Última atualização: 16/03/2025
A relação entre fé e saúde vem sendo tema de crescente interesse no meio médico e científico. Com o objetivo de aprofundar essa conexão, o Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou a criação da Comissão de Saúde e Espiritualidade. O grupo, formado por especialistas de diversas áreas, irá investigar como a espiritualidade pode influenciar tratamentos médicos e promover bem-estar físico e emocional. A iniciativa acompanha uma tendência já reconhecida por entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera a espiritualidade um fator relevante na recuperação dos pacientes.
Espiritualidade como aliada na recuperação
A ideia da comissão é trazer ao CFM estudos científicos que analisam a relação entre práticas espirituais e a saúde dos indivíduos. De acordo com Rosylane Rocha, coordenadora da comissão, pesquisas já demonstram que a espiritualidade pode impactar positivamente o bem-estar psicológico, social e biológico de pacientes.
“Nosso objetivo é fornecer embasamento teórico e prático para que os médicos saibam lidar com essa questão dentro da prática clínica”, explica Rocha. “A espiritualidade não se trata apenas de crença religiosa, mas de um conjunto de valores e práticas que influenciam a maneira como as pessoas lidam com doenças e desafios de saúde.”
O papel das preces e meditação no organismo
Um dos focos da comissão será analisar como práticas como oração e meditação impactam o organismo. Estudos já demonstram que, durante a prece, há liberação de neurotransmissores como serotonina e dopamina, substâncias associadas à sensação de bem-estar.
“Essa conexão entre mente e corpo não pode ser ignorada. Diversos trabalhos já indicam que pacientes que mantêm uma prática espiritual ativa apresentam menor incidência de depressão, ansiedade e até mesmo maior resposta a tratamentos”, afirma Rocha.
Pesquisa científica e neutralidade religiosa
Apesar da temática envolver espiritualidade, a comissão não terá viés religioso. A proposta é analisar o impacto dessas práticas dentro de uma perspectiva científica, sem privilegiar nenhuma crença específica.
“A espiritualidade pode se manifestar de várias formas, e o importante é entender como ela pode ser integrada ao cuidado médico sem interferências dogmáticas. Teremos médicos e pesquisadores de diferentes crenças participando das análises para garantir que a abordagem seja isenta e baseada em evidências”, reforça a coordenadora.
Um novo olhar para a medicina
A criação da Comissão de Saúde e Espiritualidade reflete um movimento mais amplo na medicina, que busca humanizar os tratamentos e considerar aspectos além da biologia pura. Pacientes que encontram conforto em sua fé ou espiritualidade tendem a encarar o processo de recuperação de maneira mais positiva, o que pode contribuir para melhores desfechos clínicos.
A expectativa do CFM é que os estudos desenvolvidos pela comissão possam embasar novas diretrizes para o atendimento médico no Brasil, garantindo que a espiritualidade seja reconhecida como um fator complementar no cuidado à saúde. Ver também Médico que realizou hidrolipo fatal tem CRM suspenso por seis meses.