário, com uma mão empurrando suavemente enquanto a outra sente as estruturas.
- Explore regiões específicas, como o fígado, baço e rins.
- Sequência:
- Realize a palpação de forma sistemática, começando em áreas sem dor e deixando as regiões dolorosas por último.
O que observar durante a palpação
- Massas ou nódulos:
- Avalie tamanho, localização, forma, consistência, mobilidade e sensibilidade.
- Massas fixas podem indicar tumores, enquanto massas móveis são mais comuns em cistos ou hérnias.
- Dor localizada:
- Peça ao paciente para identificar onde a dor está mais intensa.
- Sinais de dor:
- Sinal de Blumberg: Dor ao descomprimir rapidamente a parede abdominal, indicativa de peritonite.
- Sinal de Murphy: Dor ao pressionar o ponto vesicular durante a inspiração, sugestiva de colecistite.
- Rigidez ou tensão muscular:
- Rigidez involuntária pode indicar irritação peritoneal.
- Órgãos aumentados:
- Hepatomegalia: Palpação de fígado aumentado abaixo do rebordo costal direito.
- Esplenomegalia: Palpação do baço aumentado no quadrante superior esquerdo.
Áreas específicas avaliadas na palpação
- Quadrante superior direito:
- Avaliação do fígado e vesícula biliar.
- Hepatomegalia pode indicar cirrose ou insuficiência cardíaca direita.
- Quadrante superior esquerdo:
- Avaliação do baço e estômago.
- Esplenomegalia pode ser associada a infecções ou doenças hematológicas.
- Quadrante inferior direito:
- Avaliação do apêndice cecal.
- Dor intensa nessa região pode ser sinal de apendicite.
- Quadrante inferior esquerdo:
- Avaliação do cólon sigmoide.
- Massas ou dor podem indicar diverticulite.
Interpretação clínica dos achados
- Massas abdominais:
- Tumores: Geralmente firmes, fixos e indolores.
- Hérnias: Redutíveis ao toque, localizadas na região umbilical, inguinal ou femoral.
- Dor localizada:
- Apendicite: Dor no ponto de McBurney (entre a cicatriz umbilical e a crista ilíaca direita).
- Colecistite: Dor no quadrante superior direito, frequentemente associada a náuseas.
- Rigidez abdominal:
- Sinal de irritação peritoneal, comum em peritonite ou perfurações abdominais.
- Ascite:
- Sensação de “onda líquida” ao pressionar o abdome, indicando acúmulo de líquido peritoneal.
Exemplo prático de palpação abdominal
Imagine um paciente com queixa de dor intensa no quadrante inferior direito:
- Achados na palpação:
- Dor localizada no ponto de McBurney.
- Rigidez involuntária na região e sinal de Blumberg positivo (dor à descompressão).
- Interpretação:
- Achados indicativos de apendicite, necessitando de avaliação médica imediata.
Cuidados durante a palpação abdominal
- Abordagem humanizada: Garanta o conforto do paciente, especialmente ao explorar áreas dolorosas.
- Movimentos suaves: Evite pressionar excessivamente para não causar desconforto ou mascarar sinais clínicos.
- Documentação precisa: Registre os achados de forma clara, especificando a localização, intensidade e características das alterações.
A palpação abdominal é uma ferramenta indispensável no exame físico, permitindo ao enfermeiro identificar alterações importantes e orientar intervenções imediatas. Quando realizada de forma sistemática e cuidadosa, essa técnica fornece informações detalhadas sobre o estado abdominal do paciente, auxiliando na detecção precoce de doenças e no monitoramento contínuo. O domínio dessa habilidade é essencial para a prática clínica de enfermagem. Dores nos pés pode ser fascite plantar