Última atualização: 11/12/2024
O incidente ocorrido no Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), em Goiânia, envolvendo a prisão de profissionais de saúde, gerou debates que vão além das acusações de abuso de autoridade e resistência. O caso expõe a necessidade urgente de compreensão e respeito ao protocolo de Classificação de Risco, um pilar essencial para a segurança e eficiência no atendimento médico.
O que é a Classificação de Risco?
A Classificação de Risco é uma metodologia utilizada para priorizar o atendimento em unidades de saúde com base na gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente. No Brasil, o protocolo de Manchester é amplamente adotado, categorizando os casos com pulseiras de diferentes cores que indicam o nível de urgência:
- Vermelho: emergência, atendimento imediato.
- Laranja (muito urgente): Atendimento em até 10 minutos. Inclui casos como dor torácica intensa ou sinais de AVC.
- Amarelo: urgência, atendimento prioritário, mas pode aguardar alguns minutos.
- Verde: casos menos graves, que podem esperar sem comprometer a saúde.
- Azul: situações não urgentes, geralmente encaminhadas para outras unidades.
Este sistema é fundamental para organizar o fluxo de atendimento, garantindo que os recursos limitados sejam direcionados a quem mais necessita. Aprenda mais sobre o Protocolo de Manchester.
O caso no HMMCC
No caso do HMMCC, a gestante foi classificada como verde, indicando que sua condição não era emergencial no momento do atendimento. Após avaliação médica e exames, foi orientada a retornar para casa com informações sobre sinais de alerta.
Porém, o descontentamento do companheiro da paciente levou à intervenção de contatos políticos e à chegada da Polícia Militar, que exigiu que os profissionais priorizassem o atendimento da gestante. Essa exigência contradizia os protocolos e poderia comprometer a integridade do sistema de triagem, que busca proteger vidas com base em critérios médicos e não em pressões externas.
A importância de respeitar os protocolos
A falta de compreensão e respeito à Classificação de Risco pode colocar em risco não apenas o paciente que exige prioridade, mas também aqueles em situações mais graves que poderiam ter seu atendimento atrasado.
“O protocolo de Manchester foi desenvolvido para salvar vidas e organizar o atendimento de forma ética e eficiente. Desconsiderá-lo compromete todo o sistema e pode causar danos irreparáveis”, explicou um representante do Coren-GO em nota.
Além disso, os profissionais de saúde que seguem os protocolos não estão apenas cumprindo seu dever, mas protegendo pacientes e a si mesmos de decisões que poderiam ser consideradas negligentes ou imprudentes.
Reflexões a partir do caso
O episódio no HMMCC escancara a necessidade de maior educação da sociedade sobre o funcionamento dos serviços de saúde e o papel crucial da triagem. Pressões políticas ou sociais para romper com os critérios técnicos prejudicam o ambiente hospitalar e abrem precedentes perigosos para a saúde pública.
“Quando respeitamos a Classificação de Risco, estamos garantindo que cada paciente receba o atendimento necessário, no tempo certo. Não é um sistema arbitrário, mas baseado em ciência e ética médica”, reforçou a presidente do Coren-GO, Thaís Luane.
A defesa dos profissionais de saúde
Tanto o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) quanto o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) destacaram que os profissionais do HMMCC agiram dentro dos padrões exigidos e que não houve omissão de socorro. As entidades reforçaram a importância de proteger os trabalhadores que seguem os protocolos e respeitam a integridade do sistema de saúde.
Um aprendizado para todos
Este caso deve servir como um alerta para a sociedade sobre a importância de confiar nos critérios estabelecidos pelos profissionais de saúde. A triagem não é uma decisão arbitrária, mas sim uma ferramenta vital para garantir que o atendimento seja justo, seguro e eficiente.
Ao compreender e respeitar a Classificação de Risco, evitamos situações de conflito e contribuímos para que o sistema de saúde funcione em benefício de todos. Afinal, priorizar o atendimento com base na necessidade real é um ato de respeito à vida e à dignidade humana.
A lição deixada pelo episódio no HMMCC é clara: educação e respeito são tão importantes quanto recursos e infraestrutura para garantir um atendimento de qualidade e segurança em qualquer unidade de saúde.