Última atualização: 05/01/2025
A prematuridade no Brasil é um problema que demanda ações coordenadas entre gestores de saúde, profissionais e a sociedade. Com educação, acesso a cuidados de qualidade e intervenções precoces, é possível reduzir as taxas de nascimentos prematuros e oferecer melhores prognósticos para milhares de bebês e suas famílias.
Taxa de Nascimentos Prematuros no Brasil: Uma Realidade Acima da Média Global
A prematuridade é uma preocupação global de saúde pública, mas no Brasil, os números são ainda mais alarmantes. Cerca de 12% dos nascimentos no país ocorrem antes das 37 semanas de gestação, enquanto a média global é de 10%. Este índice coloca o Brasil entre os dez países com maior número de bebês prematuros, um desafio que exige atenção multidisciplinar e estratégias eficazes de prevenção.
O Que é a Prematuridade e Por Que Ela Ocorre?
A gestação humana normalmente dura 40 semanas, sendo considerada “a termo” entre 37 e 42 semanas. No entanto, partos prematuros, definidos como aqueles que ocorrem antes da 37ª semana, podem trazer riscos significativos à saúde dos recém-nascidos.
Os principais fatores associados à prematuridade incluem:
- Condições Maternas:
- Hipertensão arterial na gravidez, responsável por 25% dos casos de partos prematuros.
- Infecções urinárias e doenças sexualmente transmissíveis não tratadas.
- Gestação na adolescência ou em idades avançadas.
- Condições Socioeconômicas:
- Acesso limitado a cuidados pré-natais de qualidade.
- Baixo nível de escolaridade e falta de planejamento familiar.
- Hábitos de Vida:
- Uso de álcool, tabaco e drogas durante a gravidez.
- Nutrição inadequada da gestante.
- Práticas Médicas Inadequadas:
- Altas taxas de cesarianas eletivas no Brasil, que em 2023 representaram quase 60% dos partos.
Principais Complicações da Prematuridade
Bebês prematuros enfrentam um risco elevado de complicações de saúde, como:
- Problemas respiratórios devido à imaturidade pulmonar.
- Atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor.
- Paralisia cerebral e outras deficiências motoras e cognitivas.
- Maior vulnerabilidade a infecções.
Recém-nascidos que chegam ao mundo antes das 25 semanas apresentam taxas de mortalidade entre 30% e 45%, e apenas 50% sobrevivem sem sequelas.
Como Reduzir a Prematuridade no Brasil
A prematuridade não é inevitável, e medidas preventivas podem fazer uma diferença significativa. A obstetra Joeline Cerqueira, da Comissão de Assistência Pré-Natal da Febrasgo, destaca que o acompanhamento pré-natal precoce e de qualidade é fundamental. Entre as estratégias eficazes estão:
- Prevenção e Tratamento de Doenças:
- Diagnóstico e tratamento de infecções urinárias e sexualmente transmissíveis.
- Uso de progesterona vaginal para gestantes com colo do útero curto, identificado por ultrassom morfológico.
- Promoção de Hábitos Saudáveis:
- Orientação nutricional para gestantes.
- Acompanhamento psicológico para reduzir o estresse.
- Educação e Planejamento Familiar:
- Campanhas educativas sobre os riscos da gravidez precoce.
- Acesso facilitado a métodos contraceptivos.
- Controle das Cesarianas Eletivas:
- Adesão às recomendações do Conselho Federal de Medicina, que permite agendamentos apenas após 39 semanas.
O Papel do Enfermeiro no Cuidado com Prematuros
Profissionais de enfermagem desempenham um papel vital no manejo de recém-nascidos prematuros. Entre as responsabilidades estão:
- Monitoramento rigoroso em unidades neonatais, garantindo suporte respiratório e controle de infecções.
- Implementação do método canguru, que promove o contato pele a pele e fortalece o vínculo entre mãe e bebê.
- Educação e apoio às famílias para cuidados domiciliares após a alta.
Além disso, o enfermeiro deve atuar como um educador, orientando gestantes sobre a importância do pré-natal e sobre sinais de alerta, como dores abdominais incomuns ou aumento na frequência urinária. Ver Amniorrexe Prematura.