Cirurgia de catarata: a mais procurada no SUS e o desafio da longa espera

Última atualização: 19/03/2025

A cirurgia de catarata, essencial para a recuperação da visão de milhares de brasileiros, é atualmente o procedimento mais requisitado no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, pacientes enfrentam um longo período de espera, que pode chegar a 137 dias em média para a realização do procedimento. Em alguns casos, essa espera pode ser ainda maior, ultrapassando 600 dias em determinados estados. O tempo de espera reflete os desafios estruturais do sistema de saúde pública, como a falta de profissionais especializados, equipamentos insuficientes e alta demanda reprimida.

Demanda crescente e impacto na qualidade de vida

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em janeiro deste ano, mais de 600 mil pessoas aguardavam uma cirurgia eletiva no país, incluindo a de catarata. Essa condição ocular, que afeta principalmente idosos, compromete progressivamente a visão, impactando a autonomia dos pacientes e aumentando os riscos de acidentes domésticos e dificuldades na locomoção.

A fila de espera se agravou ainda mais após a pandemia de Covid-19, quando muitos procedimentos foram suspensos, ampliando a demanda acumulada.

Disparidades regionais no tempo de espera

Os tempos médios de espera para a cirurgia de catarata variam consideravelmente entre os estados. Tocantins registrou a maior demora em 2024, com 1.408 solicitações e tempo médio de 137 dias até a realização da cirurgia. O Amazonas aparece em segundo lugar, com uma espera média de 104 dias.

No entanto, há estados em que o tempo de espera é significativamente menor, com média de 45 dias em algumas regiões. Essa desigualdade se deve a fatores como a infraestrutura hospitalar disponível, investimentos estaduais e a capacidade de atendimento dos profissionais da área oftalmológica.

O governo federal tem buscado alternativas para minimizar a demora nos atendimentos. Uma das medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde foi o lançamento de um mutirão nacional de cirurgias eletivas, previsto para iniciar em março deste ano. A iniciativa faz parte do Programa Mais Acesso a Especialistas, que visa agilizar consultas e cirurgias nas áreas mais demandadas, como oftalmologia, cardiologia e ortopedia. Em 2024, o SUS registrou um recorde de cirurgias eletivas, com mais de 14 milhões de procedimentos realizados, um aumento de 37% em relação ao ano anterior.

Desafios estruturais e perspectivas futuras

Apesar dos esforços, especialistas apontam que ainda há desafios significativos a serem superados. A falta de integração entre os sistemas estaduais e municipais de regulação, que muitas vezes não compartilham informações com o banco de dados do Ministério da Saúde, prejudica um diagnóstico preciso do problema. Além disso, há a necessidade de investimentos contínuos na formação de novos oftalmologistas, ampliação de unidades especializadas e modernização de equipamentos.

A cirurgia de catarata, que pode ser realizada de forma relativamente rápida e com alta taxa de sucesso, é um dos procedimentos que mais transformam a qualidade de vida dos pacientes. Reduzir o tempo de espera é essencial para garantir que mais brasileiros possam recuperar a visão e viver com mais independência e dignidade. Veja também Superlotação no Hospital Municipal de Passo Fundo preocupa autoridades e população.

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