Via Intraóssea Administração de Medicamentos

Via Intraóssea Administração de Medicamentos

Atualizado em 08/02/2023 às 11:17

A administração de medicamentos por via intraóssea, tem um índice elevado de sucesso e poucas complicações. Porém, não deve ser usada em pacientes com uma área infectada, em osso no qual o acesso intraósseo já tenha sido tentado, em osso com fratura exposta, em paciente com tumor ou com osteoporose.

O líquido injetado na medula drena rapidamente para os canais venosos centrais e chega à circulação sistêmica por meio das veias de menor calibre. 

Além disso, possibilita administração rápida de líquidos e medicamentos na medula óssea.

Essa via de administração pode ser usada para lactentes, crianças ou adultos, quando não for possível estabelecer um acesso venoso de emergência nos primeiros dois minutos após o atendimento inicial no caso de parada cardiorrespiratória. 

Pode também ser utilizada para administrar-se anestesia regional durante o tratamento de distúrbios ortopédicos, nos quais não foi possível conseguir acesso venoso ou se tal fato for inexequível. A agulha intraóssea deve ser retirada logo que o acesso venoso convencional for estabelecido; varia segundo a idade e o tamanho do paciente. Existem agulhas descartáveis desenhadas especialmente para infusão intraóssea. Um obturador pontiagudo protege a sua ponta e filamentos helicoidais ajudam a penetrar no osso.

Na ausência de uma agulha intraóssea, o profissional pode optar por uma agulha de aço inoxidável para uso lipodérmico, espinhal ou esternal, um trépano ou uma agulha de medula óssea convencional, desde que tenha as seguintes características:

  • diáfise curta, para evitar deslocamento acidental;
  • estilete para impedir obstrução da luz pelo osso;
  • calibre grosso;
  • rigidez;
  • um cabo que firme o estilete durante a introdução.

A via intraóssea tem um índice elevado de sucesso e poucas complicações. Porém, não deve ser usada em pacientes com uma área infectada, em osso no qual o acesso intraósseo já tenha sido tentado, em osso com fratura exposta, em paciente com tumor ou com osteoporose.

Os medicamentos ou líquidos podem ser infundidos por gravidade ou por bomba de infusão. O tamanho da agulha, a densidade e as di- mensões da cavidade da medula são fatores que interferem na taxa de infusão. O uso da punção intraóssea por mais de 24 horas pode causar osteomielite.

Qualificação para a técnica

Médico ou enfermeiro com treinamento específico.

Locais para infusão

Crianças
  • Superfície anteromedial da tíbia proximal, 2,5 cm abaixo da tuberosidade tibial.
  • Tíbia e fêmur distais. A tíbia distal é preferível por ter uma cobertura fina de córtex ósseo e por possibilitar acesso mais difícil, porque o osso está bem protegido por músculo e gordura.
  • A inserção no esterno não é recomendável para crianças, devido ao risco de perfuração.
  • Nunca introduzir uma agulha intraóssea nas placas epifisá- rias de uma criança.
Adultos
  • Crista ilíaca ou esterno (com exceção do segmento antero- posterior, no qual a agulha poderia penetrar por completo).
  • Extremidade distal do rádio, a metáfise proximal do úmero e uma região situada 3 a 4 cm antes da extremidade distal domaléolo lateral ou medial.
  • A agulha também pode ser introduzida no processo estiloide da ulna, na epífise distal do segundo metacarpo, na epífise distal do primeiro metatarso, na tíbia ou no fêmur distal.

Introdução de agulha intraóssea

Para realizar o procedimento de introdução de uma agulha intraós- sea, o profissional precisa ter recebido treinamento específico.

Material:
  • Uma agulha de acesso intraósseo com obturador de tama- nho apropriado.
  • Três pacotes de compressas de gaze com iodopovidona (ou antisséptico padrão da instituição).
  • Luvas estéreis.
  • Seringa de 3 a 5 ml (uma de cada tamanho).
  • Lidocaína a 1%.
  • Soro fisiológico para irrigação.
  • Um equipo.
  • Medicamento prescrito.
  • Fita hipoalergênica.
  • Três pacotes de gaze estéril.
  • Uma bomba de infusão.
  • Controlador ou bolsa de infusão sob pressão, conforme a indicação.

Geralmente, essa via é acessada durante uma emergência, o que interfere muito no preparo adequado do paciente para administração de medicamento. Contudo, a preparação é extremamente importante para o sucesso do procedimento.

         Procedimento:
  • Explicar o procedimento ao paciente.
  • Escolher o local mais apropriado para a introdução da agulha.
  • Para encontrar o segmento proximal da tíbia, medir 2,5 a 5,0 cm abaixo da tuberosidade tibial na superfície anteromedial.
  • Higienizar as mãos.
  • Colocar um campo estéril sobre o local.
  • Se o membro for utilizado para infusão, deve ser colocado em uma posição confortável. Se o paciente for uma criança, será necessário conter o membro.
  • Colocar as luvas estéreis e limpar vigorosamente a pele da região a ser puncionada com iodopovidona. Deixar a solução secar ao ar livre.

Introduzir a agulha cuidadosamente. Em algumas instituições, utiliza-se uma pistola de injeção óssea.

  • Calçar um novo par de luvas estéreis.
  • Caso tenha sido prescrito, anestesiar a pele com a lidocaína, injetando o anestésico sob o periósteo. Avançar rapidamente a agulha pela pele até chegar ao córtex ósseo. No caso de o paciente ser uma criança, angular a agulha afastando-a do espaço articular, para evitar perfuração da placa epifisária.
  • Introduzir a agulha ainda mais, até chegar à cavidade medular, mantendo pressão firme e um movimento de rotação ou helicoidal para baixo. É possível sentir a agulha passando pelo córtex ósseo e atingindo uma parte oca e macia (o osso esponjoso).
  • Quando se sente um estalo suave e redução da resistência, sabe-se que se terá chegado à medula óssea. Quando a agulha estiver introduzida no osso, permanecerá em posição re- tilínea sem sustentação.
  • Após atingir a medula óssea, retirar o obturador da agulha, conectar uma seringa de 5 ml e aspirar um pouco de medula óssea, para certificar-se de que a agulha está na posição correta.
  • Trocar a seringa por outra contendo soro fisiológico. A seguir, irrigar a cânula para retirar o sangue e as partículas ósseas.

Se a agulha estiver posicionada adequadamente, não haverá sensação de resistência durante a irrigação.

  • Retirar a seringa e conectar o equipo.
  • Fazer uma nova limpeza da região.
  • Se o paciente estiver consciente, atenuar a dor durante a infusão inicial retirando 2 a 5 ml de medula óssea e, em seguida, injetando lentamente 2 a 5 ml de lidocaína a 1% durante 60 segundos.
  • Caso a primeira tentativa de introduzir uma agulha intraóssea não tenha obtido sucesso, usar outro osso na tentativa subsequente. Assim, evita-se que o líquido infundido extravase pelo local da primeira punção.

Neste capítulo, foram descritas técnicas de administração de medicamentos específicas e utilizadas por profissionais autorizados e treinados enfermeiros e médicos. Cabe aos técnicos e auxiliares de enfermagem auxiliar durante o procedimento, fornecendo materiais necessários e posicionando o paciente, entre outras atividades. Para isso, necessitam conhecer a técnica a ser executada, assim como os materiais utilizados.

REFERÊNCIAS:

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