Caso do bolo envenenado: suspeita de crime é encontrada morta em presídio no RS

Última atualização: 13/02/2025

A investigação sobre um dos casos mais chocantes de envenenamento no Rio Grande do Sul ganhou um novo desdobramento com a morte de Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de assassinar três pessoas da família do marido por meio da ingestão de um bolo contaminado com arsênio. Deise foi encontrada sem vida dentro da cela que ocupava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã desta quinta-feira (13). A Polícia Penal informou que a suspeita foi descoberta já sem sinais vitais durante a rotina de inspeção matinal dos agentes penitenciários.

De acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a causa preliminar da morte foi classificada como asfixia mecânica autoinfligida, indicando um possível suicídio. As autoridades, no entanto, abriram uma investigação para esclarecer as circunstâncias do ocorrido e se há indícios de negligência ou de outras motivações envolvidas.

Relembre o caso do bolo envenenado

O crime que levou à prisão de Deise aconteceu em dezembro do ano passado, quando sete membros de uma mesma família se reuniram para um café da tarde em Torres, no Litoral Norte do estado. Durante a confraternização, alguns dos presentes começaram a passar mal logo após consumirem um bolo de frutas cristalizadas. Três mulheres não resistiram e faleceram em poucas horas: Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva sofreram paradas cardiorrespiratórias, enquanto Neuza Denize Silva dos Anjos morreu em decorrência de choque pós-intoxicação alimentar.

Uma das vítimas, Zeli dos Anjos, sogra de Deise, chegou a ser hospitalizada, mas sobreviveu. Segundo a investigação, ela teria sido o alvo principal do suposto crime. Uma criança de 10 anos também ingeriu o bolo, mas se recuperou após atendimento médico.

Investigação apontou envenenamento com arsênio

A perícia realizada nos alimentos consumidos pela família confirmou a presença de arsênio, uma substância altamente tóxica. A suspeita inicial era de que o veneno havia sido misturado diretamente na farinha usada para preparar o bolo, mas a polícia ampliou a investigação para outros casos suspeitos.

O episódio levou os investigadores a reabrirem a apuração sobre a morte do sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, ocorrida meses antes. O homem faleceu em setembro, depois de consumir bananas e leite em pó levados à sua casa pela nora. Após a exumação do corpo, exames confirmaram que ele também havia ingerido arsênio antes de morrer.

Transferência e vigilância na prisão

Presidente sob a acusação de homicídio, Deise foi inicialmente detida no Presídio Estadual Feminino de Torres, mas, após a prorrogação da prisão pela Justiça, foi transferida para a unidade de Guaíba no dia 6 de fevereiro. A mudança foi motivada por questões de segurança, já que o caso ganhou grande repercussão e ela passou a ser alvo de ameaças dentro do sistema carcerário.

Dentro do presídio, Deise recebeu ao menos três atendimentos psicológicos e dois atendimentos médicos desde sua chegada, conforme informou a Polícia Penal. A administração penitenciária afirmou que há inspeções diárias e monitoramento constante das detentas.

Recado antes da morte e alerta ignorado

Poucas horas antes de ser encontrada morta, Deise teria escrito um recado em sua cela, um “desabafo” onde afirmava ser inocente e mencionava estar em sofrimento profundo. A informação foi revelada pelo chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.

Além disso, um alerta sobre o risco de suicídio de Deise foi feito à administração prisional um dia antes do ocorrido. Um advogado da família do marido da suspeita foi ao presídio para informar que o homem havia decidido formalizar o divórcio, e, desde então, ela teria demonstrado sinais de instabilidade emocional. Apesar do alerta, as medidas de proteção não foram reforçadas.

Abertura de investigação sobre a morte

A Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) foram acionados para investigar as circunstâncias da morte dentro da unidade prisional. O laudo oficial será essencial para esclarecer se realmente se trata de suicídio ou se há outra hipótese envolvida no caso.

Enquanto isso, a família das vítimas segue acompanhando o desdobramento das investigações, ainda buscando justiça pelas mortes causadas pelo envenenamento. Ver O Caso do Bolo envenenado que chocou o Brasil.

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