Aumento dos casos de ansiedade entre crianças e adolescentes preocupa especialistas

Última atualização: 11/01/2025

A ansiedade entre crianças e adolescentes tornou-se uma preocupação crescente no cenário de saúde pública de Aracaju. Dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), vinculada ao SUS, revelam que, entre 2013 e 2023, a prevalência de transtornos de ansiedade entre jovens superou a observada em adultos. Em 2023, a taxa de atendimento de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos atingiu 125,8 casos a cada 100 mil atendimentos, enquanto, entre adultos com mais de 20 anos, essa taxa foi de 112 por 100 mil.

Impactos do uso excessivo de tecnologia

De acordo com Patrícia Barreto, psicóloga infantojuvenil da Rede de Apoio Psicossocial da Secretaria Municipal da Saúde de Aracaju, o aumento da ansiedade nos jovens está associado, em parte, ao uso excessivo de telas e à dependência da tecnologia. “O mundo virtual tem afastado as crianças do contato físico e do mundo real, impactando negativamente o desenvolvimento emocional, a performance escolar e a formação de vínculos sociais”, explicou Patrícia.

A especialista destacou que a exposição constante ao imediatismo das redes digitais dificulta a assimilação de sentimentos como frustração, essenciais para o crescimento emocional. “Crianças têm dificuldade em lidar com limites e tendem a viver no imediatismo, o que as torna mais propensas a desenvolver ansiedade e, em casos extremos, depressão.”

Automutilação e vazio existencial

A gravidade da situação é intensificada por relatos de automutilação e questionamentos existenciais entre crianças e adolescentes. “Há casos de crianças que expressam não entender o propósito de sua existência e que recorrem à automutilação como forma de aliviar a dor emocional”, lamentou a psicóloga. Esses sinais, segundo especialistas, devem ser interpretados como pedidos de ajuda e exigem uma resposta rápida e cuidadosa das famílias e profissionais de saúde.

O papel da família e da sociedade

Patrícia também chamou atenção para o papel das famílias no suporte emocional das crianças. Ela criticou a substituição do tempo de qualidade entre pais e filhos por compensações materiais. “A ausência de momentos simples, como um jantar em família ou um passeio no parque, deixa lacunas emocionais que podem levar ao desenvolvimento de transtornos mentais”, destacou.

Atendimento disponível em Aracaju

A Secretaria Municipal da Saúde oferece suporte psicológico em oito Unidades de Saúde da Família (USF) espalhadas pela cidade, incluindo as localizadas nos bairros Atalaia, Ponto Novo, Sol Nascente, e outros. A iniciativa busca ampliar o acesso ao atendimento e reduzir os impactos da ansiedade na juventude.

Especialistas reforçam que a sociedade como um todo deve atuar para reverter essa tendência, promovendo uma infância mais equilibrada, com menos dependência tecnológica e mais interação humana. Ver Ansiedade: Compreendendo e enfrentando a mente inquieta.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *