Quais os tipos de dor?

Última atualização: 31/12/2024

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor é definida como “uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal dano”. Esse conceito ressalta que a dor é sempre subjetiva e pessoal, sendo profundamente influenciada por fatores individuais. Ao entender a complexidade e as dimensões da dor, é possível proporcionar um cuidado mais humano e efetivo, promovendo a qualidade de vida mesmo em condições de sofrimento.

Fatores que podem intensificar a percepção da dor

Embora a severidade da dor nem sempre esteja diretamente relacionada à extensão do dano tecidual, vários fatores podem intensificar a percepção dolorosa, como:

  • Fadiga.
  • Depressão.
  • Raiva.
  • Medo ou ansiedade.
  • Sentimentos de desesperança ou desamparo.

O Conceito de Dor Total por Cecily Saunders

Cecily Saunders introduziu o termo “Dor Total” para descrever a experiência multifacetada da dor. Esse conceito considera que a dor é composta por aspectos:

  1. Físicos: Lesões ou condições clínicas.
  2. Mentais: Ansiedade, medo, e outros fatores psicológicos.
  3. Sociais: Perdas de saúde, trabalho ou independência.
  4. Espirituais: Reflexões sobre a vida, morte e sentido existencial.

Pacientes com doenças avançadas, como o câncer, frequentemente enfrentam múltiplas perdas. O entendimento da dor como uma entidade total reforça a necessidade de abordagens holísticas e individualizadas para alcançar alívio efetivo. Ver Enfermeiro no gerenciamento da dor do paciente.


Dor em Pacientes Oncológicos

Incidência da Dor no Câncer

  • 30% dos pacientes com câncer em tratamento relatam dor moderada ou intensa.
  • Em estágios avançados, essa prevalência aumenta para 60% a 90%.

Causas Comuns de Dor

  1. Relacionadas ao câncer (46%-92%)
    • Invasão óssea tumoral.
    • Compressão ou invasão do sistema nervoso periférico.
    • Pressão intracraniana elevada.
  2. Relacionadas ao tratamento antitumoral (5%-20%)
    • Pós-operatória: dor fantasma, toracotomias.
    • Pós-quimioterapia: neuropatia periférica, mucosite.
    • Pós-radioterapia: fibrose e esofagite.
  3. Desordens concomitantes (8%-22%)
    • Osteoartrite e espondiloartrose.

Muitos pacientes podem apresentar mais de um tipo de dor, sendo essencial identificar a origem para aplicar o tratamento adequado.


Classificação da Dor: Mecanismos e Tipos

Dor Nociceptiva

  • Origem: Estímulo de nociceptores em tecidos periféricos.
  • Tipos:
    • Somática: Bem localizada, proveniente de pele, músculos ou ossos.
    • Visceral: Difusa, relacionada a órgãos internos, com sintomas como náusea.

Dor Neuropática

  • Origem: Lesão ou disfunção do sistema nervoso periférico ou central.
  • Características: Queimação, formigamento, alodínia (dor causada por estímulos não dolorosos).

Dor Simpática Mantida

  • Origem: Disfunções autonômicas associadas ao sistema nervoso simpático.
  • Sintomas: Edema, alterações de sudorese e temperatura local.

Dor Aguda e Dor Crônica

Dor Aguda

  • Início súbito, relacionada a lesões ou inflamações.
  • Geralmente autolimitada e de curta duração.
  • Sintomas neurovegetativos incluem taquicardia, hipertensão e ansiedade.

Dor Crônica

  • Persiste além do período esperado de recuperação.
  • Associada a alterações emocionais, como ansiedade e depressão.
  • Pode estar relacionada a processos patológicos contínuos ou recorrentes.

Intervenções Terapêuticas no Manejo da Dor

Terapias Não Farmacológicas

  1. Calor
    • Efeito: Reduz rigidez muscular e melhora a circulação.
    • Aplicação: 40-45°C, por 20-30 minutos, até 4 vezes ao dia.
  2. Frio
    • Efeito: Reduz edema e retarda estímulos nociceptivos.
    • Aplicação: Bolsas de gelo a 15°C, por 15 minutos, 2-3 vezes ao dia.
  3. Massagem
    • Efeito: Promove relaxamento muscular e sensação de conforto.
    • Contraindicações: Áreas lesionadas ou com dor intensa.

Tratamento Farmacológico

  1. Analgesia Multimodal:
    • Opiáceos e não opiáceos, dependendo do tipo e intensidade da dor.
    • Adjuvantes, como antidepressivos e anticonvulsivantes, para dor neuropática.
  2. Bloqueios Anestésicos:
    • Indicados para dores refratárias.

Sinais e Sintomas em Diferentes Tipos de Dor Neuropática

Sensações Anormais

  • Disestesia: Sensação anormal espontânea.
  • Hiperalgesia: Resposta exagerada a estímulos dolorosos.
  • Alodínia: Dor causada por estímulos não dolorosos.

Dor Fantasma

  • Ocorre frequentemente após amputações, devido à memória da dor no membro ausente.

Considerações Finais

A dor é uma experiência multifacetada que exige uma abordagem integral e interdisciplinar. Profissionais de enfermagem desempenham um papel essencial no alívio da dor, sendo indispensável a avaliação contínua e a personalização das intervenções. Ao entender a complexidade e as dimensões da dor, é possível proporcionar um cuidado mais humano e efetivo, promovendo a qualidade de vida mesmo em condições de sofrimento.

Investir em educação continuada e treinamento é fundamental para capacitar os profissionais a lidar com os desafios dessa prática. Ver Teoria das Necessidades Humanas Básicas

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