Última atualização: 05/01/2025
O Brasil apresenta uma taxa de 12% de nascimentos prematuros, colocando o país acima da média global de 10%. Essa diferença, aparentemente pequena, representa milhares de bebês nascendo antes das 37 semanas de gestação todos os anos. Enquanto nações como os Estados Unidos possuem índices próximos a 10%, e países europeus, como Suécia e Noruega, registram taxas ainda menores, em torno de 5 a 6%, o Brasil enfrenta desafios estruturais que refletem desigualdades sociais, acesso limitado à saúde e práticas obstétricas inadequadas. Ver Por que o Brasil está entre os Líderes em Nascimentos Prematuros?.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a prematuridade é a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos no mundo. Globalmente, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros a cada ano, sendo quase 1 milhão de mortes atribuídas a complicações associadas. Para enfrentar essa questão, a OMS propõe diretrizes baseadas em prevenção, cuidados especializados e monitoramento contínuo.
Comparando o Brasil com Outros Países
Desigualdades nos Indicadores de Prematuridade
- Europa Ocidental: Países como Noruega, Suécia e Finlândia registram taxas de prematuridade abaixo de 7%. Esses países oferecem assistência pré-natal universal de alta qualidade, com foco em educação materna e monitoramento rigoroso da saúde durante a gestação.
- Estados Unidos: Apesar de serem uma nação desenvolvida, os EUA possuem taxas de prematuridade em torno de 10%, influenciadas por disparidades socioeconômicas e acesso desigual aos serviços de saúde.
- África Subsaariana e Sul da Ásia: Registram as maiores taxas, acima de 15%, devido a desafios estruturais, como falta de acesso a serviços básicos de saúde e altas taxas de infecções maternas.
O Brasil, com 12%, encontra-se em um meio-termo. Embora o país tenha avançado na cobertura de pré-natal por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a qualidade e o acesso aos serviços variam significativamente entre regiões, contribuindo para taxas mais altas em áreas menos favorecidas, como o Norte e o Nordeste.
Recomendações da OMS para Reduzir a Prematuridade
A OMS enfatiza a importância de intervenções baseadas em evidências para prevenir e tratar a prematuridade. Entre as estratégias recomendadas estão:
- Acesso Universal ao Pré-Natal:
- Consultas regulares para identificar fatores de risco, como hipertensão e infecções.
- Uso de ultrassom para avaliar o comprimento do colo do útero, com intervenções como progesterona vaginal em casos de risco.
- Educação Materna:
- Programas que promovam hábitos saudáveis durante a gravidez, como dieta balanceada e abstinência de álcool e tabaco.
- Cuidados Neonatais Avançados:
- Ampliação de unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN).
- Implementação de práticas como o método canguru, que melhora a sobrevivência e o desenvolvimento dos prematuros.
- Planejamento Familiar:
- Acesso a métodos contraceptivos para reduzir gestações não planejadas, principalmente entre adolescentes.
Políticas Brasileiras Alinhadas às Diretrizes da OMS
O Ministério da Saúde brasileiro segue as recomendações da OMS por meio de iniciativas como o Programa Rede Cegonha, que busca garantir:
- Atendimento humanizado durante o pré-natal, parto e pós-parto.
- Transporte seguro para parturientes em regiões afastadas.
- Acompanhamento contínuo do bebê após o nascimento.
No entanto, as taxas elevadas de cesarianas no Brasil, que representam cerca de 60% dos partos, contrastam com as recomendações da OMS, que indica que apenas 10 a 15% dos partos deveriam ser cirúrgicos. Cesarianas realizadas sem necessidade médica aumentam o risco de prematuridade, já que muitos bebês são retirados antes do tempo adequado devido a erros de cálculo gestacional.
O Que o Brasil Precisa Fazer para Reduzir as Taxas?
Apesar de avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios para alcançar os padrões internacionais. Algumas medidas prioritárias incluem:
1. Melhorar a Qualidade do Pré-Natal
Embora a cobertura pré-natal tenha crescido, é necessário garantir consultas de alta qualidade, com:
- Diagnóstico e tratamento precoce de infecções.
- Monitoramento rigoroso de condições como hipertensão e diabetes gestacional.
2. Reduzir as Cesarianas Eletivas
Promover campanhas educativas para profissionais de saúde e gestantes sobre os riscos associados a cesarianas desnecessárias e incentivar o parto normal.
3. Ampliar o Método Canguru
Expandir a prática nas UTINs e hospitais públicos, uma vez que a técnica é eficaz na melhora da sobrevivência e no vínculo entre mães e prematuros.
4. Investir em Educação e Planejamento Familiar
Campanhas de conscientização para adolescentes e mulheres em idade fértil sobre a importância do planejamento familiar podem reduzir gestações precoces e de alto risco.
5. Fortalecer Políticas Regionais
Aprimorar a assistência nas regiões Norte e Nordeste, onde os índices de prematuridade são mais altos, com investimento em infraestrutura e capacitação profissional.
O Papel da Enfermagem e da Sociedade na redução da prematuridade no Brasil
A redução da prematuridade no Brasil é uma responsabilidade compartilhada entre gestores, profissionais de saúde e a sociedade. Enfermeiros, em especial, desempenham um papel fundamental ao oferecer cuidados humanizados, realizar ações educativas e monitorar gestantes de alto risco.
Alinhar-se às recomendações da OMS e implementar políticas públicas efetivas pode não apenas reduzir a taxa de prematuridade no Brasil, mas também garantir um futuro mais saudável para milhares de crianças. A prematuridade não é uma sentença, e cada esforço na prevenção e cuidado faz a diferença.