Afastamentos do trabalho por transtornos mentais ultrapassam 8 mil em Mato Grosso do Sul em 2024

Última atualização: 10/03/2025

O impacto da saúde mental no ambiente de trabalho tem sido um tema de crescente preocupação nos últimos anos. Em Mato Grosso do Sul, dados oficiais do Ministério da Previdência Social revelam que, ao longo de 2024, mais de 8.500 afastamentos do trabalho foram registrados devido a transtornos mentais, como ansiedade, depressão e outros distúrbios psicológicos. Esses números demonstram não apenas um agravamento do quadro de adoecimento mental entre trabalhadores do estado, mas também apontam para um problema estrutural que se reflete em todo o Brasil.

O levantamento indica que a ansiedade é a principal causa de afastamentos, com 2.516 concessões ao longo do ano, seguida pela depressão, com 2.408 registros. Além desses transtornos, há registros significativos de licenças médicas concedidas para trabalhadores com transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência química, incluindo o vício em álcool e drogas ilícitas.

Fatores que contribuem para o aumento dos afastamentos

Especialistas em saúde mental destacam que o crescimento desses números não tem uma explicação única, mas resulta de uma série de fatores interligados. O período pós-pandemia ainda deixa marcas significativas na saúde psicológica da população. O luto vivido por muitas famílias que perderam entes queridos, a instabilidade econômica e a alta do custo de vida são apenas alguns dos elementos que pressionam os trabalhadores e contribuem para o adoecimento mental.

Entre os fatores apontados por psiquiatras e psicólogos estão:

  • O impacto emocional causado pela pandemia, que levou mais de 700 mil brasileiros a óbito;
  • O aumento da informalidade no mercado de trabalho, gerando maior insegurança financeira;
  • A alta nos preços dos alimentos, que acumulou um aumento de 55% entre 2020 e 2024;
  • O crescimento de ambientes de trabalho tóxicos, que elevam os níveis de estresse e ansiedade.

Outro dado relevante do levantamento mostra que as mulheres são a maioria entre os trabalhadores afastados por transtornos mentais, representando 64% dos casos. De acordo com especialistas, essa predominância pode estar relacionada à sobrecarga feminina, que combina jornada profissional com responsabilidades domésticas e familiares, além das dificuldades de ascensão no mercado de trabalho e da exposição a situações de violência de gênero.

Cenário nacional: uma crise de saúde mental

O problema não se restringe a Mato Grosso do Sul. Em nível nacional, o Brasil registrou 472.328 afastamentos do trabalho por transtornos mentais em 2024, o maior número da última década. O aumento de 68% em relação ao ano anterior acendeu um alerta para empresas e autoridades públicas sobre a necessidade de políticas mais efetivas para garantir a saúde mental dos trabalhadores.

Diante desse cenário preocupante, o governo federal anunciou mudanças nas normas de saúde ocupacional, incluindo uma atualização da Norma Regulamentadora NR-1, que trata das diretrizes para a segurança e bem-estar no ambiente de trabalho. A expectativa é que essas novas medidas incentivem práticas mais saudáveis nas empresas, reduzindo o impacto da crise de saúde mental entre os trabalhadores brasileiros.

Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram o maior número absoluto de afastamentos. No entanto, quando analisados proporcionalmente à população, o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul lideram os índices de licenças concedidas por transtornos psicológicos.

O que pode ser feito para reverter esse cenário?

Diante do crescimento alarmante desses números, especialistas apontam que é fundamental fortalecer as políticas de saúde mental, tanto no setor público quanto privado. Algumas ações recomendadas incluem:

  • Adoção de programas de apoio psicológico dentro das empresas;
  • Implementação de medidas para redução do estresse no trabalho, como flexibilização de jornada;
  • Maior acessibilidade a tratamentos psiquiátricos e psicológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
  • Campanhas de conscientização sobre a importância do bem-estar mental e emocional.

O alerta está lançado: a saúde mental precisa ser encarada com a mesma seriedade que qualquer outra questão de saúde pública. Sem ações efetivas para reverter esse quadro, a tendência é que os índices de afastamento continuem crescendo nos próximos anos, impactando não apenas a vida dos trabalhadores, mas também a produtividade das empresas e a economia como um todo. Ver Governo estabelece novas diretrizes para saúde mental no ambiente de trabalho.

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