Médico que realizou hidrolipo fatal tem CRM suspenso por seis meses

Última atualização: 13/03/2025

A Justiça e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) tomaram medidas enérgicas contra o médico Josias Caetano dos Santos, que teve sua licença profissional suspensa após um procedimento estético resultar na morte da paciente Paloma Lopes Alves, de 31 anos. A cirurgia, realizada em novembro do ano passado em uma clínica na zona leste de São Paulo, culminou em complicações graves que levaram a vítima a óbito. A interdição do médico foi determinada de maneira cautelar e poderá ser prorrogada por mais seis meses, somando até um ano de afastamento, conforme decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Decisão do Cremesp e investigação em andamento

O Cremesp justificou a suspensão alegando a necessidade de proteger outros pacientes enquanto as investigações continuam. O órgão ressaltou que o caso ainda está sob sigilo e pode levar a sanções disciplinares mais severas caso sejam comprovadas negligência ou irregularidades na conduta do médico.

Além disso, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou a prisão preventiva de Josias e de três funcionários da clínica onde o procedimento foi realizado. A decisão judicial enfatizou que os acusados “assumiram o risco de matar” ao realizarem a hidrolipo sem seguir protocolos essenciais de segurança e saúde.

Fatalidade na clínica Maná Day

A morte de Paloma aconteceu em 26 de novembro de 2024, quando a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória logo após o início do procedimento. De acordo com o boletim de ocorrência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e a paciente foi encaminhada ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde chegou sem vida. O laudo preliminar apontou embolia pulmonar como causa provável do óbito.

Outro fator que agravou a situação foi o fato de a clínica Maná Day operar sem licença da Vigilância Sanitária. Autoridades sanitárias constataram que o local não possuía autorização para funcionamento e sequer tinha registro para realização de procedimentos invasivos. Diante das irregularidades, o estabelecimento foi interditado.

A Polícia Civil concluiu as investigações e encaminhou o inquérito à Justiça. Durante as diligências, uma das proprietárias da clínica foi presa em Guarulhos no dia 17 de janeiro, enquanto Josias Caetano e os demais funcionários seguem foragidos. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que continua em busca dos acusados.

O perigo da hidrolipo em clínicas clandestinas

A hidrolipo, ou lipoaspiração tumescente, é um procedimento estético que visa a remoção de gordura localizada, sendo indicado para pessoas próximas ao peso ideal. No entanto, especialistas alertam que a realização desse tipo de cirurgia em locais sem infraestrutura adequada pode acarretar riscos fatais.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) reforça que qualquer tipo de lipoaspiração deve ser realizado em ambientes hospitalares que possuam suporte para emergências médicas.

Repercussão e alerta para pacientes

A tragédia reacendeu o debate sobre a regulamentação e fiscalização de clínicas que oferecem cirurgias estéticas no Brasil. Profissionais da área médica e autoridades alertam para a importância de verificar as credenciais dos médicos e a legalidade dos estabelecimentos antes de se submeter a qualquer intervenção cirúrgica. O caso de Paloma Lopes Alves destaca os perigos de procedimentos realizados por profissionais sem a devida qualificação e em ambientes sem suporte adequado, colocando em risco a vida dos pacientes. Veja também A descoberta dos Microrganismos: Como o Século XVII Revolucionou a Medicina.

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