Última atualização: 17/02/2025
A onda de calor extremo que assola o Rio de Janeiro vem trazendo não apenas desconforto físico, mas também efeitos significativos na saúde mental da população. Temperaturas recordes estão alterando a rotina dos cariocas e contribuindo para o aumento de casos de ansiedade, estresse e depressão. Especialistas apontam que a exposição prolongada a temperaturas elevadas pode provocar uma série de reações fisiológicas que intensificam sintomas de sofrimento emocional. Com o calor excessivo dificultando atividades diárias e prejudicando o sono, muitas pessoas estão relatando um agravamento em seu bem-estar psicológico, evidenciando uma relação direta entre o clima e a saúde mental.
Temperaturas recordes e seus impactos diretos
Nesta segunda-feira (17), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou impressionantes 41,3°C na estação da Marambaia, caracterizando o dia mais quente do verão de 2025 no Rio de Janeiro. A sensação térmica chegou a 42°C, levando a cidade ao nível 4 de alerta para temperaturas extremas, um patamar inédito na escala que vai até 5. O calor escaldante não só impede a população de realizar atividades cotidianas, como também afeta diretamente a saúde emocional.
Depoimentos de moradores afetados
Moradores relatam dificuldades crescentes para lidar com o calor e seus impactos psicológicos. A comerciante Márcia Magalhães, de 54 anos, moradora de Irajá, revela que as altas temperaturas alteraram sua rotina e aumentaram sua ansiedade. “Sempre gostei de fazer caminhadas matinais antes do trabalho, mas nos últimos meses isso se tornou impossível. O calor já é insuportável logo cedo, e percebi um aumento significativo na minha ansiedade e estresse“, desabafa.
Já o motorista Roberto Freitas, de 60 anos, também morador de Irajá, compartilha outra preocupação: “Sou hipertenso e o médico disse que minha pressão aumentou por causa da ansiedade. O calor torna impossível dormir bem, e sem um ar-condicionado, as noites têm sido difíceis“.
Especialistas explicam a relação entre calor e saúde mental
O psicólogo Vitor Friary explica que o calor excessivo desencadeia uma resposta fisiológica de estresse no corpo, ativando o sistema nervoso simpático, o que resulta em aumento da frequência cardíaca e suor excessivo. “Esses sintomas físicos são muitas vezes interpretados como ameaçadores, o que pode gerar uma espiral de pensamentos ansiosos e desconforto emocional”, analisa.
O especialista destaca ainda que noites mal dormidas devido ao calor intenso impactam diretamente o humor e aumentam os níveis de irritabilidade. “Sem um sono reparador, as pessoas acordam mais cansadas, sem energia para enfrentar as tarefas do dia, criando um ciclo de cansaço e desânimo“, complementa.
Ações governamentais para mitigar os efeitos do calor
Diante desse cenário alarmante, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou uma série de medidas para minimizar os impactos do calor na população. Entre elas, está a abertura de 58 pontos de resfriamento, a distribuição de água em áreas públicas e a recomendação para que trabalhadores expostos ao sol façam pausas para hidratação. Além disso, a rede de saúde municipal foi reforçada para atender possíveis complicações relacionadas às altas temperaturas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta para a necessidade de os governos considerarem o bem-estar emocional em seus planos de ação climática. Especialistas ressaltam que, além das ações emergenciais, é necessário criar estratégias de longo prazo para adaptar as cidades aos eventos climáticos extremos, protegendo tanto a saúde física quanto a mental dos moradores. Veja também Estudo revela: café pode ser chave na prevenção de doenças cardíacas e diabetes.