O documentário “A revolução do cuidado: as contribuições de enfermeiras obstétricas e obstetrizes em três décadas”, lançado nesta quinta-feira (16/3) em seminário, está disponível online. Este documentário descreve os desafios e as conquistas na área da atenção obstétrica entre as décadas de 1990 e 2020. A partir da visão e da atuação de enfermeiras obstétricas e obstetrizes, o material apresenta algumas das principais mudanças registradas no período, lançando ainda um olhar para o futuro.
O vídeo foi produzido pelo “Projeto Enlace — Reconhecer e Fortalecer Enfermeiras(os) Obstétricas(os) e Obstetrizes”, uma iniciativa do UNFPA e da Fundação Johnson & Johnson.
O UNFPA estima que o investimento em profissionais de Enfermagem obstétrica tem o potencial de salvar 4,3 milhões de vidas no mundo, a cada ano, até 2035.
“A gente não assiste só o parto, a gente acompanha o trabalho de parto, sendo muitas vezes onde as complicações acontecem”, explica a enfermeira obstétrica Tatiana Melo, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) no documentário.
Com taxa de mortalidade materna 10x maior que os países europeus, o Brasil ainda tem muito a avançar. A redução, que já era lenta e insuficiente, foi interrompida pela pandemia de covid-19 em 2020.
Por outro lado, a ampliação do acesso ao pré-natal e redução de intervenções contraindicadas, como episiotomia e manobra de Kristeller, são uma conquista das últimas décadas.
Cofundadora da Abenfo, Marilanda Lima conta que se indignou muito com a forma violenta como as mulheres eram tratadas na maternidade. “Eu ainda estou bastante impactada, achando que estou no futuro. Coisas que pensamos naquela época, que estão agora acontecendo”.
A presença da enfermeira obstétrica
A presença da enfermeira obstétrica reduz a probabilidade de intervenções desnecessárias e aumenta a satisfação das mulheres com a experiência de gestar e parir.
“Ao se identificar, a gente tem que colocar a profissão à frente. Na minha bata, no meu crachá sempre o nome Enfermeira Obstetra, vem acima do meu nome pessoal”.
Enfermeira Obstetra Tatiana Maria Melo Guimarães
“Tem que acompanhar os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a temperatura, mas deixar o parto evoluir e a mulher livre para deambular, se alimentar levemente, tomar banho morno, receber massagens, ter o acompanhante do lado dela”, afirma a pesquisadora Maria do Carmo (Fiocruz).
“As pessoas que cuidam da gestação e do parto deveriam pensar que o resultado não acontece só ali, mas pode determinar o futuro daquela família. O que a gente faz tem impacto na vida das pessoas”, afirma Daphne Rattner, presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa).
“A Enfermagem obstétrica e a obstetrícia são fundamentais para a promoção da saúde reprodutiva e dos direitos reprodutivos no Brasil”, reforça a representante assistente do Fundo de População da ONU, Júnia Quiroga.
O documentário e o livro sobre a história da Enfermagem obstétrica, lançados hoje, integram o Projeto Enlace, que visa fortalecer a atuação da categoria na atenção ao parto e na garantia de direitos.
Fonte: Ascom – Cofen