A complexidade do trabalho do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde

Atualizado em 16/01/2022 às 09:05

A enfermagem é uma prática profissional socialmente relevante, historicamente determinada e faz parte de um processo coletivo de trabalho com a finalidade de produzir ações de saúde por meio de um saber específico, articulado com os demais membros da equipe no contexto político social do setor saúde.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção e caracteriza-se por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Destaca-se que o Ministério da Saúde (MS) na Portaria que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) considera equivalentes os termos ”Atenção Básica (AB)”, “Estratégia de Saúde da Família (ESF)” e “Atenção Primária à Saúde (APS)”, utilizados no Brasil. 

A atuação do enfermeiro na APS no Brasil vem se constituindo como um instrumento de mudanças nas práticas de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), respondendo a proposta do novo modelo assistencial que não está centrado na clínica e na cura, mas sobretudo, na integralidade do cuidado, na intervenção frente aos fatores de risco, na prevenção de doenças e na promoção da saúde e da qualidade de vida.

De acordo com Matumoto, compreende-se a prática do enfermeiro na APS brasileira como prática social, isto é, aquela realizada a partir das necessidades sociais de saúde que se dão em um momento histórico; se constitui e se transforma na dinâmica das relações com outras práticas sociais que compõem o cenário do SUS.

O enfermeiro na APS tem a possibilidade de ampliar a sua autonomia por meio de uma prática clínica sustentada na perspectiva da integralidade e do cuidado às famílias e comunidades em todo o seu ciclo de vida. É necessária a organização dos enfermeiros que atuam na APS para estruturar e fortalecer uma proposta de carreira profissional, contribuindo para a consolidação de mudanças no modelo de assistência à saúde do SUS.

Dessa forma, os enfermeiros que optarem por atuar na dimensão da “produção do cuidado e gestão do processo terapêutico” poderão dedicar um tempo maior para
essa atividade e realizar a atenção integral ao usuário de forma mais qualificada acompanhando-os em todo o ciclo vital com ações de prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, fornecendo sentido à relação dos serviços de saúde com os indivíduos da comunidade, bem como contribuindo com a cobertura e o acesso universal à APS.

Referências

Ferreira SRS, Périco LAD, Dias VRGF. The complexity of the work of nurses in Primary Health Care. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Supl 1):704-9. [Issue Edition: Contributions and challenges of practices in collective health nursing] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0471

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